Desculpem, fiquei sem internet ontem, e só agora, depois das 17 horas do domingo (14/8) é que estou publicando.
Estudo Fundamentos da Fé
Cristã Nº 63
Manual de Teologia ao alcance de todos.
Autor: James Montgomery Boice.
Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
Tema Central: TEMPO E HISTÓRIA
Capítulo 5 – AS MARCAS DA IGREJA.
A Igreja está alicerçada em Jesus Cristo,
e foi chamada a existência pelo Espírito Santo, então ela deve ser como Cristo
e possuir, ao menos, algumas de suas características. Essa afirmação não é
apenas uma conclusão do raciocínio, mas está claramente ensinada na Bíblia.
Encontramos o apóstolo João dizendo: “Qual é ele, somos nós também neste
mundo”. (1 Jo 4:17).
O que isso significa? O que deveria
caracterizar a Igreja? A resposta mais abrangente a gente encontra na oração sacerdotal
de Jesus em João 17. O Mestre orou para que a Igreja fosse marcada por seis
características: alegria (v.13), santidade (v.14-16), verdade (v.17, missão
(v.18), unidade (v.21-23) e amor (v.26). Sua vida foi marcada por todas essas
virtudes. Essas marcas da Igreja são tão importantes que nós deveríamos estudar
cada uma delas cuidadosamente, antes de prosseguir para outros aspectos que
também são parte da vida e do mistério da Igreja.
UM POVO ALEGRE.
É interessante que a primeira marca da
Igreja mencionada por Jesus seja a alegria. Muitos de nós não a mencionaríamos
em primeiro lugar. Nós reputaríamos como a mais importante o amor, a santidade
ou a sã doutrina. Entretanto, Jesus disse: “Mas, agora, vou para ti e digo isto
ao mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmo”. (João 17:13).
O fato de a maioria de nós não pensar na
alegria como a primeira marca que a Igreja deve ter é, provavelmente, um sinal
de que enxergamos a alegria como uma virtude secundária e de como nos afastamos
do modelo da Igreja primitiva. A Igreja dos apóstolos e dos primeiros cristãos
era uma comunidade alegre.
Vemos essa alegria de imediato quando
começamos a estudar o tema no Novo Testamento. Na língua grega, o verbo que
significa alegrar-se ou estar alegre é chairein é encontrado 72 vezes no
Novo Testamento. O substantivo que significa alegria é chara e está
presente 60 vezes.
À medida que estudamos essas aplicações
percebemos que alegria não é um conceito formal, encontrado apenas nas passagens
altamente teológicas. Em vez disso, as palavras que falam de alegria aparecem
na maioria das vezes, simplesmente, como a saudação do tipo: “A alegria esteja
com você”.
Para ser exato, Chairein não está sempre
restrita à fala dos cristãos, mas é usada, por exemplo, na carta dirigida a
Felix, a respeito de Paulo, enviada pelo oficial romano Cláudio Lísia (At
23:26). No entanto, na boca dos cristãos, esse termo, obviamente, significava
muito mais do que quando era usado pelos pagãos.
Observemos, por exemplo, que o anjo o
qual anunciou o nascimento de Jesus aos pastores de Belém disse:
“Não temas, eis aqui vos trago novas de
grande alegria, que será dada para todo o povo, pois, na cidade de Daví, vos
nasceu hoje o Salvador, que é o Cristo, o Senhor”. (Lucas 2:10,11).
A palavra, nesse contexto, significava
muito mais do que saudações. Mais tarde, Jesus declarou” Tenho vos dito isso
para que a minha alegria permaneça em vós; e a vossa alegria seja completa”.
(João15:111). Todas as palavras ditas por Jesus foram grande promessas.
Os escritos de Paulo contém muitos usos
dessa palavra. Em Filipenses, o apóstolo, desejando transmitir uma mensagem
final a seus amigos, escreveu: “Regozijai-vos [alegrai-vos]”, (Fp 4:14)).
Como Barclay assinala no discutir esse
termo:
“Essa última saudação, alegrai-vos!,
ressoa triunfantemente pelas palavras do Novo Testamento [...]. Não há
qualidade na vida cristã que não exale alegria; não há circunstâncias nem
ocasião que não possa ser iluminada pela alegria. Uma vida sem regozijo
(alegria) não é (uma vida) cristã, pois a alegria é um ingrediente fundamental
na receita para um viver cristão saudável”. (BARCLAY, 1962, p.77-78).
A Igreja atual é alegre? Os cristãos de
hoje são alegres? Precisamos ter certeza de que todos nós somos muito mais
alegres do que seríamos se não fôssemos cristãos, ou que há lugares onde a
alegria é particularmente manifesta. A alegria é muito evidente nos novos
convertidos, por exemplo, porém, na maioria das Igrejas, se alguém prestar
atenção com imparcialidade, no dia-a-dia, talvez não descubra uma alegria tão
visível.
Imaginamos a alegria como alguma coisa
que deveria caracterizar a Igreja no plano ideal, e será a sua marca, sem
dúvida naquele dia, quando estaremos todos reunidos em torno do trono da graça,
para dar glórias a Deus. Mas, e aqui? Por aqui, muitas vezes, deparamo-nos com
olhares amargos, rostos nostálgicos e outras expressões de miséria interior.
UM POVO SEPARADO.
Uma segunda marca da Igreja é a
santidade, a virtude de Deus mais mencionada nas páginas da Bíblia. A
santidade, portanto, deveria caracterizar a Igreja de Deus. Devemos ser uma
nação santa (1 Pe 2:9) e “devemos esforçar-nos pela santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14). Jesus mencionou essa marca da Igreja quando
Ele orou para que Deus a guardasse do mal:
“Não peço que os tire do mundo, mas que
os livre do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na
verdade; a sua palavra é a verdade” (João 17:15-17).
Algumas pessoas tem classificado
santidade como um padrão de comportamento determinado culturalmente, e santos
como aqueles que não fumam, não bebem, não jogam e nem fazem inúmeras coisas (tidas
como erradas). No entanto, essa abordagem contém um grande mal entendido, pois
indica que santidade em um indivíduo pode resultar da abstinência de muitas
prática, embora, talvez, a essência da santidade não esteja presente.
Logo, insistir nesse viés comportamental
para os membros da Igreja não é garantia de promover santidade. Na verdade,
estimula o legalismo e, em casos extremos, um falso cristianismo, segundo o que
homens e mulheres se sentem justificados diante de Deus com base em alguns
comportamentos supostamente bons e éticos.
O apóstolo Paulo descobriu que isso era
verdade naquele Israel de seus dias, mas Jesus já havia detectado isso antes
dele. Paulo distinguiu claramente entre aquele tipo de santidade e a
verdadeira, que vem de Deus e está sempre voltada para Ele. O Senhor disse de
Israel: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a
sua própria justiça, não se rejeitaram à justiça de Deus” (Romanos 10:3).
Israel tinha imaginado que a santidade
era algo que pudesse ser classificado. Ou seja, quando olhamos em volta, vemos
alguns que consideramos inferiores na escala da bondade humana, como por
exemplo, os criminosos, traficantes, pervertidos, mentirosos, obsessivos, entre
outros. Nós atribuímos a esses uma classificação muito baixa no ranking da
santidade.
Um pouco acima estão as pessoas comuns da
sociedade; depois, aparecem aquelas muito boas, que recebem uma pontuação alta.
Acima delas, porém, com nota 100 está Deus, uma vez que a santidade dele é
perfeita. De acordo com o sistema de enfocar esse tributo, a santidade de Deus,
sendo perfeita, é transmitida em graus maiores ou menores a cada um de nós,
seres humanos. Devemos agradar a Ele (alguns diriam, “para conquistar o céu”),
portanto, ao tentarmos ser santos.
Isso era o que fazia Israel no tempo de
Jesus e Paulo, e é o que quase todos na Igreja de hoje fazem naturalmente. No
entanto, isso não condiz com o conceito bíblico de santidade. De acordo com a
Bíblia, ela tem a ver, no nível de Deus, com transcendência e, em nosso nível,
com uma resposta fundamental a Ele, a qual podemos chamar de compromisso ou
dedicação.
O conceito bíblico de santidade fica mais
claro quando levamos em conta algumas palavras relacionada a ele, tais como santo
e santificar. Jesus usou a segunda em João 17. Um santo não é alguém que
atingiu um certo grau de bondade (embora seja o que a maioria acha), mas, sim,
alguém que foi separado por Deus.
Na Bíblia, porém, a palavra não está
restrita a uma categoria de cristãos, tampouco a uma classe estabelecida pela
ação oficial de algum corpo eclesiástico. Em vez disso, o termo usado para
falar de todos os cristãos (Rm 1:17; 1 Co 1:2; 2 Co 1:1; Ef 1:1; Fp 1:1, entre
outras passagens). Os santos são os chamados que edificam a Igreja de
Deus.
O mesmo sentido está presente quando a
Bíblia trata de santificação de objetos de (Como está escrito em Êxodo 40).
Moisés foi instruído a santificar o altar e purificá-lo com água consagrada no
interior do tabernáculo, ou seja, tornar aqueles objetos santos. O capítulo não
fala de nenhuma mudança intrínseca na natureza dos objetos, uma vez que eles
não se tornaram mais justos. O texto simplesmente ressalta que foram separados
para uso especial do Senhor.
Em João 17, Jesus orou: “E por eles me
santificou à mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (v.
19). O versículo não quer dizer que Jesus estava se tornando mais justo, até
porque Ele já era justo. Em vez disso, o texto diz que Jesus estava
separando-se para uma tarefa especial: trazer salvação às pessoas por meio
de Sua morte. Se santidade for para ser entendida de alguma maneira, ela
deve ser entendida nessa perspectiva.
Se santidade, portanto, tem a ver com
separação e consagração, e os cristãos já são santos pela virtude de serem
colocados à parte por Deus, por que Jesus orou pela nossa santificação? Por que
clamar por aquilo que já temos? A resposta é que, embora tenhamos sido
separados pelo Senhor, muitas vezes, falhamos em viver à altura desse chamado.
UM POVO ENRAIZADO NA VERDADE.
Qual é o remédio? A pergunta nos conduz à
terceira marca da Igreja: a verdade. Somos levados à verdade porque tanto a
alegria cristã como a santidade dependem quase que inteiramente de quanto temos
entendimento da Palavra de Deus, ou seja, de quanto e com que qualidade
conhecemos e praticamos os princípios da revelação escrita de Deus.
Jesus disse: “Tenho vos dito isso para
que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa (Jo 15:11).
Mas, agora, vou para ti e digo isso ao mundo, para que também tenham a minha
alegria completa em si mesmo” (Jo 17:13. E novamente: “Santifica-os na verdade;
a tua palavra é a verdade” (Jo 17:17).
Uma grande evidência, a qual percebemos
mais e mais à medida que crescemos na vida cristã, é que praticamente tudo o
que Deus fez no mundo hoje é pelo Espírito Santo, por meio de Sua Palavra
escrita. Essa é a verdade da santificação. Uma vez que a santificação significa
ser separado para uso de Deus, nosso texto está dizendo que a única maneira de
isso acontecer conosco é pela apropriação da verdade divina registrada na
Bíblia.
Quanto mais distante estiver a verdade,
mais o unido viverá na ilusão. As visões do mundo são um problema inevitável
para nós, a não ser que tenha uma maneira correta de comer e, de fato, destruir
sua influência. Ray Stedman aborda esse problema quando escreve:
“O mundo vive pelo que acredita ser
verdade; por valores e padrões que não valem à pena, mas que o mundo tem em
alta conta. Jesus disse: “Vós sois o que vos santificais a vós mesmos diante
dos homens, mas Deus conhece o vosso coração, porque o que entre os homens é
elevado perante Deus é abominação” (Lc 16:15 [...]. Como podemos viver nesse
tipo de mundo – tocá-lo e escutá-lo, vê-lo com nossos olhos e ouvi-lo com
nossos ouvidos dia a noite – e não ser conformados à sua imagem e imprensados
em sua fôrma? A resposta é que devemos conhecer a verdade. Devemos conhecer o
mundo (e a vida) de maneira como Deus o vê, da maneira como o mundo realmente é.
Devemos conhecê-lo tão clara e poderosamente que, mesmo quando estivermos
expostos às mentiras sedutoras, podemos
condená-las como mentiras e saber que elas são um engano”. (STEDMAN, 1975, p.
147,148).
Stedman está dizendo que os cristãos entre todos, deveriam ser o maiores
realistas, porque seu realismo provém da verdade de Deus. Aquele que, pela
própria natureza, deve conduzi-los à maior alegria e santificação.
UM NOVO MISSIONÁRIO
Até esse ponto a oração em João 17 esteve
tratando de assuntos que diz respeito à Igreja ou a cada cristão. Estudamos a
alegria, a santidade e a verdade. No entanto, por mais que essas virtudes sejam
importantes e possam ser alcançadas, em certa medida, na vida presente, não é
necessária muita reflexão para descobrir que todas três seriam atingidas mais
rapidamente se pudéssemos ser transportados para o céu.
Nós temos alegria aqui; mas o que ela é,
se comparada àquele júbilo que teremos quando, por fim, enxergarmos a fonte de
toda a nossa alegria face a face? A
Bíblia testifica sobre isso quando fala da bem-aventurança dos santos
redimidos, que terão todas as suas lágrimas enxugadas (Ap 7:17; 21:24).
Nesta vida, experimentamos, sem dúvida,
alguma santificação, mas, no mundo vindouro, seremos completamente semelhantes
a Jesus (1 Jo 3:2). Nesta vida, somos capazes de assimilar alguns aspectos da
verdade de Deus. “Porque agora, vemos por espelho em enigma; mas, então,
veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como
também sou conhecido” (1 Co 13:12). Ora, se tudo isso é verdade, porque não
deveríamos partir para o céu imediatamente? A resposta está na quarta marca da
Igreja.
A Igreja não existe apenas para ficar
entre quatro paredes, alegrando-se nos cultos, santificando-se para Jesus e
lendo a Bíblia para encontrar a verdade. Ela existe também para contemplar o
mundo com amor e enxergar nele o objeto de sua missão.
Jesus disse: “Assim como tu [Deus] me
enviastes ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim
mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (Jo 17:18-19).
A primeira coisa que chama atenção nesse
versículo é onde a nossa missão tem que ser realizada. A palavra missão
vem do verbo em latim que significa mandar ou despachar. Mas
quando perguntamos “a quem (ou onde) somos mandados”? A resposta é “ao mundo”.
Essa resposta é, provavelmente, a
explicação do motivo pelo qual a Igreja evangélica na América, por exemplo, não apóie missões
estrangeiras – ela apóia. O problema não está nisso, mas no abandono que o povo
evangélico fez da cultura. Muitos parecem ter medo da cultura (línguas, gosto, costumes) e, por isso,
tentam manter-se o máximo possível afastado do mundo, como se isso fosse
receita para não serem contaminados por ele.
Os evangélicos criaram a própria
subcultura. É possível, hoje em dia, ser nascido em um lar cristão, crescer em
uma família evangélica, só ter amigos da Igreja, freqüentar escolas e
faculdades cristãs, ler livros cristãos, freqüentar um clube cristão (mais
conhecido como igreja), assistir filmes evangélicos, ter um emprego em um lugar
administrado por cristãos, ser atendido por médicos cristãos e, finalmente
morrer e ser sepultado por um coveiro cristão em um cemitério consagrado. Uma
subcultura cristã? Sem dúvida. Mas isso não foi certamente o que Jesus quis
dizer quando falou sobre seus seguidores estarem “no mundo”.
O que significa estar no mundo como um
cristão? É claro que não quer dizer como o mundo, porque as marcas de Cristo na
Igreja existem para torná-la diferente. Também não significa abandonar a
comunhão cristã ou as nossas convicções
básicas. Quer dizer que devemos conhecer não cristãos, aproximarmos deles e
participar de sua vida de maneira que possamos influenciá-los com o evangelho,
em vez da vida deles contaminar-nos com seus pontos de vista.
Um jovem pastor da Guatemala saiu do
seminário direto para uma Igreja em uma área montanhosa conhecida como
Cabrican. Era um lugar que todos rejeitavam. Cabrican ficava em uma altitude de
2.700 metros e era quase sempre úmida e fria. A Igreja para a qual ele fora
mandado era pequena, com apenas 28 membros, incluindo dois presbíteros e dois
diáconos. Esses cristãos se congregavam quase todas as noites da semana, mas a Igreja
não crescia. Não havia envolvimento com a comunidade.
Em um de seus primeiros sermões, aquele
pastor, Bernardo Calderon, disse: “Eu sei que Deus não está satisfeito com o
que estamos fazendo”.
Então ele desafiou o povo com o seguinte
projeto: primeiro acabaram com os muitos encontros internos da Igreja, mantendo
apenas a escola bíblica de domingo. No lugar das reuniões abolidas foram
criados cultos nos lares. Na segunda-feira à noite, reuniam-se em uma casa
determinada na área de Cabrican, e todos se faziam presentes. A caminho do
culto eles convidavam todos os que encontravam, até mesmo os pedestres. Uma vez
que os cristãos saíram de setores diferentes da cidade e passavam por trajetos
variados, conseguiam cobrir uma boa área de convidados convidando as pessoas.
Na terça-feira, a Igreja se reunia em
outra região. Para isso os 28 membros tinham de passar por outras ruas, e
moradores diferentes seriam convidados. O mesmo aconteceu na quarta, na quinta-feira, e nos demais dias
da semana, quando a Igreja, literalmente, deixava suas quatro paredes para ir
ao encontro do mundo com o convite do evangelho.
O resultado? Em quatro anos a Igreja
estava com 800 membros. No ano seguinte ao início do desafio, uma filial foi
aberta, e, hoje, há seis grandes Igrejas daquela denominação nas mediações de
Cabrican, duas das quais com cerca de mil membros. Há inclusive, uma
cooperativa agrícola, por meio da qual os membros da Igreja adquirem terras
para os necessitados, além de comprar e vender o que é produzido pelos próprios
irmãos. Toda região foi avivada e revitalizada.
A segunda coisa que os versículos 18 e 19
de João 17 ressaltam é a respeito do caráter daqueles que realizarão essa missão,
ou seja, de nosso caráter como povo cristão. Somos chamados a ser como Cristo
no mundo. Jesus comparou os discípulos a si mesmo, tanto no fato de serem
enviados ao mundo pelo Pai e santificados como em terem sido separados para a
obra. Ele disse:
“Assim como tu me enviastes ao mundo,
também eu os enviei ao mundo. E por eles
me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade”.
(João 1&:18-19).
Temos de assumir a nossa missão assim
como Jesus assumiu a dele. Precisamos ser como Aquele a quem estamos
representando.
UM POVO ESCOLHIDO.
Uma quinta marca da Igreja é a unidade.
Jesus disse:
“Eu não rogo somente por messes, mas
também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim; para que todos
sejam um, como tu, ó Pai, és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em
nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu neles, e tu em mim, para que
eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste
a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim” (João 17:20-23).
Que tipo de unidade deve ser essa? Se for
para ser ogarnizacional, nossos esforços para alcançá-la e expressá-la terão de
ser feito em determinada direção. Contudo, se falamos de uma unidade mais
subjetiva, nossos esforços tomarão rumos diferentes.
Algo que, a Igreja não precisa ser é uma
grande unidade organizacional. Qualquer que sejam as vantagens ou desvantagens
decorrentes dessa grandiosa unidade organizacional ela, em si mesma, não produz
os resultados pelos quais Jesus orou nem resolve os outros problemas da Igreja.
Já foi tentado e achado em falta.
Na Igreja dos primeiros tempos, havia
muito crescimento e pouca unidade organizacional. Mais tarde, quando a Igreja
recebeu honras governacionais sob o império de Constantino e seus sucessores, a
Henri visível centralizou-se cada vez mais, até que, durante a Idade Média,
houve apenas um corporação eclesiástica alcançando toda a Europa. Por onde quer
que alguém fosse – norte, sul, leste ou oeste –, havia apenas uma Igreja com o
papa no topo. Por acaso foi uma grande época? Havia uma unidade de fé profunda?
Aquela Igreja era forte? Tinha uma moral impecável? Acaso, os homens e as
mulheres da época rendiam-se em massa, confessando Jesus Cristo como seu
Salvador e Senhor? Acontecia exatamente o contrário.
O grande pregador inglês Spurgeon
escreveu sobre isso:
“O mundo foi convencido de que Deus não
tinha nada a ver com aquela coisa opressiva, tirana, supersticiosa e ignorante
que se chamava cristianismo; e os cidadãos pensantes tornaram-se infiéis, e era
a coisa mais difícil do mundo encontrar um cristão genuíno e inteligente em
qualquer lugar” (SPURGEON, 1970, p. 2).
Certamente, há algo a ser valorizado a
respeito de algumas formas de unidade externa e visível em algumas situações.
Mas é certo, igualmente, que esse tipo de unidade não é aquele de que mais
precisamos, nem foi por ele que Jesus orou.
Outro tipo de unidade de que não
necessitamos é a uniformidade – um tipo de igreja que torna todo mundo igual.
Esse é um erro bem comum na Igreja evangélica. Se a Igreja liberal, em sua
maior parte, empenha-se na unidade organizacional – por meio de variados
concílios de igrejas e fortalecimento das denominações –, a Igreja evangélica
parece esforçar-se para que seus membros tenham um padrão idêntico de aparência
e comportamento.
Jesus não estava a procura disso. Ao
contrário, devia haver diversidade entre os cristãos – de personalidade,
métodos de evangelismo e trabalho cristão.
A uniformidade é tão estúpida quanto uma
fileira de pacotes de biscoito em uma prateleira do mercado. A variedade é
estimulante, e nós comprovamos isso na diversidade da criação e na variedade de
ações de Deus.
No entanto, se a unidade pela qual Jesus
orou em João 17 não é de caráter organizacional, e também não aquela falsa
unidade, a qual tem como modelo a uniformidade, que tipo de unidade é essa? É
aquela semelhante que existe na Trindade.
Jesus falou sobre ela dessa forma:
“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai,
o és em mim, e eu, em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo
creia que tu me enviastes. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos
em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens
amado a eles como me tens amado a mim” (João 17:21,23).
A Igreja precisa ter uma unidade
espiritual que envolve a orientação básica, as aspirações e a vontade dos que
participam dela.
“Ora, há diversidade de dons, mas o
Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E
há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. (1 Co
12:4-6).
Isso não quer dizer que todos os cristãos
verdadeiros vivam em unidade, como deveriam. De outro modo, por que Jesus teria
de orar por isso? Como outras marcas da Igreja, a unidade não é somente algo
dado a ela, mas também algo pela qual o corpo de cristãos genuínos deveria
empenhar-se.
UM POVO AMOROSO.
Por último, chegamos ao amor, a maior de
todas as marcas da Igreja de Cristo. Esse amor dá sentido às outras marcas, e,
sem ele, a Igreja não pode ser o que Deus quer que ela seja. Tendo escrito
sobre o amor e tendo-o colocado no contexto de fé, esperança e amor, o apóstolo
Paulo concluiu: “Porém o maior destes é o amor” (1 Co 13:13).
Com, o mesmo pensamento em mente, Jesus –
em sua oração sacerdotal, em João 17, tendo falado de alegria, santidade,
verdade, missão e unidade como qualidades essenciais da Igreja – concluiu com
uma ênfase especial no amor. Vemos então, mais uma vez, o novo mandamento de
João 13:34-35).
“Um novo mandamento vos dou: que vos
ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos
ameis. Nisto todos conhecerão que sois os meus discípulos, se vos amardes uns
aos outros”.
Jesus disse que fez conhecido o nome de
Deus aos Seus discípulos, “para que o amor que me tens amado esteja neles, e eu
neles esteja” (Jo 17:26).
Compreendemos a proeminência do amor se o
enxergarmos em relação a outras características da Igreja. O que acontece
quando você retira o amor de cada uma delas. Imagine tirar um amor da alegria o
que existirá? Hedonismo, uma vida extravagante, com prazeres, mas sem a alegria
santificada que e acha apenas no relacionamento com Jesus.
Retire o amor da santidade. O que
encontrará? Justiça própria, o tipo de autoexaltação que caracterizava os
fariseus da época de Cristo. Pelos padrões daquele tempo, os fariseus tinham
uma vida muito santa, mas não amava o próximo e foram rápidos para aniquilar
Jesus quando este questionou os padrões deles.
Retire o amor à verdade, ele exigirá uma
ortodoxia rígida, o tipo de doutrina correta, mas que não ganha ninguém para
Cristo.
Retire o amor da missão, e haverá
imperalismo e colonialismo em vestes eclesiásticas.
Retire o amor da unidade, e, em breve,
haverá tirania. Esta germina em uma igreja rigidamente hierárquica, onde não há
compaixão pelas pessoas nem desejo de envolvê-las no processo de tomada de
decisões.
Agora, inclua o amor, e o que encontrará?
Todas as marcas da Igreja. A que o amor por Deus Pai conduz? Aí, porque nos
regozijamos nele e no que Ele fez por nós.
O que o amor de Jesus produz? A
santidade, porque sabemos que o veremos um dia e seremos como Ele fez por nós.
“E qualquer que tem nele essa esperança purifica-se a si mesmo, como também ele
é puro”(1 Jo 3:3).
O que o amor pela Palavra de Deus conduz?
A verdade. Se amarmos a Palavra, nós iremos estudá-la com afinco e,
inevitavelmente, cresceremos em um entendimento maior da verdade divina.
O que o amor pelo mundo conduz? À missão.
Temos uma mensagem para levar ao mundo.
O que o nosso amor pelos irmãos e irmãs
cristãos conduz? À unidade, porque, pelo amor, discernimos que estamos atados
uns aos outros naquele feixe de vida que o próprio Senhor criou dentro da
comunidade cristã.
Como todas as coisas divinas, o amor
chega até nós somente por revelação. Nas páginas do Antigo Testamento, o
Altíssimo revelou a Si mesmo com um Deus de Amor. Nós constatamos que Ele
colocou Seu amor sobre Israel, embora não existisse nada que fizesse aquele
povo merecer tal amor.
Nos ensinamentos de Jesus, o Altíssimo é
revelado como um Deus de amor. Cristo o chama de Pai, indicando que o amor de
Deus é um amor de pai. A melhor e mais completa revelação de amor está no
sacrifício de Jesus Cristo na cruz.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna”. (João 3:16).
Nunca houve e nem haverá uma demonstração
maior do amor de Deus. Então, se você não crer na cruz nem conseguiu ver esse amor
na vida e obra de Cristo, jamais encontrará o Deus amoroso em parte alguma.
Nesse caso, Ele será um Deus silencioso para você. O universo está vazio, e a
história não terá sentido. Somente em Jesus encontraremos a verdadeira natureza
de Deus e aprendemos que essas e outras coisas tem sentido.
..............................
Amigos e irmãos na caminhada rumo ao céu;
saibam todos que, o nosso destino derradeiro após essa vida aqui na terra só
terá sentido se cremos em Jesus e queremos ir para o céu. Daí, busquemos
conhecer mais e mais a Deus pelas suas revelações contidas na Bíblia Sagrada. É
por ela que Deus nos fala. Amem, irmãos?
..............................
Ainda teremos, com certeza, uma dezena de
publicações para concluirmos esse nosso estudo. Creiam, que, se para mim, tem
sido um ótimo ensinamento; creio, que para cada um de vocês, que tomam parte do
vosso tempo, aqui, estudando nos sábados, também tem sido.
..............................
O tema para a próxima publicação, Nº 64,
é:
COMO ADORAR A DEUS
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