Estudo do Livro Fundamentos
da Fé Cristã Nº 35
Um manual de Teologia ao alcance de todos.
Autor: James Montgomery Boice
Postado por: Erleu Fernandes da Cruz
TEMA: - LEVANDO PESSOAS A CRISTO
A segunda maneira do Espírito Santo
glorificar Jesus é levando os homens e mulheres a Ele, por meio da fé. Discorro
sobre isso em detalhes na seção deste livro intitulada: COMO DEUS SALVA OS
PECADORES. O que cabe dizer aqui é que, sem a atuação do Espírito Santo,
ninguém pode chegar a Cristo.
Depois de afirmar que enviaria o Espírito
Santo aos seus discípulos para com eles ficar para sempre, Jesus acrescentou:
“O Espírito da verdade, que o mundo não
pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque
habita convosco e estará em vós”. (João 14:17).
João chama de “o mundo” os homens e
mulheres que não tem parte com Cristo. Não sendo por meio da obra do Espírito
Santo, ninguém pode ter acesso a Jesus, nem ver, conhecer ou receber coisas
espirituais, visto que é o Espírito quem dá visão espiritual. Como Jesus
destacou: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não
pode ver o Reino de Deus”. (Jo 3:3).
Sem a ação do Espírito Santo, ninguém pode
conhecer as coisas espirituais, pois estas se discernem espiritualmente (1 Co
2:14). Ninguém pode receber o Espírito Santo ou Cristo, pois, como também
afirmou Jesus: “Ninguém pode vir à mim, se o Pai que me enviou, não o trouxer
(Jo 6:44).
O que fazer então? O Espírito Santo é que
põe fim a cegueira espiritual para que alguém possa não apenas ver a verdade,
mas compreender o que vê. Então, o próprio Espírito leva a pessoa a depositar
sua fé em Cristo, sendo Ele, portanto, responsável pela existência de todos os
cristãos na terra. Ou seja, o Espírito Santo nos leva a salvação e glorifica a
Cristo.
REPRODUZINDO O CARÁTER DE CRISTO
O Espírito Santo glorifica a Jesus
reproduzindo o Seu caráter nos cristãos. Ele o faz de três maneiras: levando os
cristãos a vencerem a sim mesmos e ao pecado; intercedendo por eles em oração e
ensinando-os a orar; e revelando a vontade de Deus para a vida deles,
possibilitando que cumpram. Esses ministérios combinados formam o fruto do
Espírito, que é a vida de Cristo em nós. Paulo falou a respeito desse fruto em
Gálatas 5:22-23:
“Mas o fruto do Espírito é: caridade,
gozo, paz, longanimidade, benignidade, fé, mansidão, temperança. Contra essas
coisas não há lei”.
Essas são as virtudes que formam, no mais
alto grau, o caráter de Jesus, devendo, por isso, formar também o caráter de
todo cristão. Comentaristas bíblicos sempre destacam o fato de eles originarem
apenas o fruto (singular), e não frutos, sendo este o que precisa estar
evidente em todos nós.
É importante diferenciar o fruto dos dons
do Espírito, os quais analisados em detalhes na última parte deste volume. Isso
foi, basicamente, o que Paulo revelou: “Mas um só e o mesmo Espírito opera
todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12:11).
Logo, independente de que função ministerial seja exercida, seja ele a de
líder, pastor, evangelista, ou qualquer outra, todo cristão deve ter o fruto do
Espírito.
A virtude mais importante é o amor (em algumas traduções aparece como caridade), visto que Deus é amor (1
Jo 4:8). Podemos confirmar isso também nas palavras de Paulo: “Portanto, agora
existem essas três coisas (virtudes teologais): a fé, a esperança e o amor
(caridade). Porém o maior deles é o amor (caridade) (1 Com 13:13).
O amor de Deus é virtuoso, pois é
imerecido (Rm 5:8), grande (Ef 2:4), transformador (Rm 5:3-5), e imutável (Rm
8:35-39). Foi com base nele que o Senhor enviou Cristo para morrer por nossos
pecados. Como cristãos, temos o Espírito Santo habitando em nós, sendo,
portanto, nosso dever demonstrar esse grande amor à humanidade: “Nisso todos
conhecerão que sois os meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo
13:35).
O gozo
é
comum nos cristãos. Mas esse difere da alegria que depende das circunstâncias,
as quais, se forem desfavoráveis, ela deixa de existir. O gozo, por sua vez,
baseia-se no conhecimento que alguém tem acerca de Deus e do que Ele fez por
nós, em Cristo.
Antes de ser preso e crucificado, Jesus
falou aos discípulos sobre o gozo: “Tenho-vos dito isso para que a minha
alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa (Jo 15:11). O mesmo
temo é abordado nos capítulos 14, 15 e talvez 16 do Evangelho de João, tendo,
aparecido, também, em Jo 17:13: “Mas, agora, vou para ti e digo isso no mundo,
para que tenham a minha alegria completa em si mesmos”.
Por conhecermos a ação de Deus em nosso
favor, podemos, como cristãos, alegrarmo-nos em meio ao sofrimento,
aprisionamento ou qualquer outra calamidade.
A paz é
o presente do Senhor à humanidade, obtida por meio da cruz de Cristo. Antes da
cruz, éramos inimigos do Altíssimo. Agora, devemos mostrar os efeitos dessa paz
em todas as circunstâncias (Fp 4:6-7), devendo esta reinar no lar (1 Co
7:12-16), entre judeus e gentios (Ef 2:14-17), na Igreja (Ef 4:3; Cl 3:15) e
nos relacionamentos cristãos (Hb 12:14).
A longanimidade
ou paciência se refere a suportar os outros, mesmo quando provado.
Deus é maior exemplo de paciência, haja vistas que inúmeras vezes teve [e ainda
tem] misericórdia dos rebeldes. Esse é um dos motivos pelos quais devemos
voltar a Ele em arrependimento por causa de nossos pecados (Jl 2:13; 2 Pe 3:9).
A benignidade
ou gentileza é a
atitude que o Senhor adota quando interage com as pessoas. Por direito, Ele
poderia exigir nossa imediata e total conformidade com Sua vontade, sendo
rígido no processo. Entretanto, Deus não é rígido, visto que relaciona conosco
como um pai que deve relacionar conosco como um pai deve relacionar-se com um
filho.
“Quando Israel era menino, eu o amei; e do
Egito chamei a meu filho. Mas, como os chamavam, assim se iam de sua face;
sacrificaram a baalins e queimavam incenso às imagens de escultura. Todavia, eu
ensinei a andar a Efraim; tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que eu
os curava. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para eles
como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei mantimento”.
(Oséias 11:1-4).
Esse deve ser o nosso modelo. Devemos
mostrar a benignidade aos outros assim como Deus nos mostra.
“Irmãos, se algum homem chegar a ser
surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com
espírito de mansidão, olhando por si mesmo, para que não seja tentado. Levai as
cargas uns dos outros e assim cumprirei a lei de Cristo”. (Gálatas 6:1-2).
A bondade é
como a benignidade, mas revela-se principalmente em situações em que não há
merecimento. Tem que ver com generosidade.
A fé,
nesse contexto, caracteriza a dignidade
ou a confiabilidade. Uma parte do caráter do próprio Deus está em jogo aqui. Servos
fieis de Cristo morrem por Ele, em vez de negá-lo; sofrem, mas mantém seu
título de cristãos. Assim é também Jesus, fiel testemunha (Ap 11:5), e Deus
Pai, que sempre age em favor de Seus filhos (1 Co 1:9; 10:13; 1 Ts 5:24; 2
Ts3:3).
A mansidão é
vista naqueles que tem tanto autocontrole que se iram somente quando realmente
(contra o pecado, por exemplo). Esse foi o caso de Moisés. A respeito dele está
escrito: “E era o varão Moisés muito manso, mais do que todos os homens que
havia sobre a terra” (Nm 12:3).
A última manifestação do fruto do Espírito
é a temperança,
que mortifica os desejos da carne e que está intimamente ligada à castidade, tanto da mente como do
corpo.
William Barclay, em Flesh and Spirit: An
examination of Gálatans 5: 19:23 [Carne e espírito: uma análise de Galatas
5:19-23], observa que essa qualidade é a que vem naquele que aceita
Cristo em seu coração, capacitando-o a viver no mundo sem deixar suas vestes
ser contaminadas por ele.
Todavia, o fato de essas nove virtudes
serem inerentes ao Espírito que habita e atua naqueles que aceitam Jesus como
Senhor nem sempre significa que todo cristão irá, automaticamente possuí-las. É
por isso que somos exortados (alertados) a andar em espírito, para não ceder à
concupiscência dele. Jesus ensinou isso na parábola da videira e das varas:
“Eu sou a videira, e meu pai é o lavrador
(agricultor). Toda vara (galho) que em mim não dá fruto, é tirada (cortada), e
limpa (podada) toda aquela que dá fruto. [...]. Estai em mim, e eu, em vós;
como a vara (galho) de si mesmo não pode dar fruto, se não estiver (presa) na
videira (ao tronco). Assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a
videira, vós, as varas (galhos); quem está em mim, e eu nele, este dá fruto,
porque sem mim nada podeis fazer”. (Jo 15:1-2, 4-5).
“Para ser frutífera, a vara (galho) deve
estar no (tronco) da videira, viva, e não morta (seca). No âmbito espiritual, isso
significa que primeiro o indivíduo deve ser cristão, pois, sem Cristo, somente
as obras da carne podem manifestar-se:
“Porque as obras da carne são manifestas,
as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias,
inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas,
homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas”. (Gálatas
5:19-21a).
O fruto do Espírito só pode manifestar-se
quando a vida de Cristo, por meio do Espírito Santo, flui no cristão.
Outro fato importante é que a videira deve
ser podada. Isso é o que lemos nos versículos iniciais em João 15, nos quais
Deus é chamado de Lavrador (Agricultor), significando que Ele cuida de nós,
expondo-nos ao sol da Sua presença, enriquecendo nosso solo e livrando-nos da
seca espiritual. Se desejarmos ser frutíferos, devemos estar ligados ao Senhor
por meio da oração, alimentando-nos de Sua Palavra e permanecendo sempre
próximos a outros cristãos.
Muitas vezes, a poda é desagradável e, até
sofrida, pois coisas que valorizamos podem ser tiradas de nós. Contudo, o
propósito dela é o que faz toda diferença na vida de todos os cristãos: a
frutificação.
LEVANDO O CRISTÃO AO SERVIÇO
Outra maneira de o Espírito Santo
glorificar Jesus a Jesus é guiando Seus seguidores no serviço cristão,
sustentando-os. Como indicam alguns capítulos anteriores, isso foi o que
aconteceu com os discípulos: o Espírito os guiava de acordo com a vontade de
Cristo, e sua postura não é diferente com os cristãos atuais.
“E, servindo eles o Senhor e jejuando,
disse o Espírito Santo: Apartai-vos a Barnabé e Saulo para a obra que os tenho
chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
E assim eles, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e Dalí
navegaram para Chipre” (Atos 13:2-4).
O Espírito Santo chama homens e mulheres
para missões específicas, mas vai com eles à missão. É evidente que Ele não tem
o mesmo chamado para todos. Deve ser por isso que não há na Bíblia detalhes
acerca do modo pelo qual os discípulos de Jesus, em Antioquia, vieram a saber
que o Espírito Santo havia designado Barnabé e Saulo para uma obra missionária.
No entanto, não é porque o Espírito Santo
chama que não devemos buscar a direção. Em Antioquia, Ele falou aos discípulos
que adorava e jejuavam ao Senhor, levando Sua obra a sério, dando tudo de si. É
assim que devemos proceder também.
Entretanto, antes de ponderar a vida
cristã consideremos o processo de tornar-se um cristão. Melhor ainda, antes
disso, porque não analisamos a mais complicada doutrina bíblica acerca da união
do cristão com Cristo, por meio da obra do Espírito Santo?
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Demos muitas glórias e
agradecimentos ao Pai do Céu Por estar nos oferecendo essa gama profunda de
ensinamento teológico. Muitos de nós ainda não tínhamos tido essa oportunidade
(como eu) de se aprofundar nesses conhecimentos sobre a ação da Trindade em
cada um de nós.
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Nosso próximo assunto será o seguinte
tema:
A UNIÃO COM CRISTO
Isso será no estudo Nº 36
Fiquem na Paz de Cristo. Amem?
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