Estudo do Livro Fundamentos
da Fé Cristã Nº 26
Um manual de Teologia ao alcance de todos.
Autor: James Montgomery Boice
Postado por: Erleu Fernandes da Cruz
CAPÍTULO 16
A DOUTRINA FUNDAMENTAL DA
RESSURREIÇÃO.
O que é mais importante para a teologia
cristã: a morte de Jesus Cristo ou a Sua ressurreição? Não há resposta para
essa pergunta. Embora a principal missão de Jesus tenha sido morrer pelos
pecados da humanidade, não podemos desconsiderar a importância histórica da
ressurreição como evidência para a afirmação que Ele fizera a respeito da sua
identidade como Messias e Filho de Deus. Foi apenas por causa da ressurreição
que o evangelho da cruz pôde ser entendido e, então, preservado a transmitido
ao longo dos séculos, até que chegasse a nós.
A importância da ressurreição é percebida
desde os primeiros momentos da era cristã. De certa forma, os discípulos sempre
creram em Jesus como o Cristo. Um exemplo dessa imatura, mas genuína fé foi, o
testemunho de Pedro: “Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo” (Mt 16:16b).
Entretanto, a fé dos seguidores de Jesus foi profundamente abalada pela
crucificação, ao ponto de fazer com que eles, imediatamente depois da morte do
Cordeiro, abandonassem tudo e retornassem para o lugar de onde tinham vindo.
O mesmo Pedro que, no Evangelho de Mateus,
havia afirmado com total segurança que Jesus é o Cristo acabou negando-o três
vezes na noite em que Ele foi preso, ainda antes da ressurreição.
Embora tivessem acreditado na pregação de
Jesus, Seus discípulos não foram fortes o suficiente para continuarem crendo em
Sua identidade como Messias depois de testemunharem a prisão e morte dele.
Todavia, três dias depois da ressurreição, eles tiveram a fé fortalecida, e
saíram para anunciar o evangelho do Salvador que havia vencido a morte.
A morte e ressurreição de Jesus foram o
cerne da mensagem de Seus seguidores. Ele já tinha revelado aos discípulos o
que aconteceria na noite da ressurreição, a fim de prepará-los por meio da
Palavra:
“Então, abriu-lhes o entendimento para
compreenderam as Escrituras. E disse-lhe: Assim está escrito, e assim convinha
que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu
nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as
nações, começando por Jerusalém. E dessas coisas sois vós testemunhas”. (Lucas
24:45-48).
Mais tarde, Paulo descreveu a natureza simples
da pregação apostólica, dizendo que havia transmitido aos coríntios apenas o
que ele havia recebido:
“Porque primeiramente vos entreguei o que
também recebi que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e
que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e
que foi visto por Cefas e depois pelos doze. Depois, foi visto, mais uma vez,
por mais de quinhentos irmãos, dos quais vivem ainda a maior parte, mas alguns
já dormiram também. Depois, foi visto por Tiago, depois, por todos os apóstolos
e, por derradeiro de todos, me apareceu também à mim, como um abortivo”. (1ª
Cor. 15:14-18).
Em Atos 2:27, Pedro afirmou que Davi
fizera, no versículo 10 do Salmo 16, menção à ressurreição de Cristo: “Pois não
deixarás a minha alma no inferno, nem permitirá que seu Santo veja a
corrupção”.
Outros pregadores do Evangelho fizeram a
mesma coisa. De acordo com muitos estudiosos contemporâneos das primeiras
pregações, a morte e ressurreição de Cristo sempre tiveram no centro das
mensagens anunciadas pelos apóstolos (DODD, The Apostolic Preachingand its
Developments, p. x).
A ressurreição provou que Jesus Cristo é
quem Ele alegou ser e que cumpriu o que alegou ter vindo a terra para realizar.
O evangelista Reuben A. Torrey disse: “A ressurreição de Cristo é o Gibraltar
das evidências cristãs, o Waterloo da infidelidade”. Ela é a base histórica
sobre a qual todas as demais doutrinas cristãs estão edificadas e diante da
qual todas as dúvidas devem fracassar.
Se é mesmo possível mostrar que Jesus de
Nazaré ressuscitou dentre os mortos, como alegam as Escrituras, então a fé
cristã de baseia sobre um fundamento sólido. Se, essa doutrina o sustentar, as
outras também sustentarão. Por outro lado, se não estiver bem fundamentada, as
outras acabarão perdendo credibilidade. Desta forma o apóstolo Paulo escreveu:
“E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a
vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus,
pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual porém, não
ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque se os mortos não
ressuscitam também Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda
permanecereis em vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos”. (1 Cor. 15:14-18).
O SELO SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS
Que outras doutrinas são sustentadas pela
veracidade da ressurreição? A primeira é que existe um Deus e a de que somente
o Deus da Bíblia é o verdadeiro. Mas será que existe mesmo um Criador? Se
existe, que tipo de Deus Ele é? Essas
são as primeiras e mais importantes perguntas que qualquer mestre religioso
deve responder. Entretanto, a diversidade de opiniões entre os teólogos é muito
grande. Como podemos ter certeza de quais teorias estão corretas, se é que
alguma está? Somente a ressurreição de Jesus Cristo, por si, só,
proporciona-nos esse segurança.
“Todo efeito deve ter uma causa adequada.
No caso da ressurreição de Cristo, essa única causa é o Deus da Bíblia. Como qualquer
pessoa conhecedora da história da vida de Jesus sabe, nosso Senhor andou por
toda a terra proclamando o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, como gostava de
declarar, o Deus tanto do Antigo Testamento como do Novo. Ele disse que os
homens o levaria à morte por meio de crucificação, e deu detalhes sobre a forma
como tudo aconteceria. Além disso, Jesus disse que, depois que Seu corpo
fiçasse enterrado durante três dias, Seu Pai, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó,
o Senhor da Bíblia, o Deus do antigo e do Novo Testamento, levantaria ele
dentre os mortos. Essa foi uma declaração e tanto. Jesus, aparentemente,
referia-se a algo impossível. Durante séculos, homens chegaram e partiram,
viveram e morreram e, no que diz respeito ao conhecimento humano, que é alicerçado sobre observações e
experiências claras, esse foi o fim deles. Mas esse homem, Jesus, não hesita em
declarar que Sua experiência irá de encontro às uniformes experiências de
longos e longos séculos.
“Isso foi, sem dúvida, uma prova da
existência de Deus que Ele pregava, pois esse havia passado no teste, fazendo
exatamente o que havia dito que faria, mesmo parecendo, a princípio, que aquilo
era irrealizável. Desse modo, o fato de Jesus ter sido milagrosamente trazido
de volta da morte torna evidente que o Deus que fez isso existe de fato, sendo,
assim, o verdadeiro Deus”. (TORREY, 1965, p. 70-71).
O SELO SOBRE A DIVINDADE DE CRISTO
A Ressurreição de Cristo estabelece
também a doutrina da divindade de nosso Senhor. Quando viveu pela terra, Jesus
declarou não apenas que Deus o trairia de volta da morte três dias depois da
crucificação, mas também que Ele era igual a Deus.
Se estivesse errado quanto à isso, Sua
alegação seria ou um delírio de homem perturbado ou uma blasfêmia. Por outro
lado, se Jesus estivesse certo, a ressurreição seria a maneira de Deus
confirmar aquela declaração. Ele a confirmou? Jesus se levantou dos mortos?
Sim, levantou. Portanto, a ressurreição é o selo de Deus sobre a declaração de
Cristo acerca de Sua divindade.
Paulo, que sabia que Jesus tinha
ressuscitado, afirmou que Cristo é o declarado Filho de Deus em poder, segundo
o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos (Rm 1:4). Ele deixou
de fora muitos argumentos que incluiria se dependesse, aqui, apenas da lógica
humana para nos convencer a crer no que pregava.
Aprendemos nas aulas de álgebra do ensino
médio que, para chegar a resposta final, os alunos sem mais experiência no
processo de resolução das equações nem sempre precisavam ater-se a cada etapa
delas. Por exemplo, para chegar ao resultado da equação 2a – 10 =10, um aluno
menos experiente poderia seguir pelo caminho mais trabalhoso (2a – 10=10; 2a =
10+10; 2a =20; a = 10), enquanto um estudante familiarizado com os termos
poderia ver de imediato, que, se 2a – 10=10, então a = 10, não sendo
necessário, para tal resolver os passos intermediários.
Isso é parecido com o que Paulo fez nos
primeiros versículos de Romanos. Ele argumentou que a ressurreição de Cristo
foi suficiente para provar Sua divindade. Contudo, se ele tivesse de explicar a
sua lógica em detalhes ele diria algo assim:
1º. Jesus declarou ser o Filho de Deus de
uma maneira especial. Ele argumentou que Deus era Seu Pai (Jo 5:18) e disse que
Este o tinha enviado ao mundo para salvar a humanidade. Afirmou que, quando
partisse daqui, retornaria para a presença do Altíssimo (Jo 16:28). Cristo
afirmou que quem quer que o tivesse visto tinha visto o Pai (Jo 14:9). Todas
essas declarações de divindade, e, por causa delas, os líderes religiosos o
mataram.
2º. Só há duas possibilidades: tais
declarações ou eram falsas, ou verdadeiras. Jesus não podia ser Deus apenas em
parte. Ou Ele é quem dizia ser ou é um mentiroso.
3º. Se as declarações de Jesus eram
falsas, eram também enganosas e blasfemas.
4º. Se eram blasfemas, não é possível que
Deus pudesse honrar quem as declarou.
5º. Mas Deus honrou a Jesus,
ressuscitando-o dentre os mortos, Deus justificou as declarações dele.
6º. Por essa razão, Jesus é o unigênito
Filho de Deus.
Tal análise não feita apenas com base no
texto de Romanos 1:4, visto que essa evidência aparece em outras partes da
Bíblia. Paulo simplesmente reproduziu
esse ensinamento.
O próprio Jesus usou esse argumento
quando, para justificar Seu caráter divino, apelou para o sinal do profeta
Jonas. Ele demonstrou uma autoridade única em seus ensinamentos e milagres, mas
muitos do que o ouviram não acreditaram. Quando os governantes pediram provas
que corroborassem, Suas afirmações, “Jesus respondeu que: o único sinal dado
seria aquele do profeta Jonas, pois como Jonas esteve três dias e três noite no
ventre da baleia, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio
da terra” (Mt 12:40).
Depois que isso acontecesse, Cristo
ressuscitaria, e Sua autoridade única seria justificada. Da mesma forma, que no
dia de Pentecostes e outros sermões registrados em Atos, os primeiros
discípulos usavam a ressurreição para provar a divindade de Cristo.
............................................
Glórias sejam dadas a Deus, nosso Pai, por
termos chegados até aqui. Com certeza foi a vontade imperiosa de Deus que nos
tem dado ânimos para prosseguirmos com esse estudo. Nosso próximo estudo, na
aula 26, ainda continuando no Capítulo 16 será:
O SELO SOBRE A JUSTIFICAÇÃO
Fiquem com as bênçãos que suplico ao Pai
sobre cada um dos seguidores de nosso blog: Jerusalém É Aqui.
DEUS VOS ABENÇOE! AMEM?
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