Resumo Do Livro Fundamentos da Fé
Cristã 07
Um manual de Teologia ao
alcance de todos.
James Montgomery Boice.
AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA
Sempre que a gente começa a
falar de pecado, nós nos defrontamos com dois problemas: primeiro: o
desconforto que esse tema provoca; segundo: o desejo de nos enxergarmos de uma
forma melhor do que a Bíblia usa para retratar o pecador, o que nos leva de
imediato a procurar caminhos para nos desculparmos e para justificar nossas condutas.
Costumamos a dizer: “Você
não tem o direito de dizer isso de mim”, ou “isso não é culpa minha”. E o pior
é que muitas pessoas nunca admitem que estão erradas em relação a alguma coisa.
Sem consciência de nosso orgulho, nunca O reconheceremos em Sua grandeza, nem
chegaremos até Ele para obter a cura que precisamos.
O mesmo nos acontece com a
vida espiritual. Quando estamos bem, nunca aceitamos a cura de Deus; achamos que não precisamos dela. Contudo, se
pela graça de Deus tomamos consciência de nossa enfermidade, então conseguimos
compreender o significado da obra de Cristo em nosso favor, recebê-lo como
nosso Salvador e ser transformados por Ele.
Vejamos doravante a
extensão do pecado. Para compreendermos ao pecado, devemos estar alertas contra
dois tipos de argumentação. A extensão do pecado, ou então, sabermos quanto o
pecado é realmente nocivo a quem é afetado por ele.
Nem sempre achamos tão
trágico assim a referência que os profetas há quase 2000 anos antes de Jesus
faziam referindo-se ao pecado como algo assim tão tenebroso. O mundo antigo era
repleto de guerras, doenças e muitas formas de privação econômica.
Não somos perfeitos, porém
tentamos aproximarmos o máximo da
perfeição.
A Bíblia se nos apresenta
que o nosso estado é desesperador, e podemos constatar isso. A Bíblia nos diz
que “a morte é o pior inimigo a ser vencido”. Devemos escapar dela, se temos a
convicção de que a imortalidade é o nosso destino por direito.
Existem três afirmativas em
relação ao homem, conforme a Bíblia nos mostra: O homem vai bem, o homem está
enfermo, e o homem está morto. Há variações nas duas primeiras visões. Os
otimistas afirmam em uníssono que o homem vai bem, todavia alguns admitem que
ele não está tão bem quanto poderia. E os estudiosos mais realistas divergem
sobre o assunto quanto a humanidade está enferma ou em terminal.
Os que sustentam a
primeira visão, a de que o homem vai bem, concordam que todo homem tem suas
carências, e, de que ele precisa de alguns exercícios físicos. Sempre ouvimos a
mesma resposta: “Comigo está tudo bem”!
Já os de segunda
visão, os que estão de acordo que a humanidade está enferma, mas a sua situação
não é tão desesperadora; com cuidados adequados, remédios, com o milagre da
medicina espiritual moderna (orações) e muita vontade de viver, quem sabe ele
sobreviva.
Na verdade o homem
está morto no que tange ao seu relacionamento com Deus. Ele está morto em suas
ofensas e pecados (Conf. Efésios 2:1).
Como vemos a morte
do espírito, da alma e do corpo?
Qual seria o grau do
nosso pecado? Consideremos algumas afirmativas do estudo anterior do livro 1.
Somos seres tricotômicos, da mesma forma da Trindade.
Assim como Deus
existe (sendo Ele mesmo) em três pessoas distintamente divinas: Deus Pai, Deus
Filho e Deus Espírito Santo, mesmo sendo Um; da mesma maneira, cada um de nós foi
criado com um corpo, uma alma e um espírito. Contudo somos uma só pessoa. O ser
humano que Deus criou era perfeito em seu espírito, sua alma e seu corpo, o
ápice da criação. (o mesmo homem, mas como um bebezinho, sem pecado, quando
nasce de sua mãe). No entanto, a Queda afetou cada parte de sua magnífica
natureza. De forma específica, o espírito do homem morreu porque seu
relacionamento com Deus foi interrompido; sua alma começou e logo morreu,
porque ele começou a mentir, a enganar e a matar; seu corpo, por fim, tornou-se
mortal, pois como Deus havia dito: “porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn
3:19).
No tocante ao
espírito, o resultado do pecado de Adão foi instantâneo e completo. Logo que o
espírito de Adão morreu, a comunhão com Deus foi cortada. Esse foi o primeiro
sintoma da morte espiritual que nos sobreveio com a conseqüência do pecado.
John Stott chama isso de “a mais apavorante de todas as conseqüências do
pecado”, pois ele afirma:
“O destino mais
elevado do homem é conhecer a Deus e manter um relacionamento pessoal com Ele.
O que torna o homem realmente mais admirável é ter sido feito e imagem de Deus
e ser capaz de conhecê-lo. Mas esse Deus que fomos designados a conhecer é um
Ser moral, e nós somos pecadores. Por causa disso, nossos pecados escondem a
Sua face de nós, assim como as nuvens encobrem o sol [...] Não temos mais
comunicação com Ele. Estamos mortos em ofensas e pecados que cometemos”. (Ef
2:1).
A alienação de Deus
é completa em seus efeitos. Ela nos arremessa num estado em que não é possível
encontrar o caminho de volta para o Pai, a não ser com a ajuda do Espírito
Santo. Paulo deixou bem claro isso em Romanos 3:10-12 “Não há um justo, nem um
sequer. Não há ninguém que entenda, não há ninguém que busque a Deus. Todos se
extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem
um só”.
É importante que a
gente entenda que cada um dos três elementos citados em Romanos 3:10-12 –
justiça, entendimento e busca – são definidos no relacionamento com Deus.
Contudo, não é isso que o texto de Romanos declara. Ele explica como Deus
enxerga a justiça. Dessa perspectiva, é verdadeiro que não há um justo, nem um
sequer.
O pecado nos afetou
também na área do intelecto: “Não há ninguém que entenda as palavras de Paulo
aos Romanos 3:10-12. Negam, que tenhamos entendimento das coisas espirituais,
sem a operação do Espírito de Deus, que é o único que nos dá entendimento.
Confiramos em 1 Coríntios 2:14 “ O homem natural não compreende as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente”.
A terceira área
afetada pela morte do espírito é a nossa vontade, “não há ninguém que busque a
Deus” que será discutida doravante. Só somos capazes de buscar ao Senhor pelo
Espírito Santo.
“Os homens desejam
um deus, uma divindade que seja feita por eles e que possa preencher o vazio de
sua vida. Porém, não querem o Deus verdadeiro, que se revela a nós pela Bíblia
e na pessoa de Cristo. Jesus declarou: “Ninguém pode vir à mim, se o Pai que me
enviou, o não trouxer”. (João 6: 44).
Há uma doença
conhecida como miastenia gravis,
na qual os músculos do corpo não podem reagir aos estímulos mandados
pelo cérebro. Numa pessoa normal, o cérebro ordena aos músculos que se
contraiam ao enviar impulsos elétricos através dos nervos para os músculos,
onde são recebidos por um aparato especial conhecido como placa motora final.
Nos que sofrem de miastenia gravis, as placas finais estão faltando.
Esta é uma analogia
do que aconteceu na personalidade humana por causa da morte do espírito. No ser
humano, o espírito deveria cumprir o papel da placa motora final. Ele deveria
receber os sinais enviados por Deus. No entanto, quando o homem pecou, seu
espírito (a placa) atrofiou e morreu. Por isso, ainda que os sinais estejam
lá, ainda que Deus esteja falando, o sinal não é recebido, e a vida espiritual
definida.
Neste caso o fato de
o músculo não poder receber os sinais do cérebro não significa que o músculo
falha em reagir o que o cérebro deseja. O músculo sofre porque seu estado
inativo se contrai e morre. A morte do espírito também afeta a alma, fazendo
com que os homens sejam corrompidos também nessa área.
A decadência pessoal
tem inevitavelmente complicações sociais. Portanto, uma conseqüência posterior
da Queda é o conflito. Será que o relacionamento entre Adão e Eva foi
harmonioso depois que ele tentou colocar a culpa na Esposa? Claro que não. Alí,
foi o começo de um conflito conjugal. Da mesma forma, o desejo de culpar os
outros, o egoísmo e a autopromoção produzem conflitos em indivíduos, grupos
sociais, instituições e países.
Quando Adão pecou, o
espírito morreu em um instante. Como resultado, toda a humanidade herdou uma
natureza pecaminosa. A alma começou a morrer. (Recordemos bem o que já foi
estudado, a alma é o mesmo que intelecto; ela é o nosso eu, o corpo, que vai
ressuscitar junto com o espírito, já que o corpo, carne e ossos, que veio do
pó, voltará ao pó). (Nota do Erleu Fernandes).
A morte
é universal, como afirma Paulo em (Rm 5:12). “A morte passou a todos os homens,
por isso que todos pecaram”.
FALEMOS
AGORA DO PECADO ORIGINAL
A
morte de um ser humano é triste e assombrosa, mas é só a metade do problema do
pecado. A extensão dele, assim como seus estágios, deve ser considerada.
Entretanto, a natureza humana é afetada pelo pecado porque foi contaminada pela
transgressão de Adão e Eva. Vejamos o que Paulo nos diz em Romanos 5:15,17-19
“Pela ofensa de um, morreram muitos [...]. Pela ofensa de um só, a morte
reinou. Por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens. Pela
desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores”.
“Todos
morreram em Adão” (1 Coríntios 15:22).
NT.
Observemos com isso, que cada criancinha quando nasce, sem entendimentos, já
nasce morta para os céus. (não estou aqui afirmando que ela não terá salvação).
“Todo aquele que crê e for batizado
será salvo”. (Tão pouco, estou aqui discordando do batismo em idade de criança,
feito pela Igreja Católica).
“Porque
todos pecaram e destinados estão da glória de Deus” (Romanos 3:23).
Estes
versículos, citados acima, eles se referem a algo mais do que pecado. Que todo
mundo peca, isso pode ser afirmado por qualquer pensador secular. Todavia, o
que cada pecador não alcança, e que a Bíblia afirma plenamente, é que existe um
vínculo entre todas as ocorrências de pecados individuais.
Em
outras palavras, o ponto não é que todos pecam e, portanto, são pecadores,
embora isso seja verdade. O pecado original de Adão e sua culpa são extensivos
à toda a humanidade. A visão bíblica afirma que Deus considerou todos culpados
por causa da transgressão de Adão. Essa doutrina tem sido rejeitada. Ela é
vista como indigna de Deus. Mas, antes de a doutrina do pecado original ser
rejeitada, temos de examinar se ela é verdadeira.
A
veracidade da origem do pecado como afirma o texto bíblico pode ser observada
na própria miséria humana e na morte. Podemos concordar que em muitos casos a
miséria é conseqüência direta do nosso pecado ou de nossas fraquezas. Por
exemplo, o fumante compulsivo não pode culpar ninguém pelo seu câncer de
pulmão, a não ser a si mesmo. O indivíduo que come muito deve ser o único
culpado de sua doença cardíaca.
Todavia,
não é apenas o fumante que tem câncer nem o glutão que tem doença cardíaca.
Mesmo aqueles que nada fazem para atrair
moléstias são afetados por elas. Crianças, e até bebês, contraem doenças
graves. Como as deficiências de nascença, o câncer em ressém-nascidos e outras
formas de sofrimentos em inocentes podem ser explicados, senão pelo que a
Bíblia diz sobre o pecado?
Em
toda história do pensamento, apenas duas teorias tentaram explicar o pecado. A
primeira é a da eternidade do mal. Ela afirma que o mal existe desde o começo
do mundo, assim como o bem existe desde o começo; portanto, a vida é
caracterizada pela mistura dos dois.
No
entanto, não é uma teoria aceitável porque simplesmente declara que o pecado e
o mal sempre existiram. Apesar de insatisfatória como a explicação da
realidade, ainda que seja uma posição filosófica, tenta conceituar o mal como
uma derivação ou corrupção do bem. Isso não explica o pecado.
Cada um deve
sofrer pelos seus próprios pecados, e não pelo dos outros.
Não há nenhuma resposta
para discussão sobre o pecado, exceto bíblica; o pecado é resultado do juízo de
Deus sobre o homem por causa da transgressão de Adão. De acordo com o plano
divino, Adão seria o representante da espécie humana. Ele estava diante de
Deus, por isso Paulo diz que, quando Adão caiu, nós também caímos, e fomos
atingidos, de forma inevitável, pelas conseqüências de sua desobediência.
CONDENAÇÃO E JUSTIFICAÇÃO
REPRESENTATIVA.
É aceitável que uma pessoa
possa seguir a vida cristã até este ponto, concordando que a doutrina do pecado
original é a única explicação viável para o pecado, mas ainda discordar de Deus
por Ele agir de maneira tão “injusta”. Mesmo que o texto bíblico seja
verdadeiro, não deveríamos detestar um Deus que é tão arbitrário ao ponto de
lançar o julgamento do pecado sobre todos por causa da transgressão de um só
homem?
Na verdade, amigos, o fato
de Adão ser o representante da espécie humana é uma prova da graça de Deus. Em
primeiro lugar, isso foi um exemplo de Sua graça sobre Adão.
Podemos entender que, da
mesma forma, a consciência do efeito do pecado sobre toda a humanidade teria
atuado como fator inibidor de Adão. Isso seria, um incentivo poderoso para o
bem, se Adão caiu, foi contrariando a graça de Deus sobre ele, e não como uma
reação justificada a um decreto arbitrário.
Ainda mais importante, a
natureza representativa do pecado de Adão é um exemplo da graça de Deus sobre
nós, porque a mesma representação é uma garantia de que Deus para salvar-nos.
Não foi assim que Paulo afirmou em Romanos 5:19? “Pela obediência de um só
homem, muitos foram feitos pecadores, assim, pela obediência de um, muitos
serão feitos justos”.
Se todos seres humanos
fossem como os anjos, que não tem família ou relacionamentos representativos, e
se fossem julgados como os anjos foram, quando caíram – de imediato, individualmente,
e por seus próprios pecados, que é como a maioria dos homens pensa que gostaria
de ser julgada - não haveria esperança
alguma de salvação, assim como não há esperança para os anjos caídos.
Todavia somos pessoas que
vivem em sociedade e porque Deus escolheu tratar conosco dessa forma, tanto no
que diz respeito a Adão e seu pecado como no que diz respeito a Jesus e Sua
justiça, a salvação é possível.
Em Jesus, aqueles que são
pecadores podem ser purificados. Nós, que morremos em ofensas e pecados, podemos reviver em espírito. As
bênçãos de salvação vem, não por lutarmos contra os caminhos de Deus ou por
odiarmos Ele, pelo que consideramos uma injustiça Sua, mas, ao contrário, por
aceitarmos o Seu veredicto sobre a nossa verdadeira natureza como seres caídos
é voltarmos para Cristo, em fé, para a salvação.
Encerramos esse aprendizado
sobre o pecado com uma versículo bem conhecido deixado por Jesus, para nós no evangelho de Marcos 16:6 “Quem crer e for
batizado será salvo, mas quem não crer (e não buscar o batismo) será condenado”
(com o pecado original e demais pecados).
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Espero em Deus, que este
ensinamento possa ter servido para te orientar melhor com respeito ao pecado
natural e o pecado original. Que Deus tome conta de sua vida na carne e no
espírito. E, que sua fé seja mais firme, e que sua confiança em Deus cresça
sempre mais e mais. Amem?
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Assunto para estudarmos no
campo da Teologia no próximo sábado:
– A ESCRAVIDÃO DA VONTADE –
Estudo Nº - 8
Amem?