sábado, 6 de fevereiro de 2016

ESTUDO: TEOLOGIA Nº 36

Estudo Fundamentos da Fé Cristã Nº 36
     Um manual de Teologia ao alcance de todos.
         Autor: James Montgomery Boice
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz
    Nosso próximo assunto será o seguinte tema:
                  
        A UNIÃO COM CRISTO 
     
     A união com Cristo por meio do Espírito Santo não é um assunto periférico na teologia bíblica e, apesar de amplamente negligenciado, é um conceito chave para a compreensão dos ensinamentos do Senhor, como pretendemos mostrar neste capítulo.
     De acordo com o comentarista bíblico James S. Stewart, esse tema é o “coração da religião de Paulo” (Stewart, p. 147), sendo, portanto muito importante para o mesmo.
     Jonh Murray, por sua vez, afirmou que “a união com Cristo é a verdade central de toda a doutrina da salvação” (Murray, 1995, p. 170).
     Seguindo a mesma linha de pensamento, Calvino [em As Institutas] explicou a questão dizendo que somente essa união garante veracidade do título de Salvador atribuído a Jesus.
A.W.Pink, comentarista que talvez seja o mais enfático de todos, declarou que a união espiritual é a questão mais importante, profunda e abençoada de todas as contidas nas Sagradas Escrituras, embora, infelizmente, seja nas mais negligenciada (Pink, 1971, p. 7).
     Na realidade, a própria expressão união espiritual é desconhecida por muitos cristãos. Quando empregada, seu significado muda tanto que esta acaba reduzindo-se a fragmento da verdade que representa.
     Esse tema é, sem dúvida, indispensável para a compreensão da tarefa do Espírito Santo de aplicar benefícios da expiação de Jesus no cristão.
     UNIÃO PASSADA, PRESENTE E FUTURO.
     Assim como a maioria dos ensinos neo-testamentários, as sementes dessa doutrina estão nas palavras de Jesus, registradas nas Escrituras quase sempre por meio de metáforas, entre elas a da videira e das varas (galhos), a saber:
     “Estai em mim e eu em vós; assim como a vara (o galho) por si mesma não pode dar frutos, se não estiver (ligada) na videira, assim também vós, se não estiverdes (ligados) em Mim. Eu sou a videira, vós, as varas (galhos); quem está em mim, e eu nele, este dá frutos, porque sem mim nada podeis fazer”. (João 15:4-5).
     Em outra ocasião, Jesus se comparou a um pão que deve ser comido e a água da vida, que deve ser bebida:
     “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede”. (João 6:35).
     “Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é que lhe diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria a água viva. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens (a caçamba e a corda) como tirar a água, e o poço é profundo; onde, pois, tens a água viva? É tu és maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e os seus gados? Jesus respondeu e disse-lhe: Qualquer que beber dessa água tornará a ter sede, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. (João 4:10-14).
     Na oração de Jesus registrada por João 17, essa união foi discutida explicitamente: “Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que,  pela sua palavra, hão de crer em mim, para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. [...] Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim”. (João 17:20,21,23.
     Nos escritos de Paulo, essa doutrina foi desenvolvida e enfatizada. Ele usou a expressão em Cristo e seus equivalentes 164 vezes em suas epístolas.
     O apóstolo em questão ensinou que, em Cristo, fomos eleitos antes da fundação do mundo (Ef 1:4); fomos, também, chamados (1 Co 7:22) e vivificados por Ele (EF 2:5); justificados (Gl 2:17) e santificados nele (1 Co 1:2); criados por nele para as boas obras (Ef 2:10 e o conhecimento (1 Co 1:5, bem como ressuscitado com Ele na Sua ressurreição (Rm 6:5).
     Paulo sustentou ainda que, em Cristo, encontramos redenção (Rm 3:24), vida eterna (Rm 6:23), justiça (1 Co 1:30), sabedoria (1 Co 4:10), liberdade da Lei (Gl 2:4 e todas as bênçãos espirituais (EF 1:3). Baseando-se nisso, ele testemunhou o seguinte:
     “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”. (Gálatas 2:20).
     Diante de tudo o que foi exposto, é possível afirmar que a união com Cristo é um conceito muito amplo, responsável por tratar não somente da nossa experiência com Jesus no presente, mas também no passado e no futuro.
     Em primeiro lugar, devemos considerar que a fonte da salvação na eleição realizada por Deus Pai, antes da fundação do mundo, por meio de Cristo:
     “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo. Para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade (amor)”. Efésios 1:3-4).
     Mesmo que não compreendamos o significado dessa eleição divina em sua totalidade, é possível entender que os propósitos do Senhor para a nossa vida envolvem a salvação, a qual foi planejada desde o princípio.
     Donald G. Barnhouse afirmou que a primeira obra do Espírito Santo em nosso favor foi eleger-nos membros do Corpo de Cristo (Barnhouse, 1958. P. 35).
     Em seus decretos eternos, Deus decidiu que, dentre a multidão de filhos em Adão, muitos se tornariam Seus filhos, os quais viriam a ter natureza divina, sendo feitos a imagem do Senhor Jesus Cristo. Estes, mediante a plenitude do Espírito que preenche tudo em todos, iriam torna-se, por meio do novo nascimento, família de Deus e membros do corpo de Cristo.
     Em segundo lugar, no presente, estamos unidos a com Jesus em nosso novo nascimento. Ele falou sobre isso com Nicodemos, dizendo:
     “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”. (João 3:5).
     Por essa razão, Paulo disse: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é” (2 Co 5:17a).
     A vinda de Jesus ao mundo aponta para o nosso novo nascimento. Quando Maria engravidou, a vida imaculada e santa de Deus Filho foi colocada em seu corpo material sujeito à corrupção pelo pecado. Assim, durante a gestação, podemos dizer que a corruptibilidade humana foi revestida da santidade divina, coexistindo no interior da virgem.
     De forma semelhante, quando o Espírito Santo faz morada em nosso coração, experimentamos a vida divina em nós. Podemos até apresentar a Deus o mesmo questionamento de Maria: “Como se fará isso” (Lc 1:34)? Mas a resposta está nas palavras do anjo: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado filho de Deus”. (Lucas 1:35).
     Não nos tornamos seres divinos, como algumas religiões orientais crêem, mas o Espírito Santo passa a habitar em nós, para que possamos ser chamados filhos e filhas de Deus. Por termos nos identificados com Jesus no momento de Sua morte na cruz, a redenção e a remissão do pecado nos foram asseguradas. Como Paulo bem afirmou:
     “Não sabeis que todos quanto fomos batizados em Cristo fomos batizados em sua morte”? (Rm 6:3).
     “Em quem temos a redenção pelo seu sangue”. Efésios 1:7a).
     Quando Jesus foi crucificado, todos os que, pela fé, uniram espiritualmente a Ele também o foram. O Pai permitiu que Cristo morresse em nosso lugar. Se somos um com Cristo, devemos identificar-nos com ele em Sua morte, a fim de que, por meio de Seu sacrifício, podemos ser libertos da escravidão do pecado.
     Há um hino, composto por Henry G. Spafford, que expressa bem essa questão:
     “Meu pecado, oh, que glorioso pensamento! / Meu pecado, não em parte, mas por completo. / Foi pregado na cruz e não está mais comigo / Glorie a Deus, Glórie a Deus, ó, min’alma”!
     A união espiritual com Cristo nos garante que somos um com Ele não só em Sua morte, mas também em Sua vida.
     No sexto capítulo de Romanos, Paulo declarou:
     “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida (em vida nova). Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança de Sua morte, também o seremos na sua ressurreição; sabendo isto; que o nosso velho homem (velha criatura humana) foi com ele crucificado, para que o corpo de pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que com ele viveremos, sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre; a morte não mais terá domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivo para Deus, em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Romanos 6:4-11).
     Por meio da crucificação, o poder do pecado foi quebrado e fomos libertos para obedecer a Deus e crescer em santidade. Nele temos assegurada nossa ressurreição final e nossa glorificação:
     “Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança de sua morte, também o seremos na da sua ressurreição”. (Romanos 6:5)
     E, se nós somos filhos, somos logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos (o aceitamos com Senhor e Salvador e fomos batizados nele), para que também com ele, sejamos glorificados”. (Romanos 8:17).
     O fato de estarmos unidos com Cristo implica que devemos esforçar-nos para sermos iguais a Ele. Essa união é a garantia de nossa salvação, devendo portanto, ser eterna, para que sempre estejamos com Jesus (João 1:32).
     Segundo Murray:
     “A união com Cristo tem origem na eleição do Deus Pai antes da fundação do mundo e tem a sua fruição na glorificação do Filho do Altíssimo. A perspectiva do povo de Deus não se limita a tempo e espaço. Seu limite é a eternidade. Ela tem dois focos: o amor de Deus Pai que o levou a eleger-nos e a glorificação com Cristo na manifestação de sua glória. O primeiro não tem princípio e o segundo não tem fim”. (Murray, 1955. P. 164).
     Sem Cristo, encontramo-nos em um estado de profundo caos. Por outro lado, com ele tudo é diferente, visto que Deus transforma as calamidades em paz e alegrias incomparáveis.
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     Glória a Deus amigos, daqui do Blog Jerusalém; que já estamos concluindo a publicação nº 36. Só tenho a agradecer a Deus e cada um de vocês que lêem e bebem destas verdades teologais que antes não sabíamos. Fiquem com Deus e que Ele continue vos abençoando.
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Próxima publicação, para o próximo sábado será o Nº 37, será uma continuação desta. Terá por título:
        MISTÉRIOS DA UNIÃO COM CRISTO

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