Estudo do Livro Fundamentos da
Fé Cristã Nº 41
Um manual de Teologia ao alcance de todos.
Autor: James Montgomery Boice
Postado por: Erleu Fernandes da Cruz
Ainda no tema central: FÉ E ARREPENDIMENTO, estudaremos os 3
próximos sub-temas: A CIÊNCIA DA FÉ,
O AMOR E O COMPROMETIMENTO
e A FÉ DE ABRAÃO.
Calvino em ‘As Institutas’ diz; que a fé bíblica deve ser racional, e
não irracional, e que seu objetivo deve ser Cristo. Disse ainda que esse
racionalismo vem da Palavra de Deus, sustentando que a fé deve envolver certeza
na Palavra:
“Possuiremos uma definição correta de fé quando obtivermos certo
conhecimento da benevolência de Deus para conosco, fundamentada na verdade de
Sua promessa em Cristo, revelada a nossa mente e selada em nosso coração por meio do Espírito Santo”.
[Calvino, 1960, p. 561].
Esse conhecimento, dado a nós pelo Espírito Santo, envolve a identidade
de Jesus [a segunda pessoa da Trindade, nascido da virgem Maria, feito
homem, oferecido por nossas
transgressões e ressuscitado para nossa justificação], nossa identidade [pecadores que precisam de
um Salvador] e muito mais.
Em João,16:8-11, Jesus declarou:
“E, quando ele [o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, e
da justiça, e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque
vou para meu Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque já o príncipe deste
mundo já está julgado”.
O Espírito Santo convence o mundo do pecado porque o mundo não crê em
Jesus.
Segundo Leon Morris, isso pode significar que:
“Ele convence o mundo de suas ideias errôneas acerca do pecado porque o
mundo não crer, [...] Ele convence o mundo de seus pecados porque, sem essa
convicção é impossível ter fé, [...] ou, Ele convence o mundo do pecado da
incredulidade”. (Morris, 1971, p.698.
Qualquer uma dessas opções é possível. Aliás, era costume de João buscar
transmitir mais de uma ideia em seus textos. Entretanto, se o tema dessa
passagem for a convicção que visa a salvação, então, a segunda interpretação
seria a melhor, visto que o pecado coloca o ego das pessoas no centro de suas
vidas, levantando-as, assim, a desprezar
a fé. Entender isso é essencial para garantir que não percamos a salvação.
A terceira interpretação mostra o Espírito Santo como um “promotor” que
atribui ao mundo o veredito de “culpado”, enquanto a segunda adiciona que Ele
leva essa culpa a consciência humana para que nós, perturbados com o pecado,
busquemos a libertação do mesmo.
Por exemplo, no Dia de Pentecostes, os discípulos se juntaram para
esperar a vinda do Espírito. Quando Ele veio, eles foram as ruas de Jerusalém e
Pedro pregou que em Sua vida havia sido o cumprimento da profecia de Joel, cujo
objetivo era chamar homens e mulheres à salvação em Cristo. O apóstolo, então,
pregou sobre Jesus, e concluiu seu sermão dizendo:
“Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, que
vós crucificastes Deus o fez Senhor e Cristo. Ouvindo eles isto, compungiram-se
em seus corações e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos,
varões irmãos”?
Ao responder a essa pergunta: Pedro ganhou mais de três mil almas para
Cristo. A resposta dele foi excepcional, mas não por causa de seu brilhantismo
ou da sua eloqüência. Se ele tivesse pregado esse sermão um dia antes, nada teria acontecido, ninguém
teria crido e ele e os demais apóstolos teriam sido motivo de piada.
Contudo, o Espírito Santo veio no Pentecostes e convenceu o povo de seu
pecado. É por isso que eles compungiram-se em seu coração e perguntaram a Pedro
e aos demais: “que faremos varões irmãos”? (Atos 3:37). Como a fé brotou em
seus corações, o arrependimento veio em seguida e, assim, as pessoas quiseram
ser libertas do pecado.
Nem todos creram que não podemos convencer a nós mesmos ou aos outros do
pecado. Isso foi o tema central da controvérsia entre Agostinho e Pelágio, e,
mais tarde, entre Arminio e os seguidores de Calvino.
Embora Pelágio e Armínio não tenha negado que a salvação se dá pela fé
divina, eles não acreditavam que tudo podia ser atribuído a ela, ou seja, não
podiam crer que cada passo dado em direção a Deus dependesse, primeiro, de que
Ele nos convencesse de nossos pecados e nos atraísse a Sí.
Pelágio disse que a nossa vontade é livre e sempre podemos, portanto,
escolher ou rejeitar qualquer coisa. Assim ele defendia que, embora o Evangelho
nos fosse oferecido pela graça de Deus, a maior responsável por nossa salvação
ou condenação é a própria vontade. Contudo, Pelágio não entendia que, sem o
Espírito Santo, torna-se impossível para o ser humano compreender o evangelho,
reconhecer seus pecados e arrepender-se deles.
Depois que Jesus subiu para junto do Pai (João 16:10), o Espírito Santo
foi incumbido de convencer as pessoas da justiça. Em outras palavras, Ele
assumiu a tarefa de revelar ao homem em quem [Cristo) a justiça divina pode ser
encontrada, visto que a justiça humana não é suficiente para garantir a nossa salvação.
Como sabemos, somos salvos por Cristo, que já não está entre nós, mas à direita
do Pai.
Por fim, o Espírito no convence do juízo, visto que quem governa o mundo
já está condenado (João 12:31), fato comprovado no julgamento de Satanás por
meio do poder do sacrifício de Jesus na cruz.
Ninguém quer crer no juízo, pois é mais conveniente pensar que podemos
fazer o que bem entendemos sem enfrentarmos as conseqüências de nossas
decisões. O que nos encoraja a pensar assim é o fato de que, a maioria das
vezes, Deus não nos julga imediatamente após nossas ações, o que nos dá a falsa
impressão de o mal fica sempre impune.
Cultivar esse tipo de pensamento é, sem dúvida, um equívoco, Deus evita
julgar os pecadores de maneira imediata porque é misericordioso, mas isso não
será assim por toda a eternidade. O julgamento do Senhor no que se refere a
Satanás é prova disso.
Pedro defendeu o mesmo ponto. Após mostrar que Deus julgou certos anjos,
bem como o mundo nos tempos de Noé e as cidades de Sodoma e Gomorra, ele
afirmou: ”Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os pecadores e reservar os
injustos para o Dia do Juízo, para serem castigados (2 Pedro 2:9).
Sub-tema: O AMOR E O COMPROMETIMENTO
Sabemos o quanto é importante buscar entender o cristianismo de forma
racional, mas isso não basta, pois o inimigo, bem mais ortodoxo do que nós,
também sabe disso. Logo, é necessário que a fé racional seja balanceada com um
pouco de emoção, como descrita por John Wesley em Aldersgate, quando disse que
seu coração havia sido estranhamente acalentado.
Ainda tratando do mesmo tema, Calvino enfatizou a importância da
influência das emoções, além do intelecto.
“Resta entornar dentro do coração o que a mente absorveu, pois a Palavra
de Deus não é recebida pela fé quando ela fica apenas na mente. Somente quando
enraíza no fundo do coração é que ela se torna uma defesa invencível para
suportar e eliminar toda e qualquer tentação. [...] Da mesma forma o Espírito
sela em nosso coração as promessas que já estão em nossa mente e alma como
garantia que as confirma a estabelecer-se”. (Calvino, 1960, p. 583,584).
Em outro trecho dessa obra, ele ressaltou que a fé está intimamente
ligada à devoção.
Por fim, a fé é também confiança, compromisso. Deixamos de confiar em
nós mesmos para passar a confiar em Deus completamente. Percebemos o valor e o
amor infinito de Cristo, que se deu para nos salvar, comprometendo-nos com Ele.
O casamento lustra bem esse princípio, visto que nele culmina um
processo de aprendizado, de sensibilidade e comprometimento.
Dentro dessa analogia, podemos comparar as primeira fase de um namoro ao
primeiro elemento da fé: a identificação. Nessa fase o casal dá um passo
fundamental: o de conhecer-se, a fim de descobrir se o outro se qualifica como
um bom cônjuge. Assim, por exemplo, se um dos dois descobrir que o outro não é
digno de confiança, haverá problemas mais tarde.
A segunda fase, por sua vez é comparada ao segundo elemento da fé: a
emoção, que corresponde a paixão, sendo também fundamental. É por causa dessa
emoção que um homem e uma mulher dizem sim um ao outro, prometendo para sempre
conviver e amar-se em qualquer circunstância. Da mesma forma, comprometemo-nos
com Cristo, tanto nesta vida como por toda a eternidade.
Sub-tema: A FÉ DE ABRAÃO.
A fé não para aqui. Como resultado do novo nascimento, ela não
desaparece, mas se faz presente ao longo da vida inteira, fortalecendo-se e
revelando cada vez mais a natureza de seu objetivo.
Quando o Senhor ordenou que Abrão deixasse a sua parentela e fosse para uma terra que lhe
seria dada por herança, ele obedeceu, [...] e saiu, sem saber para onde ia (Hb
11:8). Isso é fé; nada mais que a crença no poder de Deus de cumprir o que lhe
fora prometido.
Contudo, podemos ler em Hebreus que na terra da promessa, como em terra
alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma
promessa (Hebreus 11:9). A fé de Abraão foi maior aqui, pois ele confiou em
Deus apesar da fome, do perigo e da demora do cumprimento da promessa.
Mais adiante, lemos sobre a imensa fé por meio da qual Sara e Abraão
puderam gerar um filho, apesar da infertilidade e da idade já avançada (de
ambos), fato que colaborou para que o Deus da promessa ficasse conhecido também
como Deus de milagre. Em referência a essa fé Paulo escreveu:
“E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi
justificado pela fé, dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que Ele
tinha prometido também era poderoso para o fazer” (Romanos 4:20,21).
Ou seja, a fé de Abraão venceu a dúvida em meio a todo sofrimento
emocional e à aparente contradição ante a tudo o que se cria antes:
“Pela fé, ofereceu Abraão a Isaque, como foi provado, sim, aquele que
recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será
chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dos
mortos o ressuscitar. E daí também, em figura, ele o recobrou”. (Hb 11:17-19).
Como vimos, não havia limites para a fé de Abraão, visto que ele creu
que Deus podia, até mesmo, ressuscitar seu filho.
Da mesma maneira, a fé cresce em nós. Você pode ter pouca ou muita fé, o
importante é confiar em Deus e em Cristo. O Senhor não falha. Quanto mais você
o conhece, mais sua fé é fortalecida, assim como foi a de Abraão.
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Amigos e irmãos, Deus não nos dá nada que
possa nos prejudicar, fisicamente, moralmente ou espiritualmente. Não foi isso
que Jesus falou em Lucas 11:11-13 “11Se um filho pedir
um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe,
acaso lhe dará uma serpente? 12.Ou se lhe pedir
um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião?
13.Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos
filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho
pedirem”.
Assim é o que Deus está fazendo conosco
neste estudo Teológico. Não queríamos conhecê-lo mais profundamente? Ele nos
deu este estudo.
Aparentemente pode ser cansativo, mas
creio, com certeza, que vale e está valendo apenas para nós.
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Nosso próximo tema central no estudo
seguinte [Nº 42] será: JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ: A ESSÊNCIA DA SALVAÇÃO.
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Não
deixem que o desânimo, a má vontade ou a preguiça vos impeça de levar esse
estudo até o fim.
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Quer que eu lhe mande por E-mail? Basta
que me mande o seu endereço virtual que lhe enviarei antes de publicar aqui. Ou
os números já publicados. OK? Deus te abençoe e, fique em paz. Amem?
Meu E-mail: erleufernandes@hotmail. com
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