sábado, 20 de fevereiro de 2016

ESTUDO DE TEOLOGIA Nº 38

     Estudo: Fundamentos da Fé Cristã Nº 38
     Um manual de Teologia ao alcance de todos.
         Autor: James Montgomery Boice
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz
        
     
      Tema central: 

      COMO DEUS SALVA OS PECADORES.
                
      1º Sub tema: O NOVO NASCIMENTO
     
     O nascimento de um bebê é algo tremendo, pois emociona o pai a mãe e até o médico e as enfermeiras envolvidos no parto, visto que, apesar de acostumados,  eles nunca deixam de maravilhar-se com esse milagre da vida.
     Na maioria das vezes, quando pessoas famosas tem filhos, a notícia é relatada nos jornais, nas revistas e na televisão. Entretanto, nenhum desses casos pode comparar-se ao nascimento sobrenatural do Filho de Deus. Embora o mundo hodierno tenha demonstrado interesse nesse evento, haja vista que pouco se importaram com a chegada de Cristo a terra, mas, houve celebração dos anjos no céu.
     Da mesma forma, poucos valorizam hoje o chamado novo nascimento do ser humano, que se dá após alguém reconhecer sua condição como pecador, arrepender-se e aceitar a Jesus como Senhor e Salvador, passando, assim, a ser conhecido como nova criatura. No entanto, Jesus assinalou que “há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende (Lc 15:10).
     O novo nascimento é uma “ressurreição espiritual”, a passagem de alguém que se encontrava morto em delitos e pecados para uma Nova e abundante vida. É quando um filho da ira se torna filho do Pai celestial.
     O termo teológico para esse novo nascimento é ‘regeneração’.
     2º Sub Tema:  O QUE SUCEDE À SALVAÇÃO?
    A regeneração é importante, mas não pode ser vista como um fim, e sim como um meio de salvação.
     John Murray afirmou em um de seus livros que, da mesma maneira que Deus fez a terra cheia de coisas boas para satisfazer o ser humano, ele nos abençoou com a salvação:
     “Essa superabundância se evidencia no eterno principio de Deus a respeito da salvação. Ela aparece na conquista histórica da redenção humana por meio da obra de Cristo, que foi única, e também na aplicação contínua e progressiva da redenção, até alcançar a consumação na liberdade da glória dos filhos de Deus”. (Murray, 1955, p. 79).
     As palavras ‘contínua e progressiva’ indicam que o novo nascimento, apesar de fundamental, é apenas um dos passos de um progresso de salvação que desemboca na eternidade.
     Apesar da conquista de nossa salvação pela morte de Jesus ter sido única, sua aplicação envolve uma série de atos chamados de ordo salutis ou passo da salvação [de Deus].
     Quais seriam esses passos? Um dos mais óbvios é a escolha determinante de uma pessoa por Deus realizada antes do novo nascimento [a eleição], que pode ser lida em passagens como João 1:12,13, segundo a qual “todos aqueles que são feitos filhos de Deus [...] não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”.
     Em Tiago 1:8, essa ideia é ratificada: ”Segundo a sua vontade, ele [Deus] nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criatura”.
     Há também outros processos que envolvem o novo nascimento. Em João 3:7b, lemos: “Aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”. Mais adiante, João 3:5 completou essa afirmação dizendo: “Aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.
     Não podemos deixar de mencionar que o novo nascimento precede a entrada a entrada no Reino de Deus. Em 1 João 3:9, é dito: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.
     João não quis dizer, com isso, que somos perfeitos. Antes, sustentou que os cristãos também pecam eventualmente. Se o negarmos, estaremos enganando-nos ou mentindo: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós (1 João 1:8).
     Dessa forma, João se refere a santificação, que, sendo sucessora da regeneração, é o crescimento progressivo em santidade de qualquer que tenha se tornado filho de Deus.
     Em Romanos 8:28-30, são mencionadas a justificação e a glorificação do processo de salvação:
     “E sabemos que todas essas coisas contribuem justamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conforme à imagem de seu Filho, a fim de que seja ele o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e ao que chamou a esses também justificou, e aos que justificou, a esses também glorificou”.
     Nessa passagem, a onisciência e a presciência de Deus respondem pela eleição/predestinação de alguém que é chamado e justificado por Cristo, sendo posteriormente glorificado como ápice da obra de redenção.
     Tomando como base o ensino de Paulo, podemos dizer que a justificação pressupões a fé: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). Logo, é possível afirmar que a fé vem antes da justificação, mas é acrescida depois da regeneração. A santificação se sucede à justificação e antecede a glorificação.
     Esses passos poderiam ser subdivididos e, até, combinados, sem alterar seu sentido original. Contudo, essa é a seqüência da salvação apresentada na Bíblia, a qual nos ajuda a entender o processo por meio do qual Deus nos salva.
     Antes de qualquer outra coisa está a eterna soberania do Senhor, que lhe dá o direito de livre escolha em todos os aspectos da vida [respeitando, é claro, o nosso livre arbítrio]. Quanto à nossa experiência pessoal, o primeiro passo é nossa regeneração espiritual.
            3º Sub Tema:   A INICIATIVA DIVINA
     O renascimento é uma metáfora do passo inicial da salvação usada por Jesus Cristo para nos mostrar a necessidade de um novo começo. Mas Ele não disse que precisamos renascer fisicamente, pois, como Nicodemos, isso não faria sentido?
     “Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer [...] Nicodemos respondeu e disse: Como pode ser isso”? (João 3:4,9).
     De fato, precisamos renascer espiritualmente para ter um novo começo, pois, com nossos pecados, arruinamos o início que tivemos no Edem, com Adão. É essencial que possamos dizer: “As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:17).
     A regeneração é obra de Deus, e não do ser humano pecador. Assim como um bebê não pode nascer por vontade própria, visto que a concepção dele depende da fecundação de um óvulo por um, espermatozóide, o renascimento espiritual se inicia pela vontade de nosso Pai celestial, fugindo, assim, de nossa alçada.
     Na primeira referência ao novo nascimento no Evangelho de João podemos ler o seguinte:
     “Mas a todos quanto o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem em seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus. (João 1:12-13).
     Nessa passagem o apóstolo João ressaltou que ninguém renasce espiritualmente por vontade da carne humana. Os que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus, são os regenerados espiritualmente.
     Há quem considere aqueles que pertencem a uma mesma linhagem de família rica como pessoas de sangue nobre. Assim, no tempo de Jesus, milhares de judeus se consideravam justos perante Deus simplesmente porque eram descendentes de Abraão: “Somos descendentes de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: sereis livres”? (João 8:33). Foi para pessoas como essas, que se vangloriavam de suas origens, que Paulo escreveu aos Filipenses 3:4-7:
     “Se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu, segundo zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas, o que para mim era ganho reputei-o em perda por Cristo”.
     Abraão recebera promessa de que Deus estaria com ele e com seus descendentes, abençoando-os para sempre. Por conseguinte, isso fez com estes pensassem que sua justificação estaria garantida somente com base nessa herança genética e religiosa. Ante essa visão equivocada, Jesus explicou que Deus está interessado em um relacionamento espiritual, e, por causa da corrupção de suas ações, aqueles que recusavam o Messias e mentiam acerca dele seriam considerados filhos do maligno:
     “[Disse-lhe Jesus] Vós tendes por pai o diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”. (João 8:44).
     Da mesma forma, muitos hoje, se acham justos por terem nascido num lar cristão ou país cristão. Todavia, a linhagem humana não garante a salvação de ninguém.
     A declaração de João de que o nascimento não depende da vontade da carne (Jo 1:12,13) é mais difícil de interpretar. Sto. Agostinho, assim como eu, compreendeu essa citação da seguinte forma: a expressão ‘não do sangue’ seria uma referência ao nascimento humano, sendo uma frase ’não da vontade da carne’ uma alusão à tarefa da mulher na reprodução, enquanto não da vontade do varão (homem) nos remeteria à responsabilidade do homem nesse processo.
     Para Lutero, a vontade ‘não da carne’ diz respeito ao ato de adoção; para Frederick Godet, a imaginação sexual; e para Calvino, a força da vontade. No Novo Testamento, a palavra ‘carne’ se refere ao nosso apetite natural, nossos desejos sexuais e emocionais. Logo, aproximamo-nos da forma como João articulou seu pensamento ao dizermos que ninguém pode tornar-se filho de Deus por meio de sentimentos e emoções.
     Hoje, muitos pensam que são cristãos simplesmente porque se emocionaram durante as reuniões da igreja ou porque, alguma vez, já choraram após um culto evangélico. É certo que a emoção pode acompanhar de uma experiência genuína de renascimento, mas este não é reproduzido por aquela (emoção).
     O terceiro termo ‘nem da vontade do varão”, é fácil de entender. Ninguém pode tornar-se um filho de Deus por vontade própria.
     Nesta vida biológica, podemos interferir no crescimento de alguém, mas não podemos determinar o novo nascimento dessa maneira.
     É possível alguém com poucos bens, poucos valores, pouca educação e poucos talentos, ao empenhar-se com dedicação, estudando à noite e trabalhando em um emprego melhor, consiga até mesmo enriquecer um dia, talvez entrando para a política para se tornar um parlamentar e, quem sabe, até o próprio presidente. Sem dúvida, a história dessa pessoa seria um exemplo de superação, de esforço e de sorte. Mas nada a tornaria filho natural de pais que não fossem os biológicos.
     De modo semelhante, nada pode torná-la um filho de Deus se o próprio Senhor não realizar esse novo nascimento. Somente pela graça divina podemos tornar-nos filhos do Altíssimo. Apesar de Deus não interferir em nosso livre-arbítrio no que se refere na decisão de crer em Jesus como nosso Salvador, Ele gera em nós a fé para salvação, visto que o próprio Senhor tomou a iniciativa de plantar Sua vida divina em nós.
     .................................................................
     
     ..................................................................
     A continuação desse estudo terá como 4º sub-Título:
                          O VENTO E ÁGUA
     Que Deus vos guarde e vos abençoe agora e sempre. Amem?

0 comentários:

Postar um comentário