sábado, 27 de fevereiro de 2016

ESTUDO TEOLÓGICO - 39

     Estudo Fundamentos da Fé Cristã Nº 39
     Um manual de Teologia ao alcance de todos.
     Autor: James Montgomery Boice
     Postado por: Erleu Fernandes da Cruz
     O tema para nosso próximo sábado é:
                  Tema central:
        COMO DEUS SALVA OS PECADORES.
          4º Sub tema:  O VENTO E A ÁGUA
     

     A metáfora do novo nascimento também nos ajuda a entender o que acontece quando Deus toma a iniciativa da salvação.
     Nicodemos foi a Cristo para tratar acerca da realidade espiritual, mas Jesus respondeu a indagação dele dizendo que ninguém pode entender as coisas do Espírito sem nascer de novo; “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus (Jo 3:3).
     A palavra traduzida como ‘de novo’ é ‘anõthen’, que também significa ‘do alto’. O que Jesus queria que Nicodemos entendesse era que, para alcançar a compreensão das coisas de Deus, o líder religioso primeiro, deveria ser transformado pela graça:
     “Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, já sendo velho: Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus [...] o vento sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”. (João3:4,5,8).
     Tendo identificado a fonte de regeneração espiritual, Jesus, então, falou como ela ocorre. Mas o que significa nascer da água e do Espírito? E por que Jesus menciona o vento?
     Existem vária explicações para isso. Uma delas sustenta que água representa o nascimento físico, sob argumento de que essa água mencionada estaria, de alguma forma, ligada ao líquido aminiótico que protege o bebê no útero da mãe. Essa teoria sustenta também que a menção do vento (spiritus) implica uma referência ao Espírito Santo.
     De acordo com essa visão, Jesus quis dizer que a salvação de uma pessoa, depende primeiro do nascimento físico e, depois, do espiritual, o que é bastante lógico, visto que, para nascer do Espírito e ser salva, é preciso que a pessoa esteja viva fisicamente. Contudo, não parece ter sido este o argumento de Jesus.
     Em primeiro lugar, o termo água não foi usado nesse sentido em nenhuma outra parte da Bíblia, pois essa é uma visão moderna acerca do assunto. Além disso, essa referência é necessária à necessidade do nascimento físico parece óbvia demais para ter sido feita por Jesus, sendo difícil crer que Ele tenha desperdiçado palavras dessa maneira.
     Em terceiro lugar, a palavra água não poderia referir-se ao nascimento físico, pois, como vimos em João 1:13, este não tem parte com a regeneração: “Os que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”.
     Outra interpretação dessa ideia seria que essa água se trata da que é utilizada no batismo cristão, mas esse capítulo não trata de batismo. Na verdade, é ensinado na Bíblia que ninguém pode ser salvo por meio de ritos religiosos (1 Sm 16:7; Rm 2:28,29; Gl 2:15,16; 5:1-6). O batismo, é portanto, um importante sinal de algo que já aconteceu, mas não um meio pelo qual somos regenerados.
     William Barclay, por sua vez, interpretou o termo água e vento metaforicamente, considerando a água um símbolo de purificação, o vento, de poder, o que implica, então, o fato de que a pessoa deve ser purificada e cheia de poder (Barclay, 1956, p. 119).
     Apesar de os pecadores terem de purificar-se de seus pecados e de, como cristãos, sermos donos do privilégio de receber poder do alto, é difícil entender o sentido de João 3:4-8 dessa maneira, pois, em todo o Novo Testamento, a purificação e o poder do alto aparecem como posteriores ao novo nascimento, ao contrário do que acontece na passagem em questão, na qual os termos água e vento são retratados como formas pelas quais esse nascimento se dá. Além disso, nem a purificação nem o poder tem relação com a metáfora do nascimento.
     Kenneth S. West propôs uma quarta explicação para essa passagem, baseada no uso da água como referência ao Espírito Santo, que, em geral, é bem comum no Novo Testamento (West, 1966, p.55-57).
     Em joão 4, por exemplo, Jesus disse à mulher samaritana:
     “Aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. (João 4:14).
     Mais adiante, em João 7:37,38, a mensagem de Jesus soa idêntica:
     “E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que cressem; porque o Espírito ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”. (João 7:39).
     West também mencionou passagens no livro de Isaias que corroboram essa teoria:
     “[Disse Deus] Porque derramarei água sobre os sedentos e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes”. (Isaias 44:3).
     “Ó vós todos que tendes sede, vinde ás águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”. (Isaias 55:1).
     É possível que ambas as passagens fossem do conhecimento de Nicodemos. Se essa for a interpretação correta, da água e do Espírito serão termos retumbantes, sendo o papel da conjunção aditiva  e meramente enfático. Contudo, embora a aplicação de West seja boa, sempre esperei mais dessa passagem.
     Além da metáfora  para o Espírito, a água é também usada na Bíblia para se referir à Palavra de Deus. Em Efésios 5:36 está escrito “que Cristo amou a Igreja e se deu por ela para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra”.
     Em João 5:8, o autor do quarto Evangelho disse que “três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue”. Como ele começou a falar de algo que testifica o fato de a salvação estar em Cristo, o Espírito deve referir-se ao testemunho divino no indivíduo; o sangue, ao testemunho histórico da morte de Cristo; e a água, às Escrituras (Palavra de Deus).
     A mesma ideia está em João 15:3, onde Jesus disse: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.
     Outra passagem importante é a que, mesmo sem utilizar a palavra água metaforicamente, cita a Palavra de Deus como o canal por meio do qual o novo nascimento acontece. Trata-se de Tiago 1:18: “Segundo a sua vontade, ele [Deus] nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias da sua criatura”.
     Quando analisamos as palavras de Cristo a Nicodemos à luz dessas passagens, podemos ver Deus como Criador e Pai dos Seus filhos, e Sua Palavra como algo inspirado pelo Espírito Santo, o qual funciona como meio pelo qual a nova vida espiritual pode ser proporcionada a nós.
     Em outras palavras, quando, em João 3:5, Jesus usou metaforicamente a água e o vento, o primeiro elemento estava relacionado a Palavra de Deus; o segundo, ao Espírito Santo, Jesus quis ensinar que, quando a Palavra é compartilhada, ensinada, pregada ou feita conhecida de qualquer outra forma, o Espírito Santo a usa para trazer nova vida espiritual em quem Deus estiver salvando. É para isso que está escrito na Bíblia que ”Aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação” (1 Co 1:21; Rm 10:14,15).
     5º sub-tema: A CONCEPÇÃO ESPIRITUAL.
     Há mais uma passagem bíblica que aborda o novo nascimento de maneira mais clara:
     “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela Palavra de Deus, viva e que permanece para sempre”.  (1 Pe 1:23).
      Nesse capítulo de 1 Pedro, o apóstolo afirmou que só passamos a fazer parte da família de Deus por meio da morte de Cristo e da fé:
     “Sabendo que não foi com coisas corruptível, como prata e ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um madeiro imaculado e incontaminado [...] E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus”. (1 Pedro 1:18,19,21).
     Ao afirmar que a Palavra de Deus exerce uma ação fecundativa semelhante à do espermatozóide, Pedro enfatizou que Deus é nosso Pai. A Vulgata Latina deixa isso mais claro que outras versões da Bíblia, pois a palavra usada na passagem é ‘sêmen’.
     Coloquemos os ensinos e as metáforas dessas passagens lado a lado. Deus primeiro planta em nosso coração o que podemos chamar de “óvulo da fé salvadora”, pois está escrito na Bíblia que “nem mesmo a fé parte de nós, visto que ela é dom de Deus” (Ef 2:8). Depois Ele manda a semente de Sua Palavra que contem vida divina, para penetrar o ‘óvulo da fé’. O resultado é a concepção da nova criatura, a ser regenerado.
     Sendo assim, uma nova vida espiritual vem à existência, uma vida que tem suas origens em Deus, sem nenhuma ligação com nosso pecado. É por essa razão que agora podemos dizer: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: e as coisas velhas se passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17).
     Jamais somos os mesmos depois que o Espírito Santo entra e implanta a vida de Deus em nós. Aleluia!
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      Graças a Deus que encerramos esse Tema Central: COMO DEUS SALVA OS PECADORES, incluindo seus cinco sub-títulos. Nosso próximo Tema Central no capítulo seguinte, (estudo 40) é: FÉ E ARREPENDIMENTO com seus quatro sub-títulos: FÉ: A ESCRITURA, A CIÊNCIA DA FÉ, O AMOR E O COMPROMETIMENTO,  A FÉ DE ABRAÃO.
Fiquem em paz e que Deus vos abençoe e vos guarde.

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