sexta-feira, 1 de abril de 2016

ESTUDO DE TEOLOGIA Nº 44

      Estudo Fundamentos da Fé Cristã Nº 44
      Um manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema central:
      A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ E O PAPEL DAS OBRAS.

     O capitulo anterior observou que a justificação é obra de Deus, totalmente independente do que qualquer indivíduo possa fazer. Isso é, ela não depende de boas obras nem de qualquer forma de melhoria ou de esforço por parte do ser humano.
     O argumento usado para sustentar essa posição foi o da perspectiva de alguém que ainda não é cristão. No entanto, temos de pensar na questão sob o olhar  de quem já creu em Cristo e foi justificado.
     A justificação se dá pela graça de Deus, por meio da fé, não de obras.
     “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”. (Efésios 2:8,9).
     Então, obras não têm vez no cristianismo hoje? Em caso afirmativo, o cristianismo pode estar promovendo uma conduta imoral. Por outro lado, se elas ainda têm vez, será que o sacrifício de Cristo pode não sido bastante para salvar-nos?
     Este é um ponto em que a Teologia da Igreja Católica e a da Igreja Protestante discordam mais radicalmente. Embora muitos católicos concordem com os protestantes que a justificação se dá pela graça de Deus, por meio da fé, para eles, as obras são essenciais à justificação no sentido de que Deus nos purifica em parte, produzindo boas obras em nós, para sermos justificados pela fé e por boas obras. Nós, os protestantes, respondemos – ou deveríamos responder – que somos justificados somente pela fé em Cristo, e que as obras devem, necessariamente, existir, se fomos verdadeiramente justificados.
     A diferença pode ser apresentada de duas fórmulas:
     A teologia católica declara: fé + obras = Justificação.
     Já a protestante afirma: fé = justificação + obras.
     Calvino apresentou a visão protestante da relação entre fé, justificação e obras quando disse:
     “Por que então somos justificados pela fé? Porque pela fé entendemos a justiça de Cristo, pala qual nos reconciliamos com Deus. Não poderíamos entendê-la sem entender também a santificação, pois Ele para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção (1 Co 1:30). Por conseguinte, Cristo não justificou  pessoa alguma que também não se santifica. Esses benéficos se unem por meio de um laço eterno e indissolúvel, para que aquele a quem Ele ilumina por Sua sabedoria sejam redimidos. Aqueles que Ele redime são justificados, bem como aqueles que Ele justifica são santificados. [...] Então, fica claro, que somos justificados não sem obras ou por meio das obras, pois, ao tomarmos nossa cruz e seguirmos a Jesus, que nos justifica, a santificação é tida como justiça”. (Calvino, 1960, p. 798).
     1º Sub-tema: O PAPEL DAS OBRAS
     Em Efésios 2:8-10, lemos o ensino de Paulo, o grande defensor da justificação pela fé:
     “Porque pela graça sois salvos por meio da é, e isso  não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”.
     Mais de um comentarista bíblico observou que há uma repetição da palavra ‘obras’ nos versículos 9 e 10. A primeira menção é negativa; ela diz que, por sermos salvos pela graça, por meio da fé, não somos salvos por obras – ou então seria possível que uma pessoa já salva se vangloriasse diante de quem não pratica as mesmas obras e, portanto, não é salvo.
     Esse versículo repudia a ideia de as obras nos favorecerem, de algum modo, para a nossa justificação. Quando pensamos assim, depositamos a nossa confiança em obras, e não na obra completa do sacrifício de Cristo na Cruz. Na verdade, não podemos ser salvos de graça em graça e fé ao mesmo tempo.
     Por outro lado, Paulo, logo após rejeitar a eficácia das obras na justificação, retoma o tema, dizendo que “fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10). Ou seja, a ausência de boas obras evidencia a não justificação do indivíduo.
     Isso é uma contradição? De maneira nenhuma! É meramente uma forma de dizer que, apesar de a justificação descrever um importante aspecto do que significa ser salvo, esse não é o papel da salvação. Deus justifica, mas isso não é tudo o que ele faz; Ele também regenera. Não há justificação sem regeneração, assim como não há regeneração sem justificação.
     A reneração é um termo teológico para o novo nascimento [renascimento) e que Jesus aludiu na conversa com Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3:7b). Jesus está dizendo que Nicodemos precisava de um novo começo, [renascer pelo batismo cristão) como resultado da nova vida de Deus sendo dada a ele. Foi isso que Paulo falou nesse mesmo capítulo de Efésios, que descreveu “como Deus [...] estando nós ainda mortos com nossas ofensas (pecados), nos vivificou juntamente com Cristo (Efésios 2:4-5).
     Foi também o que Paulo indicou no versículo 10, pois essa passagem diz não somente que Deus nos manda praticar boas obras, mas também “que fomos criados [...] para as boas obras” as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Logo, se fomos criados pelo Altíssimo especialmente para realizar as boas obras, nós o faremos – sendo salvos ou não.
     Em minha opinião, apesar de sua importância, esse é um dos ensinos mais negligenciado da Bíblia hoje, pelo menos nos Estudos Unidos. No início desse capítulo, contrastei a teologia protestante com a católica  tradicional, mostrando como os protestantes (evangélicos) ensinam que a fé = justificação + obras – o que defendo, -- enquanto  os católicos ensinam que fé + obras = justificação (salvação).
     Discordo da teologia católica, mas o que dizer de uma teologia que predomina hoje que não deixa espaço para as boas obras? O que dizer de um ensinamento que exalta a justificação, mas negligencia a santificação e o perdão, além de não evidenciar uma mudança de vida? O que Jesus diria de tal teologia?
     Quando estudamos os ensinos de Cristo, vemos que ele insistia na mudança de comportamento. Ele ensinava (e ensina hoje) que a salvação se dá pela sua obra na cruz. “Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10:45).
     Porém, Jesus ainda declarou:
    “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lucas 9:23).
     “E porque me chamas Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos digo? Qualquer que vem à mim, e ouve a minha palavra, e a observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: é semelhando ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa e não a pode abalar, porque estava fundada (edificada) sobre rocha (Jesus). Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que construiu a sua casa sobre terra (areia do mundo), sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente (enxurrada), e logo caiu, e foi grande a ruína daquela casa” (Lucas 5:20).
     A seus discípulos falou: “Aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 10:22b). E aos judeus de seus dias: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt 5:20).
    Essas passagens ensinam que o salvo deve praticar boas obras até morrer. Ademais, esses textos deixam claro que o nosso papel é só demonstrar um comportamento genuinamente transformado e realizar boas obras, mas que nossas boas obras devem exceder as (falsas) boas obras do outros.
     Eu parafrasearia Mateus 5:20 dizendo: “Se vocês, que se dizem cristãos, que professam que são justificados pela fé e confessam que não tem com o que contribuir para sua justificação, não tiver uma conduta melhor que a das pessoas que se acham as mais pias [perfeitas] (que acham que são salvas pelas obras), não entrarão no Reino de Deus, pois não são cristãos verdadeiros”.
     Isso para John H. Gerstner, foi o que chamou de ‘apologética embutida’, pois ninguém além de Deus, poderia criar uma religião assim:
     “Ao encontrar uma pessoa que tem princípio morais e boa conduta em alta estima, tem certeza que ela acha que pode justificar-se pela obras. Por outro lado, ao encontrar outra pessoa que exalta a graça divina, que sabe o quão é inútil tentar justificar a si mesma e que não se contem ao falar sobre o sangue de Jesus e a salvação plena e gratuita que Ele traz, [e diz que] ela não deve fazer mínimo esforço para realizar boas obras. A primeira cai no erro da auto-salvação; já a segunda, no antinomianismo [doutrina que nega ou diminui a importância da Lei de Deus na vida do cristão]. Contudo, a religião cristã, enquanto prega a graça pura e simplesmente e exclui o mérito de qualquer contribuição de nossa parte, ao mesmo tempo, requer de nós as mais exigentes condutas. [...] Você não pode, em momento algum, dizer algo diferente disso: “Nada trago a Ti, Senhor! / Espero só em Teu amor”! Só podemos ser justificados pela fé. Portanto, se verdadeiramente esperamos no amor de Deus, abundaremos nas obras do Senhor e viveremos um excelente padrão de conduta”. (Gerstner, 1977, p. 43-44).
    2º Sub-tema: É DEUS QUEM TRABALHA.
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    Seria muito bom se pudéssemos digitar este  tema inteiro, mas, para não tornar cansativa a vossa leitura e para lhes dar um melhor discernimento do assunto desses dois primeiros assuntos; a gente continua no próximo Estudo, o Nº 45, com o próximo sub-tema:
             É DEUS QUEM TRABALHA.
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     Deus vos abençoe e vos guarde. Jesus te ama”.

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