domingo, 14 de agosto de 2016

ESTUDO DE TEOLOGIA Nª 63

      
Desculpem, fiquei sem internet ontem, e só agora, depois das 17 horas do domingo (14/8) é que estou publicando. 

      Estudo Fundamentos da Fé Cristã Nº 63            
      Manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice.
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema Central: TEMPO E HISTÓRIA
       Capítulo 5 – AS MARCAS DA IGREJA.

      A Igreja está alicerçada em Jesus Cristo, e foi chamada a existência pelo Espírito Santo, então ela deve ser como Cristo e possuir, ao menos, algumas de suas características. Essa afirmação não é apenas uma conclusão do raciocínio, mas está claramente ensinada na Bíblia. Encontramos o apóstolo João dizendo: “Qual é ele, somos nós também neste mundo”. (1 Jo 4:17).
       O que isso significa? O que deveria caracterizar a Igreja? A resposta mais abrangente a gente encontra na oração sacerdotal de Jesus em João 17. O Mestre orou para que a Igreja fosse marcada por seis características: alegria (v.13), santidade (v.14-16), verdade (v.17, missão (v.18), unidade (v.21-23) e amor (v.26). Sua vida foi marcada por todas essas virtudes. Essas marcas da Igreja são tão importantes que nós deveríamos estudar cada uma delas cuidadosamente, antes de prosseguir para outros aspectos que também são parte da vida e do mistério da Igreja.
      UM POVO ALEGRE.
      É interessante que a primeira marca da Igreja mencionada por Jesus seja a alegria. Muitos de nós não a mencionaríamos em primeiro lugar. Nós reputaríamos como a mais importante o amor, a santidade ou a sã doutrina. Entretanto, Jesus disse: “Mas, agora, vou para ti e digo isto ao mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmo”. (João 17:13).
      O fato de a maioria de nós não pensar na alegria como a primeira marca que a Igreja deve ter é, provavelmente, um sinal de que enxergamos a alegria como uma virtude secundária e de como nos afastamos do modelo da Igreja primitiva. A Igreja dos apóstolos e dos primeiros cristãos era uma comunidade alegre.
      Vemos essa alegria de imediato quando começamos a estudar o tema no Novo Testamento. Na língua grega, o verbo que significa alegrar-se ou estar alegre é chairein é encontrado 72 vezes no Novo Testamento. O substantivo que significa alegria é chara e está presente 60 vezes.
      À medida que estudamos essas aplicações percebemos que alegria não é um conceito formal, encontrado apenas nas passagens altamente teológicas. Em vez disso, as palavras que falam de alegria aparecem na maioria das vezes, simplesmente, como a saudação do tipo: “A alegria esteja com você”.
      Para ser exato, Chairein não está sempre restrita à fala dos cristãos, mas é usada, por exemplo, na carta dirigida a Felix, a respeito de Paulo, enviada pelo oficial romano Cláudio Lísia (At 23:26). No entanto, na boca dos cristãos, esse termo, obviamente, significava muito mais do que quando era usado pelos pagãos.
      Observemos, por exemplo, que o anjo o qual anunciou o nascimento de Jesus aos pastores de Belém disse:
      “Não temas, eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será dada para todo o povo, pois, na cidade de Daví, vos nasceu hoje o Salvador, que é o Cristo, o Senhor”. (Lucas 2:10,11).
      A palavra, nesse contexto, significava muito mais do que saudações. Mais tarde, Jesus declarou” Tenho vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós; e a vossa alegria seja completa”. (João15:111). Todas as palavras ditas por Jesus foram grande promessas.
      Os escritos de Paulo contém muitos usos dessa palavra. Em Filipenses, o apóstolo, desejando transmitir uma mensagem final a seus amigos, escreveu: “Regozijai-vos [alegrai-vos]”,  (Fp 4:14)).
      Como Barclay assinala no discutir esse termo:
      “Essa última saudação, alegrai-vos!, ressoa triunfantemente pelas palavras do Novo Testamento [...]. Não há qualidade na vida cristã que não exale alegria; não há circunstâncias nem ocasião que não possa ser iluminada pela alegria. Uma vida sem regozijo (alegria) não é (uma vida) cristã, pois a alegria é um ingrediente fundamental na receita para um viver cristão saudável”. (BARCLAY, 1962, p.77-78).
      A Igreja atual é alegre? Os cristãos de hoje são alegres? Precisamos ter certeza de que todos nós somos muito mais alegres do que seríamos se não fôssemos cristãos, ou que há lugares onde a alegria é particularmente manifesta. A alegria é muito evidente nos novos convertidos, por exemplo, porém, na maioria das Igrejas, se alguém prestar atenção com imparcialidade, no dia-a-dia, talvez não descubra uma alegria tão visível.
      Imaginamos a alegria como alguma coisa que deveria caracterizar a Igreja no plano ideal, e será a sua marca, sem dúvida naquele dia, quando estaremos todos reunidos em torno do trono da graça, para dar glórias a Deus. Mas, e aqui? Por aqui, muitas vezes, deparamo-nos com olhares amargos, rostos nostálgicos e outras expressões de miséria interior.
      UM POVO SEPARADO.
      Uma segunda marca da Igreja é a santidade, a virtude de Deus mais mencionada nas páginas da Bíblia. A santidade, portanto, deveria caracterizar a Igreja de Deus. Devemos ser uma nação santa (1 Pe 2:9) e “devemos esforçar-nos pela santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14). Jesus mencionou essa marca da Igreja quando Ele orou para que Deus a guardasse do mal:
      “Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade; a sua palavra é a verdade” (João 17:15-17).
      Algumas pessoas tem classificado santidade como um padrão de comportamento determinado culturalmente, e santos como aqueles que não fumam, não bebem, não jogam e nem fazem inúmeras coisas (tidas como erradas). No entanto, essa abordagem contém um grande mal entendido, pois indica que santidade em um indivíduo pode resultar da abstinência de muitas prática, embora, talvez, a essência da santidade não esteja presente.
      Logo, insistir nesse viés comportamental para os membros da Igreja não é garantia de promover santidade. Na verdade, estimula o legalismo e, em casos extremos, um falso cristianismo, segundo o que homens e mulheres se sentem justificados diante de Deus com base em alguns comportamentos supostamente bons e éticos.
      O apóstolo Paulo descobriu que isso era verdade naquele Israel de seus dias, mas Jesus já havia detectado isso antes dele. Paulo distinguiu claramente entre aquele tipo de santidade e a verdadeira, que vem de Deus e está sempre voltada para Ele. O Senhor disse de Israel: “Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se rejeitaram à justiça de Deus” (Romanos 10:3).
      Israel tinha imaginado que a santidade era algo que pudesse ser classificado. Ou seja, quando olhamos em volta, vemos alguns que consideramos inferiores na escala da bondade humana, como por exemplo, os criminosos, traficantes, pervertidos, mentirosos, obsessivos, entre outros. Nós atribuímos a esses uma classificação muito baixa no ranking da santidade.
      Um pouco acima estão as pessoas comuns da sociedade; depois, aparecem aquelas muito boas, que recebem uma pontuação alta. Acima delas, porém, com nota 100 está Deus, uma vez que a santidade dele é perfeita. De acordo com o sistema de enfocar esse tributo, a santidade de Deus, sendo perfeita, é transmitida em graus maiores ou menores a cada um de nós, seres humanos. Devemos agradar a Ele (alguns diriam, “para conquistar o céu”), portanto, ao tentarmos ser santos.
      Isso era o que fazia Israel no tempo de Jesus e Paulo, e é o que quase todos na Igreja de hoje fazem naturalmente. No entanto, isso não condiz com o conceito bíblico de santidade. De acordo com a Bíblia, ela tem a ver, no nível de Deus, com transcendência e, em nosso nível, com uma resposta fundamental a Ele, a qual podemos chamar de compromisso ou dedicação.
      O conceito bíblico de santidade fica mais claro quando levamos em conta algumas palavras relacionada a ele, tais como santo e santificar. Jesus usou a segunda em João 17. Um santo não é alguém que atingiu um certo grau de bondade (embora seja o que a maioria acha), mas, sim, alguém que foi separado por Deus.
      Na Bíblia, porém, a palavra não está restrita a uma categoria de cristãos, tampouco a uma classe estabelecida pela ação oficial de algum corpo eclesiástico. Em vez disso, o termo usado para falar de todos os cristãos (Rm 1:17; 1 Co 1:2; 2 Co 1:1; Ef 1:1; Fp 1:1, entre outras passagens). Os santos são os chamados que edificam a Igreja de Deus.
      O mesmo sentido está presente quando a Bíblia trata de santificação de objetos de (Como está escrito em Êxodo 40). Moisés foi instruído a santificar o altar e purificá-lo com água consagrada no interior do tabernáculo, ou seja, tornar aqueles objetos santos. O capítulo não fala de nenhuma mudança intrínseca na natureza dos objetos, uma vez que eles não se tornaram mais justos. O texto simplesmente ressalta que foram separados para uso especial do Senhor.
      Em João 17, Jesus orou: “E por eles me santificou à mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (v. 19). O versículo não quer dizer que Jesus estava se tornando mais justo, até porque Ele já era justo. Em vez disso, o texto diz que Jesus estava separando-se para uma tarefa especial: trazer salvação às pessoas por meio de Sua morte. Se santidade for para ser entendida de alguma maneira, ela deve ser entendida nessa perspectiva.
      Se santidade, portanto, tem a ver com separação e consagração, e os cristãos já são santos pela virtude de serem colocados à parte por Deus, por que Jesus orou pela nossa santificação? Por que clamar por aquilo que já temos? A resposta é que, embora tenhamos sido separados pelo Senhor, muitas vezes, falhamos em viver à altura desse chamado.
      UM POVO ENRAIZADO NA VERDADE.
      Qual é o remédio? A pergunta nos conduz à terceira marca da Igreja: a verdade. Somos levados à verdade porque tanto a alegria cristã como a santidade dependem quase que inteiramente de quanto temos entendimento da Palavra de Deus, ou seja, de quanto e com que qualidade conhecemos e praticamos os princípios da revelação escrita de Deus.
      Jesus disse: “Tenho vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa (Jo 15:11). Mas, agora, vou para ti e digo isso ao mundo, para que também tenham a minha alegria completa em si mesmo” (Jo 17:13. E novamente: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17:17).
      Uma grande evidência, a qual percebemos mais e mais à medida que crescemos na vida cristã, é que praticamente tudo o que Deus fez no mundo hoje é pelo Espírito Santo, por meio de Sua Palavra escrita. Essa é a verdade da santificação. Uma vez que a santificação significa ser separado para uso de Deus, nosso texto está dizendo que a única maneira de isso acontecer conosco é pela apropriação da verdade divina registrada na Bíblia.
      Quanto mais distante estiver a verdade, mais o unido viverá na ilusão. As visões do mundo são um problema inevitável para nós, a não ser que tenha uma maneira correta de comer e, de fato, destruir sua influência. Ray Stedman aborda esse problema quando escreve:
      “O mundo vive pelo que acredita ser verdade; por valores e padrões que não valem à pena, mas que o mundo tem em alta conta. Jesus disse: “Vós sois o que vos santificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração, porque o que entre os homens é elevado perante Deus é abominação” (Lc 16:15 [...]. Como podemos viver nesse tipo de mundo – tocá-lo e escutá-lo, vê-lo com nossos olhos e ouvi-lo com nossos ouvidos dia a noite – e não ser conformados à sua imagem e imprensados em sua fôrma? A resposta é que devemos conhecer a verdade. Devemos conhecer o mundo (e a vida) de maneira como Deus o vê, da maneira como o mundo realmente é. Devemos conhecê-lo tão clara e poderosamente que, mesmo quando estivermos expostos às mentiras  sedutoras, podemos condená-las como mentiras e saber que elas são um engano”. (STEDMAN, 1975, p. 147,148).
      Stedman está dizendo que os cristãos  entre todos, deveriam ser o maiores realistas, porque seu realismo provém da verdade de Deus. Aquele que, pela própria natureza, deve conduzi-los à maior alegria e santificação.
      UM NOVO MISSIONÁRIO
      Até esse ponto a oração em João 17 esteve tratando de assuntos que diz respeito à Igreja ou a cada cristão. Estudamos a alegria, a santidade e a verdade. No entanto, por mais que essas virtudes sejam importantes e possam ser alcançadas, em certa medida, na vida presente, não é necessária muita reflexão para descobrir que todas três seriam atingidas mais rapidamente se pudéssemos ser transportados para o céu.
      Nós temos alegria aqui; mas o que ela é, se comparada àquele júbilo que teremos quando, por fim, enxergarmos a fonte de toda a nossa alegria face a face?  A Bíblia testifica sobre isso quando fala da bem-aventurança dos santos redimidos, que terão todas as suas lágrimas enxugadas (Ap  7:17; 21:24).
      Nesta vida, experimentamos, sem dúvida, alguma santificação, mas, no mundo vindouro, seremos completamente semelhantes a Jesus (1 Jo 3:2). Nesta vida, somos capazes de assimilar alguns aspectos da verdade de Deus. “Porque agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido” (1 Co 13:12). Ora, se tudo isso é verdade, porque não deveríamos partir para o céu imediatamente? A resposta está na quarta marca da Igreja.
      A Igreja não existe apenas para ficar entre quatro paredes, alegrando-se nos cultos, santificando-se para Jesus e lendo a Bíblia para encontrar a verdade. Ela existe também para contemplar o mundo com amor e enxergar nele o objeto de sua missão.
      Jesus disse: “Assim como tu [Deus] me enviastes ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (Jo 17:18-19).
      A primeira coisa que chama atenção nesse versículo é onde a nossa missão tem que ser realizada. A palavra missão vem do verbo em latim que significa mandar ou despachar. Mas quando perguntamos “a quem (ou onde) somos mandados”? A resposta é “ao mundo”.
      Essa resposta é, provavelmente, a explicação do motivo pelo qual a Igreja evangélica  na América, por exemplo, não apóie missões estrangeiras – ela apóia. O problema não está nisso, mas no abandono que o povo evangélico fez da cultura. Muitos parecem ter medo da cultura  (línguas, gosto, costumes) e, por isso, tentam manter-se o máximo possível afastado do mundo, como se isso fosse receita para não serem contaminados por ele.
      Os evangélicos criaram a própria subcultura. É possível, hoje em dia, ser nascido em um lar cristão, crescer em uma família evangélica, só ter amigos da Igreja, freqüentar escolas e faculdades cristãs, ler livros cristãos, freqüentar um clube cristão (mais conhecido como igreja), assistir filmes evangélicos, ter um emprego em um lugar administrado por cristãos, ser atendido por médicos cristãos e, finalmente morrer e ser sepultado por um coveiro cristão em um cemitério consagrado. Uma subcultura cristã? Sem dúvida. Mas isso não foi certamente o que Jesus quis dizer quando falou sobre seus seguidores estarem “no mundo”.
      O que significa estar no mundo como um cristão? É claro que não quer dizer como o mundo, porque as marcas de Cristo na Igreja existem para torná-la diferente. Também não significa abandonar a comunhão cristã ou as nossas  convicções básicas. Quer dizer que devemos conhecer não cristãos, aproximarmos deles e participar de sua vida de maneira que possamos influenciá-los com o evangelho, em vez da vida deles contaminar-nos com seus pontos de vista.
      Um jovem pastor da Guatemala saiu do seminário direto para uma Igreja em uma área montanhosa conhecida como Cabrican. Era um lugar que todos rejeitavam. Cabrican ficava em uma altitude de 2.700 metros e era quase sempre úmida e fria. A Igreja para a qual ele fora mandado era pequena, com apenas 28 membros, incluindo dois presbíteros e dois diáconos. Esses cristãos se congregavam quase todas as noites da semana, mas a Igreja não crescia. Não havia envolvimento com a comunidade.
      Em um de seus primeiros sermões, aquele pastor, Bernardo Calderon, disse: “Eu sei que Deus não está satisfeito com o que estamos fazendo”.
      Então ele desafiou o povo com o seguinte projeto: primeiro acabaram com os muitos encontros internos da Igreja, mantendo apenas a escola bíblica de domingo. No lugar das reuniões abolidas foram criados cultos nos lares. Na segunda-feira à noite, reuniam-se em uma casa determinada na área de Cabrican, e todos se faziam presentes. A caminho do culto eles convidavam todos os que encontravam, até mesmo os pedestres. Uma vez que os cristãos saíram de setores diferentes da cidade e passavam por trajetos variados, conseguiam cobrir uma boa área de convidados convidando as pessoas.
      Na terça-feira, a Igreja se reunia em outra região. Para isso os 28 membros tinham de passar por outras ruas, e moradores diferentes seriam convidados. O mesmo aconteceu  na quarta, na quinta-feira, e nos demais dias da semana, quando a Igreja, literalmente, deixava suas quatro paredes para ir ao encontro do mundo com o convite do evangelho.
      O resultado? Em quatro anos a Igreja estava com 800 membros. No ano seguinte ao início do desafio, uma filial foi aberta, e, hoje, há seis grandes Igrejas daquela denominação nas mediações de Cabrican, duas das quais com cerca de mil membros. Há inclusive, uma cooperativa agrícola, por meio da qual os membros da Igreja adquirem terras para os necessitados, além de comprar e vender o que é produzido pelos próprios irmãos. Toda região foi avivada e revitalizada.   
      A segunda coisa que os versículos 18 e 19 de João 17 ressaltam é a respeito do caráter daqueles que realizarão essa missão, ou seja, de nosso caráter como povo cristão. Somos chamados a ser como Cristo no mundo. Jesus comparou os discípulos a si mesmo, tanto no fato de serem enviados ao mundo pelo Pai e santificados como em terem sido separados para a obra. Ele disse:
      “Assim como tu me enviastes ao mundo, também eu os enviei ao mundo.  E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade”. (João 1&:18-19).
      Temos de assumir a nossa missão assim como Jesus assumiu a dele. Precisamos ser como Aquele a quem estamos representando.
      UM POVO ESCOLHIDO.
      Uma quinta marca da Igreja é a unidade. Jesus disse:
      “Eu não rogo somente por messes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim” (João 17:20-23).
      Que tipo de unidade deve ser essa? Se for para ser ogarnizacional, nossos esforços para alcançá-la e expressá-la terão de ser feito em determinada direção. Contudo, se falamos de uma unidade mais subjetiva, nossos esforços tomarão rumos diferentes.
      Algo que, a Igreja não precisa ser é uma grande unidade organizacional. Qualquer que sejam as vantagens ou desvantagens decorrentes dessa grandiosa unidade organizacional ela, em si mesma, não produz os resultados pelos quais Jesus orou nem resolve os outros problemas da Igreja. Já foi tentado e achado em falta.
      Na Igreja dos primeiros tempos, havia muito crescimento e pouca unidade organizacional. Mais tarde, quando a Igreja recebeu honras governacionais sob o império de Constantino e seus sucessores, a Henri visível centralizou-se cada vez mais, até que, durante a Idade Média, houve apenas um corporação eclesiástica alcançando toda a Europa. Por onde quer que alguém fosse – norte, sul, leste ou oeste –, havia apenas uma Igreja com o papa no topo. Por acaso foi uma grande época? Havia uma unidade de fé profunda? Aquela Igreja era forte? Tinha uma moral impecável? Acaso, os homens e as mulheres da época rendiam-se em massa, confessando Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor? Acontecia exatamente o contrário.
      O grande pregador inglês Spurgeon escreveu sobre isso:
      “O mundo foi convencido de que Deus não tinha nada a ver com aquela coisa opressiva, tirana, supersticiosa e ignorante que se chamava cristianismo; e os cidadãos pensantes tornaram-se infiéis, e era a coisa mais difícil do mundo encontrar um cristão genuíno e inteligente em qualquer lugar” (SPURGEON, 1970, p. 2).
       Certamente, há algo a ser valorizado a respeito de algumas formas de unidade externa e visível em algumas situações. Mas é certo, igualmente, que esse tipo de unidade não é aquele de que mais precisamos, nem foi por ele que Jesus orou.
      Outro tipo de unidade de que não necessitamos é a uniformidade – um tipo de igreja que torna todo mundo igual. Esse é um erro bem comum na Igreja evangélica. Se a Igreja liberal, em sua maior parte, empenha-se na unidade organizacional – por meio de variados concílios de igrejas e fortalecimento das denominações –, a Igreja evangélica parece esforçar-se para que seus membros tenham um padrão idêntico de aparência e comportamento.
      Jesus não estava a procura disso. Ao contrário, devia haver diversidade entre os cristãos – de personalidade, métodos de evangelismo e trabalho cristão.
      A uniformidade é tão estúpida quanto uma fileira de pacotes de biscoito em uma prateleira do mercado. A variedade é estimulante, e nós comprovamos isso na diversidade da criação e na variedade de ações de Deus.
      No entanto, se a unidade pela qual Jesus orou em João 17 não é de caráter organizacional, e também não aquela falsa unidade, a qual tem como modelo a uniformidade, que tipo de unidade é essa? É aquela semelhante que existe na Trindade.
      Jesus falou sobre ela dessa forma:
      “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviastes. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim” (João 17:21,23).
      A Igreja precisa ter uma unidade espiritual que envolve a orientação básica, as aspirações e a vontade dos que participam dela.
      “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos”. (1 Co 12:4-6).
      Isso não quer dizer que todos os cristãos verdadeiros vivam em unidade, como deveriam. De outro modo, por que Jesus teria de orar por isso? Como outras marcas da Igreja, a unidade não é somente algo dado a ela, mas também algo pela qual o corpo de cristãos genuínos deveria empenhar-se.
      UM POVO AMOROSO.
      Por último, chegamos ao amor, a maior de todas as marcas da Igreja de Cristo. Esse amor dá sentido às outras marcas, e, sem ele, a Igreja não pode ser o que Deus quer que ela seja. Tendo escrito sobre o amor e tendo-o colocado no contexto de fé, esperança e amor, o apóstolo Paulo concluiu: “Porém o maior destes é o amor” (1 Co 13:13).
      Com, o mesmo pensamento em mente, Jesus – em sua oração sacerdotal, em João 17, tendo falado de alegria, santidade, verdade, missão e unidade como qualidades essenciais da Igreja – concluiu com uma ênfase especial no amor. Vemos então, mais uma vez, o novo mandamento de João 13:34-35).
      “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois os meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.
      Jesus disse que fez conhecido o nome de Deus aos Seus discípulos, “para que o amor que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja” (Jo 17:26).
      Compreendemos a proeminência do amor se o enxergarmos em relação a outras características da Igreja. O que acontece quando você retira o amor de cada uma delas. Imagine tirar um amor da alegria o que existirá? Hedonismo, uma vida extravagante, com prazeres, mas sem a alegria santificada que e acha apenas no relacionamento com Jesus.
      Retire o amor da santidade. O que encontrará? Justiça própria, o tipo de autoexaltação que caracterizava os fariseus da época de Cristo. Pelos padrões daquele tempo, os fariseus tinham uma vida muito santa, mas não amava o próximo e foram rápidos para aniquilar Jesus quando este questionou os padrões deles.
      Retire o amor à verdade, ele exigirá uma ortodoxia rígida, o tipo de doutrina correta, mas que não ganha ninguém para Cristo.
      Retire o amor da missão, e haverá imperalismo e colonialismo em vestes eclesiásticas.
      Retire o amor da unidade, e, em breve, haverá tirania. Esta germina em uma igreja rigidamente hierárquica, onde não há compaixão pelas pessoas nem desejo de envolvê-las no processo de tomada de decisões.
      Agora, inclua o amor, e o que encontrará? Todas as marcas da Igreja. A que o amor por Deus Pai conduz? Aí, porque nos regozijamos nele e no que Ele fez por nós.
      O que o amor de Jesus produz? A santidade, porque sabemos que o veremos um dia e seremos como Ele fez por nós. “E qualquer que tem nele essa esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”(1 Jo 3:3).
      O que o amor pela Palavra de Deus conduz? A verdade. Se amarmos a Palavra, nós iremos estudá-la com afinco e, inevitavelmente, cresceremos em um entendimento maior da verdade divina.
      O que o amor pelo mundo conduz? À missão. Temos uma mensagem para levar ao mundo.
      O que o nosso amor pelos irmãos e irmãs cristãos conduz? À unidade, porque, pelo amor, discernimos que estamos atados uns aos outros naquele feixe de vida que o próprio Senhor criou dentro da comunidade cristã.
       Como todas as coisas divinas, o amor chega até nós somente por revelação. Nas páginas do Antigo Testamento, o Altíssimo revelou a Si mesmo com um Deus de Amor. Nós constatamos que Ele colocou Seu amor sobre Israel, embora não existisse nada que fizesse aquele povo merecer tal amor.  
       Nos ensinamentos de Jesus, o Altíssimo é revelado como um Deus de amor. Cristo o chama de Pai, indicando que o amor de Deus é um amor de pai. A melhor e mais completa revelação de amor está no sacrifício de Jesus Cristo na cruz.
      “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16).
      Nunca houve e nem haverá uma demonstração maior do amor de Deus. Então, se você não crer na cruz nem conseguiu ver esse amor na vida e obra de Cristo, jamais encontrará o Deus amoroso em parte alguma. Nesse caso, Ele será um Deus silencioso para você. O universo está vazio, e a história não terá sentido. Somente em Jesus encontraremos a verdadeira natureza de Deus e aprendemos que essas e outras coisas tem sentido.
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      Amigos e irmãos na caminhada rumo ao céu; saibam todos que, o nosso destino derradeiro após essa vida aqui na terra só terá sentido se cremos em Jesus e queremos ir para o céu. Daí, busquemos conhecer mais e mais a Deus pelas suas revelações contidas na Bíblia Sagrada. É por ela que Deus nos fala. Amem, irmãos?
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      Ainda teremos, com certeza, uma dezena de publicações para concluirmos esse nosso estudo. Creiam, que, se para mim, tem sido um ótimo ensinamento; creio, que para cada um de vocês, que tomam parte do vosso tempo, aqui, estudando nos sábados, também tem sido.
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      O tema para a próxima publicação, Nº 64, é:
                    COMO ADORAR A DEUS
     

      

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