sábado, 14 de novembro de 2015

ESTUDO DE TEOLOGIA Nº 24

 Estudo do Livro Fundamentos da Fé Cristã - Nº 24
     Um manual de Teologia ao alcance de todos.
         Autor: James Montgomery Boice

CAPÍTULO 15 – A GRANDEZA DO AMOR DE DEUS.

Vários anos antes de sua morte, o teólogo suíço Karl Barth foi aos Estados Unidos para ministrar uma série de3 palestras. Numa de suas impressionantes apresentações, um estudante o surpreendeu com uma pergunta bem complexa: “Dr. Barth, qual o maior pensamento que já passou pela sua mente”? O idoso professor parou por alguns instantes enquanto, obviamente pensava numa resposta. Então disse, com simplicidade: ”Jesus me ama! Isso eu sei, pois a Bíblia diz assim”!
Se o amor do Pai é o que mais de grandioso no universo, por que deixamos para discutir esse assunto somente agora? Por que não começamos por ele e, então, colocamos as outras características divinas em perspectiva? Por que estamos discutindo isso no segundo livro deste volume, em vez de no primeiro, que trata mais particularmente dos atributos do Senhor?
A resposta é que, embora o amor de Deus seja, importante e grandioso, não conseguimos compreendê-lo e apreciá-lo de verdade em nosso estado decaído,  até que conheçamos algumas outras coisas sobre o Senhor e nós mesmos.
A seqüência por meio dos quais esses fatos nos são apresentados é fundamental para a compreensão dos fundamentos da fé cristã: primeiro, a nossa criação à imagem de Deus; segundo, nosso pecado; terceiro, a revelação da ira divina contra nós por causa de nosso pecado; e quarto, a redenção.
Se não tivermos essa seqüência bem estabelecida em nossa mente, seremos incapazes de apreciar (ou até mesmo admirar) o amor do Pai como deveríamos. Em vez disso, parece-nos apenas razoável que Ele nos ame. “Afinal de contas, somos tão adoráveis”, pensamos. No entanto quando nos achamos diante de nossa transgressão da Justa Lei divina e debaixo da ira do Altíssimo, torna-se verdadeiramente extraordinário descobrir que, apesar de tudo, Deus nos ama.
Paulo enfatizou isso em Romanos: “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8). Tal afirmação justifica outro motivo pela decidimos não estudar do amor divino em capítulos anteriores: o amor do Pai só é entendido de maneira plena por meio da Cruz de Jesus Cristo.
As manifestações do Senhor na criação e na providência são um pouco ambíguas; vivenciamos a destruição de terremotos terríveis, mas também nos maravilhamos com lindos pores do sol; enquanto alguns sofrem doenças incuráveis e cruéis como o câncer, outros são perfeitamente saudáveis. Apesar da cruz Deus mostra que Seu amor de maneira completa e sem ambiguidade.
Por essa razão, é difícil encontrar um versículo no Novo Testamento que mencione o amor divino sem referir-se também, no mesmo texto ou no contexto imediato ao presente que Ele nos deu, Seu Filho no Calvário. Vejamos alguns exemplos:
Em João 3:16 está escrito: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Paulo declarou em Gálatas: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, mas não sou eu que vivo mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou por mim”.
Lemos em 1ª João 4:10: “Nisso consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados”.
Em Apocalipse 1:5 é dito que Jesus nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do seu sangue.
Essas citações mantém juntos o amor de Deus e a cruz de Cristo. E mais, elas estão entre os mais importantes textos acerca de ambos os assuntos.
Apenas depois de entendermos o significado da cruz podemos apreciar o amor por trás dele. Percebendo isso, Agostinho uma vez comparou a cruz como um púlpito a partir do qual Cristo pregava o Seu amor ao mundo.
AMOR, MOTIVAÇÃO DE DEUS
Devemos ser cuidadosos quando dizemos que só podemos apreciar o amor divino em sua plenitude depois de entendermos as doutrinas da criação, do pecado, da ira e da redenção – ou seja, somente quando compreendermos o significado do sacrifício de Jesus na cruz.
O amor de Deus não de origina lá, mas muito antes, sendo portanto, mais grandiosos que cada um desses assuntos subseqüentes. Se não conseguimos enxergar isso, corremos o risco de imaginar que o Senhor sempre esteve irado conosco  e, somente depois da morte de Cristo, Sua ira se transformou em amor. Isso é errado e distorce o significado da Cruz.
Encontramos amor do Senhor em tudo: na criação, na morte de Cristo e até mesmo na ira contra o pecado, embora, isso seja difícil de compreender. Como Ele pode amar-nos com tanta intensidade e ainda assim está irado conosco?
Agostinho disse que Deus nos odiava por não sermos o que Ele próprio tinha criado (SCHAAF, 1887, p.41), embora, apesar disso, amasse o que tinha feito e o que faria conosco novamente. Fomos reconciliados com o Pai não porque a morte de Cristo tenha alterado, de alguma forma, a atitude dele para conosco, mas porque Seu amor levou-o a enviar Cristo, a fim de estabelecer a maneira pela qual o pecado, que nos separa dele, pudesse ser removido para sempre.
C.S. Lewis captou essa ideia de forma organizada no final de “Os Quatro Amores”:
“Não devemos partir do misticismo, do amor da criatura de Deus ou das maravilhosas antevisões da fruição de Deus concedida a alguns em sua vida na terra. Nós partimos do verdadeiro ponto de partida – o amor como energia divina. [...] Em Deus, não há necessidade a ser preenchida, mas somente abundância querendo doar-se. Deus, que não precisa de nada, faz existir por amor criaturas inteiramente supérfluas para poder amá-las e aperfeiçoá-las. Ele cria o universo já prevendo – ou deveríamos dizer “vendo”? Para Deus, não existe o tempo – as moscas zumbindo ao redor da cruz, as costas esfoladas, sendo pressionadas contra o mastro, os cravos atravessando os nervos principais, a contínua sufocação incipiente à medida que o corpo vai desfalecendo, a contínua tortura das costas e dos braços quando é içado para poder respirar. Se me permitem uma metáfora biológica, Deus é, um “hospedeiro” que cria deliberadamente seus próprios parasitas – que nos faz existir para que possamos explorá-los e “tirar vantagens” dele. (C. S. Dewis, 2005, p. 175-176)”.
A ira interferiu em nosso relacionamento com Deus, escondendo Seu amor de nós, mas, quando removida, descobrimos o quanto o Senhor nos ama desde a eternidade, e somos, portanto, atraídos a Ele.

GRANDE AMOR.
O que podemos dizer sobre o amor de Deus pelas Suas criaturas, que o levou não somente a criá-las e redimi-las, mas também a preservá-las para uma eternidade de comunhão com Ele? Sem dúvidas, nada do que disséssemos poderia esgotar a totalidade da dimensão do amor. O amor de Deus é sempre infinitamente mais profundo do que nossa capacidade de entendê-lo e expressá-lo.
A Bíblia trata desse assunto de maneira simples. Uma das coisas básicas que destaca é a intensidade do amor de Deus por nós (Ef 2:4). Em João 3:16, há uma indicação acerca do grandeza do amor divino, implícita no fragmento de tal maneira, em porque “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não, pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Isso significa que o Pai amou o mundo de forma tão grandiosa que usamos dizer que algo relativamente normal é grande – um grande concerto, um grande jantar ou algo parecido. Ele é mestre em atenuações. Então, quando alguém afirma que Seu amor é grande, quer dizer, de fato, que este amor é estupendo ao ponto de exceder todo entendimento humano (Ef 3:19).
Alguém captou essa ideia em um cartão que continha a passagem de João 3:16. O versículo foi organizado de uma forma que evidenciou a grandeza de cada parte dele. Ficou assim:
Deus.....................................o maior amante.
Amou de tal maneira............o maior grau.
O mundo...............................a maior companhia.
Que deu................................O maior ato.
O seu Filho unigênito............o maior presente.
Para que todo aquele........a maior oportunidade.
Que nele crer.....................a maior simplicidade.
Não pereça.........................a maior promessa.
Mas.....................................a maior diferença.
Tenha.................................a maior certeza.
A vida eterna......................o maior bem.

Para completar, acima do texto havia o título: “Cristo O Maior Presente”.
Uma maneira melhor de compreender a dimensão do amor de Deus é constatar que, diante de sua exclusividade e grandeza, não havia palavra no vocabulário grego capaz de expressá-lo, o que levou os autores bíblicos, ou, no mínimo, à elevar a níveis inteiramente novos uma palavra unicamente para isso.
A língua grega é rica em palavras para amor. A primeira dela é storgê, que se refere à refeição em geral, principalmente em relação à família. Um equivalente mais próximo em português seria carinho. Os gregos diziam: “Eu amo (tenho carinho pelos) meus filhos”.
A segunda das palavras gregas é phila, de onde observamos a palavra filantropia e Filadélfia. Ela se refere à amizade. Jesus usou essas palavras quando disse que qualquer pessoa que amasse mais os pais do que a Ele não seria digna dele (Mt 10:37).
A terceira é Eros, que nos remete ao sensual, a partir do qual se originou a palavra erótica. Embora esse tipo de amor seja obordado pelo escritores bíblicos de maneira positiva, o termos Eros tinha uma conotação degradante na época em que foi escrito o Novo Testamento, sendo abolido desses descritos de modo a não aparecer nem uma só vez.
Apesar de toda essa variedade, os responsáveis pela tradução dos textos bíblicos do hebraico para o grego não consideravam nenhuma dessas palavras  adequadas para transmitir os verdadeiros conceito acerca do amor de Deus. Usaram, portanto, outro termo, sem fortes associações, e o fizeram de forma praticamente exclusiva. Por quase não ter sido usado anteriormente, ele foram capazes de introduzi-lo com uma característica inteiramente nova,  para que, com o tempo, esse termo passasse a expressar apenas a versão de amor que desejavam: ágape.
Embora inicialmente um pouco vaga, essa nova palavra grega conseguiu cumprir o objetivo de seus criadores. Deus ama de maneira justa e santa? Sim. Esse é o agapê. O amor do Pai é generoso, soberano e eterno? Sim. Isso também é ágape. Em Jeremias 31:3 Deus falou: “Com amor eterno te amei; também com amável benignidade te atraí”. Esse amor é agapê. Assim, agapê se tornou a palavra suprema para falar sobre o amor do Senhor, inicialmente revelado por Ele pelo judaísmo e, então, revelado em sua plenitude, em Jesus Cristo, por meio do cristianismo bíblico.
................................................
NB: Como este estudo neste capítulo é extenso, continuaremos, com certeza, no próximo capítulo Nº 25 que terá como título continuado: AMOR INESGOTÁVEL.
Fiquem com a paz que vem do trono da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus vos abençoe abundantemente. Amem?
......................................

Blog Jerusalém É Aqui.

0 comentários:

Postar um comentário