sexta-feira, 15 de abril de 2016

ESTUDO TEOLÓGICO nº 46

      Estudo Fundamentos da Fé Cristã Nº 46
      Manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema central: AS PROVAÇÕES
      Qualquer um que já tenha trabalhado com recém-convertidos ao cristianismo sabe que, freqüentemente, surgem dúvidas depois que a pessoa aceita Cristo.
     A expectativa inicial do cristão é a de alegria. Como se encontrava perdido nas trevas do pecado e da ignorância, ele passa a estar na luz de Deus. Antes, encontrava-se distante do Senhor, agora, está perto dele. Entretanto, com o passar do tempo, o novo na fé se pergunta se algo realmente mudou, se ele é realmente uma nova criatura, ainda que pareça ser a mesma pessoa de antes. Ele é tentado do mesmo modo, ou pior, continua tendo os mesmos problemas de caráter e parece já não sentir mais a grande alegria de outrora. Nesse momento, o cristão em geral se questiona se é possível saber se foi salvo de verdade ou não. Normalmente, ele faz a seguinte pergunta: “Como posso ter certeza que fui justificado”?
     O mesmo questionamento incomoda cristãos mais antigos. Ele pode surgir ao longo de sua vida espiritual como resultado de um problema de saúde, de uma crise na carreira, da perda de alguém por meio da morte ou do pecado, da depressão ou resultante de uma dessas crises, etc.
     Esse questionamento é preocupante, pois pode afetar tremendamente a vida do cristão. Como seguidores de Cristo, somos chamados para servir aos outros e a Deus. Contudo, como será possível podermos servirmos aos outros se não tivermos certeza de nossa própria salvação?
     Na época em que Martinho Lutero lutou com essa questão, ele era um monge que não saía do monastério. Depois, quando soube que havia sido salvo por meio da morte de Cristo e justificado por Deus, deixou o mosteiro a fim de implementar a Reforma Protestante. Nesse sentido, como podemos lançar-nos para Deus estando trancados em um monastério de dúvidas?
     1º Sub-tema: GARANTIA PARA O CRISTÃO.
     Toda a primeira epístola de João foi escrita para responder essa questão. As igrejas para as quais João estava escrevendo haviam recebido um ensino apostólico, mas, antes de sua primeira epístola ser escrita, membros de certas congregações estavam saindo do seio da Igreja para fundar uma nova sociedade (nova seita).
     “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós”. (1 João 2:19).
     Sem dúvida, esses ex-membros sustentavam que suas próprias crenças eram superiores às dos cristãos. Pouco se sabe sobre essa descrição. Obviamente, não mais do que João mencionou a respeito em sua epístola. Todavia, certamente já era uma forma prematura de que hoje se chama gnosticismo.
     Os gnósticos se consideram os detentores da verdade. Na realidade, isso é o que significa gnóstico. Os que fazem parte desse grupo insistem que a salvação se dá, principalmente, por meio do conhecimento, isto é, de uma iniciação em um conhecimento místico e superior. Geralmente, o gnosticismo deprecia a boa conduta moral, e seus adeptos dizem que não tem pecado, que nunca pecaram e/ou que podem ser chamados com Deus mesmo pecando.
     Os gnósticos também crêem que a matéria, em essência, é má, mas que o espírito é bom, e que é impossível haver união entre as duas coisas, por isso a depreciação da boa conduta moral. Para eles, a salvação se dá no espírito, que é bom. Isso produziu uma religião filosófica à parte da história. Segundo os gnósticos, a encarnação do Filho de Deus não aconteceu, pois seria impossível, uma vez que, se a matéria é má, Deus nunca poderia ter tomado uma forma humana. A encarnação deveria ter-se dado apenas na aparência.
      A princípio, muitos cristãos se confundiram com esse ensinamento; afinal, os novos mestres pareciam ser brilhantes. Estavam eles certos? Deviam as velhas práticas serem abandonadas? Será mesmo que a crença antiga dos cristãos servia apenas para separá-los para um “cristianismo superior e mais autêntico”?
     João respondeu a essas perguntas, primeiro, por meio de uma afirmação categórica de que os cristãos podem e devem saber que têm a vida eterna, e, segundo, por meio de uma apresentação de três testes práticos para resolver a questão.
     2º Sub-tema: O CONHECIMENTO DO CRISTÃO
     Em sua primeira epístola, João disse, de maneira clara, que se propunha a escrever aos cristãos a fim de mostrar-lhes como podem ter certeza de que foram regenerados (salvos, justificados):
     “Essas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiam no nome do Filho de Deus. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisso conhecemos que estamos nele. Pois, escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o princípio. Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi filhos, porque conhecestes o Pai. E vós tendes a unção dos santos e sabeis tudo. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, porque nenhuma mentira vem da verdade. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama seu irmão permanece na morte. E nisto conhecemos que somos da verdade e diante dele asseguraremos nosso coração; e aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós; pelo Espírito que nos tem dado. Filhinhos, sois de Deus e já os tende vencidos, porque maior é o que está em nós do que o que está no mundo. Nisto conhecemos que estamos nele, e ele em nós, pois que nos deu o seu Espírito. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus; quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno. E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu conhecimento para conhecermos o que é verdadeiro; no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”. (1 João 5:13; 2:5,13,20,21; 3:2,3,14,19,24; 4:4,13; 5:2,18-20).
     O mundo atual tem em grande estima o conhecimento e a confiança que ele pode proporcionar. No entanto, o conhecimento excedeu a capacidade humana de absorvê-lo, salvo em áreas bem específicas. Nessas circunstâncias, pode alguém verdadeiramente ter conhecimento? Pode haver certeza? João disse que pode haver, sim, certezas no que diz respeito a questões espirituais.
     Primeiro, porque Deus prometeu justificação e vida eterna a todo aquele que crer em Seu Filho. Podemos ter essa certeza, pois podemos confiar em Deus.
     João sustentou esse ponto, comparando o testemunho dos homens com o de Deus:
     “Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior; porque o testemunho de Deus é este, que de teu Filho testificou. Quem crê no Filho de Deus em si mesmo tem o testemunho; quem em Deus não crê mentiroso o fez, porque não creu no testemunho que Deus deu de seu Filho. E o testemunho é este; que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”. (1 João 5:9-12).
     Obviamente, João tentou, nessa passagem, deixar o assunto mais claro possível, afinal todos nós aceitamos o testemunho dos homens quando, por exemplo, assinamos um contrato ou um cheque, ou compramos uma passagem, pois ele tem valor legal. É como se João estivesse dizendo: “Por que não acreditamos em Deus, cuja Palavra é a mais confiável de toda? Deus nos assegurou que, se cremos em Jesus nosso Salvador seremos justificados”.
     Segundo, podemos ter certeza no que concerne a questões espirituais porque os que crêem em Deus estão convictos de que é confiável Aquele em quem eles depositaram sua fé. Os reformadores chamam essa obra do Espírito de Deus de “testimonium Spiritus Santi internum”. Por outro lado, uns que não crêem no Altíssimo o fazem mentiroso. neste caso, a abominável natureza da incredulidade se evidencia:
     “A incredulidade não é um infortúnio digno de pena, mas um pecado digno de lástima. É pecado, pois contradiz a Palavra do Deus verdadeiro e lhe atribui a falsidade” (Stott, 1964, p. 182).
     Se você tem dúvida quanto à sua própria salvação, saiba que nem toda incredulidade é pecado. Por exemplo, crer em Cristo e na Palavra de Deus e achar que Jesus pode voltar, mas não nos salvar, seria pecado. Porém, a fé que salva não é mera aprovação intelectual a certas doutrinas; ela envolve comprometimento e confiança.
     Há pessoas que crê em Cristo de certa forma, mas não o sabem se fazem de maneira adequada. Elas se perguntam: “Creio realmente em Cristo? Deixei mesmo de buscar a salvação por conta própria e abracei a justificação de Jesus? Fui justificado de verdade?
     Em resposta a essas questões, João ofereceu três testes que eu mencionei. Eles se repetem de diversas maneiras ao longo da epístola, como o teste ‘doutrinário’ (que  avalia a crença em Jesus Cristo), o ‘moral’ (que avalia a justiça ou a obediência) e o ‘social’ (que avalia o amor).
     3º  Sub- tema: O TESTE DOUTRINÁRIO.
     Uma característica de nosso tempo, aponta com freqüência por cristãos apologistas contemporâneos, é que as pessoas não mais crêem estritamente na verdade, mas usam o termo com certa conotação coloquial, referindo-se a ele como antônimo de falsidade.
     Não é esse sentido que muitos no século 21 deram ao usar esse termo, mas o de algo absoluto e eternamente verdadeiro? Hoje, essa palavra é usada de maneira relativizada, ou seja, o que é verdade para uns pode não o ser para outros, ou o que é verdadeiro hoje pode não ser amanhã. Isto resulta em uma grande incerteza, nem como em um sentido de falta de direção.
     O cristianismo segue dentro de um conjunto de pressuposições completamente diferentes. Nesse primeiro teste de presença da nova vida, o doutrinário, as pessoas começam a ver os fatos de maneira distinta; antes, duvidavam da existência da própria verdade, Agora, veem que Deus é verdadeiro, que Cristo é a verdade e que a Bíblia contém proposições reais. É claro que elas não entendem tudo, mas realmente enxergam os acontecimentos de outro modo.
     Certo escritor afirmou:
     “Todo homem em quem essa obra divina ocorreu experimenta novas visões da verdade divina. A alma vê nelas coisas nunca vistas. Ela discerne na verdade de Deus uma beleza e excelência das quais não tinham ideia. Seja qual for a diversidade na clareza na visão de cada pessoa ou na verdade particular trazida à memória, todos concordam com isto: que há uma nova percepção da verdade [...] uma realidade abençoada, e muitas testemunhas de sã consciência e veracidade inquestionável, pronta a testemunhar disso”. (Alexandre, 1967, p. 64).
     João desenvolveu o teste doutrinário:
     “Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora, muitos se tem feito anticristo; por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque se fossem de nós, ficariam conosco, mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. E vós tendes a unção do Santo e sabeis tudo. Não vos escrevi porque não soubessem da verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo, esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho também não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho tem também o Pai. Portanto, o que desde o princípio ouvistes, também permaneça em vós. Se em vós permaneceis o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. E essa é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. Estas boas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. E a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdade, e não é mentira, como ele vos ensinou, assim nele permanecereis”. (João 2:18-27).
      Depois ele retomou ao assunto:
    “Amados, não creiais em todo espírito, mas provais se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se tem levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne e é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio da carne e é de Deus, mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está no mundo. Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus, aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro”. (1 João 4:1-6).
     Naturalmente, João, enfatizou os erros dos gnósticos, principalmente o de negarem o fato de Jesus ser o Cristo. Porém ele mostrou que esse erro pode ser cometido por qualquer um. O apóstolo chamou de mentira, e quem a abraça recebe o título de mentiroso. Quem é o mentiroso, “senão aquele que nega que Jesus é o Cristo?  É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho” (1 João 2:22).
     Quando João afirmou que Jesus é o Cristo, ele não quis dizer meramente que Jesus é o Messias pelo qual o Antigo Testamento esperava. Se Ele o fosse, dificilmente os gnósticos se oporiam ao evangelho.
     João também apresentou Jesus como o Filho de Deus, bem como falou como conhecer o Filho no Pai. Em outras palavras, ele professou que Cristo foi totalmente Deus – Deus encarnou com Jesus (Já que Deus, Jesus e o Espírito Santo são a mesma pessoa. O próprio Deus Trindade. [Erleu])
     Os gnósticos, por outro lado, criam que o Cristo divino, como um enviado por Deus superior, veio a um homem chamado Jesus enquanto este se batizava, e deixou-o antes de ser crucificado.
     Esse tipo de pensamento não difere de algumas formas bíblicas de entendimento que opõe o que chamamos de o Jesus histórico ao Cristo da fé.
     Essa confissão básica do apóstolo João também inclui tudo o que o Pai falara acerca de Jesus na Bíblia.
     Calvino disse:
     “Concordo com os amigos, os quais pensavam que aqui há uma referência e Climento e Carpócrates. Contudo a negação a Cristo vai muito mais além, pois não basta confessar que Jesus é o Cristo, mas reconhecê-lo como o Pai nos oferece no evangelho. As duas personalidades que mencionei deram título de Cristo ao Filho de Deus, apesar de considerarem-no um mero humano. Outros, como Arianos, seguiram o mesmo raciocínio, pois o admiravam com o nome de Deus, mas eles não criam em Sua divindade eterna. Marciano o tinha como um fantasma. Sabélio, como o próprio Deus. Todavia, todas essas pessoas negaram o Filho de Deus, haja vista que nenhuma delas verdadeiramente reconheciam o Cristo bíblico mas adulteravam a verdade sobre Ele, fazendo dele um ídolo, em vez de o Cristo. [...] Agora, vemos que o Cristo é negado sempre que as coisas que pertencem a Ele são tiradas dele. E como Cristo é o fim da Lei e do evangelho e tem nele mesmo todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, Ele é também o alvo do ataque de todos os hereges. Logo, o apóstolo (João) tem bons motivos para chamar de os maiores mentirosos os que lutam contra Cristo, pois toda a verdade nos é revelada nele. (Calvino, 1961, p. 259-260).
     Confessar que Jesus é o Cristo é declarar o Cristo bíblico. Negar esse Cristo, da forma que for, é uma heresia, com terríveis conseqüências.
     Em primeiro lugar, negar que o Filho é o Pai. Por esse motivo, os falsos mestres fingiam estar adorando o mesmo Deus que os cristãos. Era como de dissessem: “Só discordamos de vocês em relação ao que crêem sobre Jesus”. Porém João disse que isso é impossível. Se Jesus é Deus, negar Jesus é negar a Deus.
     Em segundo, lugar, negar o Filho é negar a presença de Deus na vida de alguém ou não tem parte com ele. João usou a expressão ter o Pai. “Qualquer que nega o Filho também não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho tem também o Pai” (1 Jo 2:23).
     Na linguagem bíblica, isso equivale a dizer que tais pessoas não foram regeneradas e que estão sob a condenação divina. Já aqueles que confessam Cristo encontram o Pai e são justificados por Ele.
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     No próximo sábado continuaremos com a parte final desse Tema Central – AS PROVAÇÕES.
     4º Sub-tema: O TESTE MORAL.
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     Recordo uma Palavra linda de João em sua 1ª Carta: “Maior é o que está em nós do que aquele que está no mundo”. Deixo com cada um dos amigos e irmãos essa firmeza do que a Bíblia nos diz. Nada poderá interferir na fé de cada um de nós. Prossigamos confiando em Deus e em suas promessas, sem temer nada que venha tentar nos desvirtuar do Caminho rumo ao céu. Amem? Que Deus vos abençoe agora e sempre! (Erleu Fernandes).

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