sábado, 17 de outubro de 2015

Estudo Teológico nº 20

Estudo do Livro Fundamentos da Fé Cristã  - Nº 20
     Um manual de Teologia ao alcance de todos.
         Autor: James Montgomery Boice
    CAPÍTULO 12 – PROFETA, SACERDOTE E REI
    Continuação do Capítulo 12 – Do estudo Nº 19
   Sub-Título: MEDIADOR DE DEUS: SACERDOTE
     ESTUDO PARA O BLOG JERUSALÉM É AQUI


A segunda das três maiores divisões da obra de Cristo é seu sacerdócio, tema cuidadosamente preparado no Antigo Testamento e desenvolvido com considerado esmero no Livro de Hebreus. Um sacerdote é um homem designado para agir por outros em coisas pertinentes a Deus, isto é, ele é um mediador.
Em Cristo, essa função sacerdotal ou mediadora é satisfeita de duas formas: primeiro, ao oferecer como sacrifício pelo pecado (algo que os profetas do Antigo Testamento não poderiam fazer) e, segundo, ao interceder por Seu povo no céu. O Novo Testamento apresenta essa última atividade com Cristo instituindo na suficiência de Seu sacrifício como base sobre a qual Suas orações e as nossas devem ser respondidas.
O fato de Jesus é, em si mesmo, sacrifício por nossos pecados deve tornar claro que Seu sacerdócio é diferente e superior a todas as funções sacerdotais do Antigo Testamento. Entretanto, Cristo não é superior apenas sob esse aspecto.
Para começar, de acordo com o sistema sacerdotal de Israel no Antigo Testamento, era exigido dos sacerdotes que oferecessem um sacrifício não apenas por aqueles a quem representavam, mas também por eles mesmos, já que eram pecadores. Por exemplo, antes que o sacerdote entrasse nos Santo dos Santos no dia da Propiciação, o que era feito uma vez por ano, ele primeiro tinha que oferecer um novilho em holocausto pelo seu pecado e pelo de sua casa (Lv 16:6). Só depois disso é que poderia prosseguir com a cerimônia das ofertas e do bode expiatório, cujo sangue tinha de ser aspergido sobre o propiciatório dentro do Santo dos Santos.
Novamente, os sacrifícios que os sacerdotes de Israel ofereciam eram inadequados. Eles ensinavam o caminho, para a salvação através de uma vítima inocente. No entanto, o sangue de ovelhas e bodes não poderiam levar os pecados, como o Antigo Testamento e o Novo Testamento reconheceram (Mq 6:6,7; Hb 10:4-7).
Além disso, os sacrifícios dos sacerdotes eram incompletos, o que é atestado pelo fato de serem oferecidos muitas vezes. Em Jerusalém, por exemplo, o fogo do altar maior nunca se extinguia; e, em um sábado importante, como na Páscoa, literalmente centenas de milhares de cordeiros eram oferecidos.
Em contraste com esse sacerdócio terreno, o sacrifico de Jesus foi feito por alguém que era perfeito em si mesmo e que, portanto, não tinha necessidade de que uma propiciação fosse feita por Ele. Como disse o autor de Hebreus:
“Porque convinha tal sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que o céu, que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a sua mesmo” (Hebreus 7:26,27).
Segundo, sendo Ele próprio perfeito e, simultaneamente, o sacrifício, estende-se que o sacrifício feito por Cristo era, em si mesmo, perfeito. Portanto, Ele poderia, na verdade, pagar o preço pelo pecado e removê-lo, de uma maneira que os sacrifícios em Israel não poderiam Eles eram uma sombra das coisas que estavam por vir, mas não era realidade. A morte de Cristo foi real justificação e, somente com base nela, Deus declara o pecador justificado. O autor de Hebreus reforça esse ponto:
“Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros [...] nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo ofertado uma eterna redenção. Porque, se o sangue de touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo”?  (Hebreus 9:11-14).
Finalmente, diferente dos sacrifícios dos sacerdotes do Antigo Testamento, que tinham de ser repetidos diariamente, o sacrifício de Jesus foi completo e eterno – evidência que justifica o fato de Ele estar, hoje, assentado ao lado direito de Deus. No templo judaico não havia cadeiras, significando que a obra dos sacerdotes nunca estavam acabadas.
“Mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados”. Hebreus 10:12-14).
Qualquer ensino sobre sacerdote e sacrifícios hoje é difícil para a maioria das pessoas entender, pois não temos sacrifício na maior do mundo civilizado e não entendemos sua terminologia. Não era muito fácil de entender na antiguidade também.  O autor de Hebreus, na verdade, reconhece isso em um comentário intercalado: “Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir” (Hb 5:11).
Por outro lado, as instruções elaboradas para a realização dos sacrifícios foram dadas para ensinar tanto a natureza do pecado como o modo pela Deus providenciaria um meio para lidar com ele. Os sacrifícios ensinavam duas lições. Primeiro, o pecado significa morte. É uma lição do julgamento de Deus. Significa que o pecado é sério. “A alma que pecar essa morrerá” (Ez 18:4). Segundo, temos a mensagem da graça. A importância do sacrifício é que, pela graça de Deus, um substituto inocente seria oferecido em lugar do pecador. O bode ou o cordeiro não seriam esse substituto, mas poderia apontar para Ele. Jesus, entretanto, foi e é, para todos aqueles que o aceitarem como Salvador, o sacrifício único, perfeito e auto-suficiente pelo pecado, com base no qual Deus considera o pecador purificado. Esse aspecto da obra de Cristo será considerado de modo mais completo nos capítulos sobre propiciação e redenção.
Uma segunda maneira pela qual Jesus cumpre Seu ofício sacerdotal ou mediador é ao interceder por nós hoje. Essa não é uma obra suplementar que se adiciona ao sacrifício dele mesmo na cruz, mas sim uma obra seqüencial baseada nesse sacrifício. Temos vários exemplos da intercessão de Cristo por outros no Novo Testamento.
Um exemplo interessante é Sua intercessão por Pedro, contada após o ato. A história é que Satanás chegou até Deus numa ocasião e deu sua opinião sobre Pedro, querendo, na verdade dizer: “Eu sei que Seu Filho espera desse fraco chamado Pedro. Se você apenas me permitir atingi-lo, ele vai se espalhar como pó na ventania”.
Dessa mesma maneira, Deus concedeu a Satanás permissão para tocar em jó (Jó 1:12; 2:6). Mas Jesus orou por Pedro, pedindo que a experiência pudesse fortalecê-lo mais do que destruí-lo. Ele pediu que o pó pudesse ser soprado ao longe para que mais do grão verdadeiro, que ele havia semeado ali, pudesse tornar-se invisível. Suas próprias palavras para Pedro foram: “Disse também o Senhor, Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu pra vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu quando te converteres, confirmas teus irmãos” (Lc 22; 32,32).
Sabemos, pelo desenrolar da história, que a intercessão de Cristo prevaleceu. Mais tarde, naquela noite, embora Pedro houvesse negado o Senhor em três ocasiões diferentes, a última vez com xingamentos e imprecações sua fé não falhou.
Na verdade, quando o que Pedro fizera tornou-se claro para ele com o cantar do galo, o remorso o dominou, ele saiu, e chorou amargamente. Foi para um Pedro grandemente humilhado que o Senhor veio mais tarde, com um recomissionamento para o serviço (Jo 21:15-19).
Outro exemplo da intercessão de Cristo no Novo Testamento é Sua oração pela Igreja (Jo 17), Jesus não ora para que os discípulos se tornem ricos ou para que sejam elevados a posições de respeito e poder no império Romano, ou mesmo para que sejam poupados de perseguição e de sofrimentos por causa do testemunho.
Na verdade, Sua oração é para que eles pudessem tornar-se o tipo de homens e mulheres que Ele desejava que fossem; isto é, homens e mulheres em quem as marcas da Igreja fossem evidentes: alegria, santidade, verdade, missão, unidade e amor. As preocupações de Cristo com eles (e conosco) são espirituais.
Uma palavra maravilhosa usada para designar essa função mediadora do Senhor Jesus Cristo, duplamente maravilhosa porque também é usada para se referir ao ministério terreno do Espírito Santo em nosso favor.  Na língua grega, a palavra é parakletos. Em português, ela é traduzida como consolador (embora seja a melhor tradução), conselheiro ou advogado. Ela é usada em referência ao Espírito Santo nos discursos finais de Cristo, no quais Ele fala de outro consolador (Jô 14:16; 15:26; 16:7). É usada em relação ao  próprio Jesus (1 Jo 2:1).
O sentido real da palavra vem de sua nuance legal ou forense. Literalmente, parakletos vem de duas palavras gregas separadas; Para, que significa ao lado de (como observamos nas palavras parábolaparadoxo, paralelo, entre outras), e kletos, que significa chamado (ela é também usada na palavra grega para igreja, ekklesia, que significa os chamados.
Um parakleto é portanto, chamado para auxiliar alguém lado a lado, em outras palavras, um advogado. É interessante notar que esse é o significado do vocábulo advogado que, composto por duas palavra, ad, que significa para ou em direção a, vocare, que é chamar. Logo um advogado é alguém chamado para ajudar outra pessoa.
A ilustração, então, é de algo que poderia chamar de “escritório celestial de advogados”, do qual somos clientes. Há uma filial no céu, presidida pelo Senhor Jesus Cristo, e uma filial terrena, dirigida pelo Espírito Santo. Cada uma delas defende as nossas causas. É tarefa do Espírito Santo nos levar a orar e intensificar essa oração a um ponto em que nos mesmos não conseguimos. Paulo escreveu:
“E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que haveremos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis (oração em línguas) (Romanos 8:26).
Semelhantemente, é o ministério do Senhor no céu interpretar nossas orações de modo correto, e atestar a eficácia de Seu sacrifício como base de nossa aproximação de Deus.
A conseqüência disso é que podemos ter grande ousadia na oração. Como poderíamos, de algum modo, ter ousadia se a resposta das nossas orações dependesse ou da força com que oramos ou da correção dos pedidos em si? Nossas orações são fracas, como Paulo confessa, e, muitas vezes, oramos de maneira errada. No entanto, somos ousados, pois temos o Espírito Santo para fortalecer os pedidos, e o Senhor Jesus Cristo para interpretá-los de maneira certa.
Como é bom a gente se sentir útil a outras pessoas! Busco ser assim no meu dia a dia. Por isso é que estou partilhando esse estudo dessa fonte de Teologia com vocês, em todos os sábados. No próximo sábado postaremos a ultima parte desse capítulo 12 (3ª parte), que tem por título: O REINO DE DEUS: REI. Fique em paz e que Deus vos abençoe.
                      (Erleu Fernandes).

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