sábado, 30 de abril de 2016

ESTUDO TEOLÓGICO 48

      Estudo Fundamentos da Fé Cristã Nº 48         
      Manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema: UMA NOVA FAMÍLIA.
      

     Nas primeiras páginas de A Place for you (um lugar para você), o notável psicólogo suíço: Paul Tournier fala de um jovem que ele aconselhara, o qual crescera em um lar religioso mas infeliz.
     “Esse rapaz vivenciou o divórcio dos pais, o que acarretou sintomas psicológicos prejudiciais, como um acentuado senso de fracasso. Primeiro, por não ter conseguido reconciliar seus pais; segundo, por não ter obtido um bom desempenho nos estudos; e, terceiro, por não ter sido capaz de estabelecer-se e alcançar sucesso em nenhuma área da vida. Quando, então, conheceu Tournier, em uma de suas conversas, concluiu que estava sempre à procura do lugar certo.
     A necessidade de um lugar certo é comum a todos.
    “A criança que cresce harmonicamente em um lar saudável encontra “boas-vindas” em qualquer lugar.
      “Uma vara atravessada entre duas cadeiras já pode ser considerada um lar. Na vida adulta, onde quer que vá, ela pode fazer dali seu lar, sem esforço algum. Para ela, a questão não será procurar, mas escolher um lar [...]. Já quando a criança cresce em uma família que não a faz pertencer a ela, procura em outro lugar por outro lar, e nunca consegue estabelecer-se em lugar algum. A criança passa a carregar em si a incapacidade de pertencer a algo, a algum lugar ou a alguém”. (Thournier 1968, P. 12).
     No nível espiritual, entretanto, o problema é detectado na alienação a Deus que sentimos como resultado da Queda e de nossos próprios pecados.
     Agostinho foi feliz em dizer:
     “Tu nos formastes para Ti. [...] E nosso coração não descansará até encontrar descanso em Ti”. (Oates, 1948, p. 3).
     Deus lidou com esse grande problema da alienação por meio da adoção, levando certa pessoa a uma (ou nenhuma) família para Sua família. Às vezes, a adoção divina é considerada um mero aspecto de justificação ou apenas outra maneira de dizer o que acontece na regeneração, mas a adoção divina é muito mais que esses outros atos da obra do Senhor.
     John Murray distinguiu a adoção da justificação e da regeneração quando disse:
     “A justificação divina significa a nossa aceitação por Deus como justo e a concessão da vida eterna. A regeneração é a renovação do nosso coração diante de Jesus. Contudo, essas bênçãos em si, por mais preciosas que sejam não indicam o que conferido no ato da adoção. Por meio da adoção, os remidos se tornam filhos do Todo-poderoso, com direitos a todos os privilegiados da família de Deus. (Murray 1995, p.132).
       Somente a adoção divina sugere o nosso relacionamento familiar, o que obtemos por Cristo, e aponta para os privilégios desse relacionamento.
     “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez, estardes em temos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com Ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados”. (Romanos 08h14min-17).
     Essa passagem fala da adoção divina como uma obra separada do Espírito de Deus, por meio9 da qual: (1º) somos libertos da escravidão do pecado e do medo; (2º) temos certeza do nosso relacionamento com Deus; e (3º) tornamo-nos herdeiros de Deus com Cristo:
     Murray também afirmou:
     “1. Apesar de a adoção divina ser algo distinto se dará separada da justificação e da regeneração. Quem for justificado será sempre considerado filho de Deus. E todos que receberem o direito de se tornarem filhos de Deus não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade de varão (homem), mas de Deus. (Jo 1:3).
    2. A adoção divina é, assim como a justificação, um ato judicial. Em outras palavras, é a concessão de um status, não é a geração em nós de uma nova natureza ou personalidade. Diz respeito a um relacionamento, e não a uma atitude ou disposição que nos possibilita a reconhecer esse relacionamento e cultivá-lo.
     3. Quando Deus nos adota, recebemos o Espírito de adoção por meio do qual poderemos reconhecer nossa família e exercitar os privilégios de pertencermos a ela. (E, porque são filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai (Gl 4:6), compare com Romanos 08h15min, 16).  O espírito de adoção (Rm 08h15min) é a conseqüência; ele, em si, não constitui a adoção divina. “Há uma relação de muita proximidade entre a adoção e a regeneração”. (Murray, 1955, p. 132-133).
     A relação é explicada pela maneira como, no passado, um pai adotava o seu próprio filho oficialmente como seu representante legal e herdeiro. Esse era um momento muito importante na vida de um judeu, grego ou romano. Antes, o filho era seu filho por meio do seu nascimento. Depois ele se tornava filho legal, passando da dependência de seu responsável para a idade adulta. (Hoje isso se dá, logo após o nascimento pelo Registro Civil de Nascimento).
     Apesar de, na vida cristã, a regeneração e a adoção acontecem simultaneamente, a adoção enfatiza o novo status de cristãos, enquanto a regeneração, o da novidade de vida.

     NOVOS RELACIONAMENTOS
     Talvez eu não tenha expressado bem usando o termo novo status. A adoção envolve, na verdade, novos relacionamentos, tanto com Deus como com os irmãos na fé.
     O novo relacionamento com o Altíssimo não se dá automaticamente. Tendo nos justificado, Ele poderia ter nos deixado com um status bem inferior e com bem menos privilégios. Contudo, em vez disso, adotou-nos em Sua família, dando-nos o status e o privilégio de filhos e filhas dEle. A bondade de Deus foi tão grande com esse ato de adoção que somos tentados a dispensá-lo. Por isso, o Todo-poderoso buscou selar essas verdades em nosso coração.
     Como disse Paulo:
     “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram no coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-la revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas”. (1 Co 2:9-10).
       Há certo sentido no ditos populares “Deus é PaI” E “Eu também sou filho de Deus”, pois Ele criou todas as coisas e é Ele que sustenta nossa vida dia a dia. “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos como também alguns de nossos profetas disseram: “Pois somos também sua geração”. (At 17:28).
     Por essa razão, somos chamados de “geração de Deus” (At 17:29). Contudo, Jesus declarou que alguns que se consideram filhos de Deus eram, na verdade, filhos do diabo.
     “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizeis tu: Sereis livres? Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. Responderam e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fosses filhos de Abraão, fazíeis as obras de Abraão. Disse-lhes, pois Jesus: Se Deus fosse vosso Pai, certamente me amaríeis, pois eu saí e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por que não poderdes ouvir a minha palavra?  Vós tendes por pai o diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade; porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”. (João 8: 32, 33, 37, 39, 42-44).
     Nesse diálogo com os judeus, Jesus pôs um fim à doutrina errônea de que Deus é Pai de todos e de que todos são filhos de Deus.
     Todavia, não é apenas um novo relacionamento (com Deus) o que nós, cristãos, ganhamos com a adoção divina. Também adquirimos um relacionamento com outras pessoas (nossos irmãos e irmãs em Cristo); o que requer que as amemos e que, com elas trabalhemos, pois isso condiz com nossos novos laços de família.
     Antes, não pertencíamos à família de Deus. Ao contrário, cada um de nós vivia, a sua própria vida, opondo-se e, às vezes, mostrando hostilidade aos outros. Agora, somos diferentes. “Assim, que já não sois estrangeiros; nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus”  (EF 2:19).
     As atitudes que devem fluir desses novos relacionamentos nem sempre se dão natural ou facilmente. Justamente por esse motivo, precisamos tomar posse dessa realidade e esforçar-nos para termos bons relacionamentos.
     John White assim descreveu essa tarefa:
     “Vocês foram purificados pelo mesmo sangue e regenerados pelo mesmo Espírito. São cidadãos da mesma cidade, servos do mesmo Mestre, leitores da mesma Escritura e adoradores do mesmo Deus. A mesma presença habita silenciosamente em vocês. Logo, vocês têm compromissos uns com os outros. Vocês são irmãos em Cristo. Gostando ou não, vocês pertencem a Ele. Vocês têm responsabilidades com relação um ao outro que devem ser cumpridas com amor. Enquanto vocês morarem nesse mundo, serão devedores uns dos outros. Seus irmãos podem ter feito muito ou pouco por vocês, mas Cristo fez tudo por vocês. E Ele ordena que essa eterna dívida de vocês seja transferida a seus novos irmãos” (White, 1976, p. 129-130).
     Fazer parte da família de Deus que seremos insensíveis à falhas humanas. Na verdade, devemos ser sensíveis a elas se quisermos eliminá-las e melhorar a qualidade de nossos relacionamentos familiares. Não poderemos, entretanto, ser ultrassensíveis às falhas de nossos irmãos e irmãs em Cristo; tampouco devemos criticá-los diretamente, “Ho! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união” (Sl 133:1).
     Devemos ser comprometidos uns com os outros, com a devida lealdade familiar, esforçando-nos para que ajudemos uns aos outros a levar uma vida cristã. Temos também que orar uns pelos outros e servir uns aos outros. “Orai uns pelos outros”. (Tg 3:16b). Servi-vos uns aos outros pela caridade (amor)”. (Gl 5:13).
     PRIVILÉGIOS DE FAMÍLIA.
     Nossos novos relacionamentos nos dão novos privilégios. Alguns destes agora, nesta vida, e outros depois, no céu. Os do céu são descritos na Bíblia como nossa herança. Na Sagrada Escritura não é dito exatamente que privilégios serão os vindouros, apenas que envolvem a vida e bênçãos celestiais. Nossa herança é definida como “Riquezas da glória (Ef 1:18), Galardão pelo serviço a Cristo  (Cl 3:14) e herança eterna (Hb 9:15)”.
     Pedro declarou o seguinte:
     “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós” (1 Pedro 1:3,4).
     E Paulo descreveu o Espírito Santo como “o penhor de nossa herança, para redenção da possessão de Deus” (Ef 1:14).
     A oração é o maior privilégio da adoção divina que podemos desfrutar agora. Por outro lado, ela é descrita como uma conseqüência de nossa purificação.
     “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; pela qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5:1,2).
     O termo entrada, nesse caso, significa acesso a Deus e baseia-se em nossa adoção. Em função dela, podemos aproximar do Altíssimo como um filho pode aproximar-se de seu pai.
     “Porque não recebestes um espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor; mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8:15-16).
     Somente pelo testemunho do Espírito Santo em nós podemos ter certeza de que Deus é nosso Pai e de que Ele realmente ouve as nossas orações.
     Podemos chamar o nosso Deus de Pai, pois Jesus disse: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estais nos céus” (Mt 6:9a).
     Nenhum judeu havia chamado a Deus de Pai nosso no antigo Testamento. De fato, esse modo de orar era inédito, original para a época de Cristo. Isso foi documentado pelo estudioso alemão Ernst Lohmeyer no livro chamado Pai Nosso, e pelo contemporâneo da Bíblia Joaquim Jeremias em um ensaio intitulado Aba e um livreto chamado: A Oração do Pai-Nosso.
     De acordo com esses estudiosos, três coisas são indiscutíveis: (1º) Jesus foi o primeiro e referir-se a Deus assim; (2º) Jesus sempre orou tratando a Deus dessa forma; (3º) Jesus autorizou seus discípulos a tratarem a Deus do mesmo modo.
     É fato que o termo Pai para designar Deus é tão antigo quanto a religião. Homero escreveu acerca de um “Pai-Zeus que governa sobre os deuses e os mortais”. Aristóteles disse que Homero estava certo em dizer que o governo do pai sobre os filhos e como o de rei sobre seus súditos.
     Nesse contexto, a palavra Pai significa Senhor. É interessante notar, no entanto, que esse termo é usado aqui como impessoal. No pensamento grego, Deus era chamado de Pai no mesmo sentido que o rei o era.
     O Antigo Testamento usa a Palavra Pai como uma designação à relação entre Deus e Israel, mas, ainda assim, o uso é impessoal e não é freqüente. Na verdade, ocorre 14 vezes em todo o Antigo Testamento. Israel é chamado assim pelo Senhor: “Meu filho, meu primogênito”  (Ex 4:22).
     Davi declarou: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece daqueles que o temem” (Salmo 103:13).
     Isaias disse: “Mas, agora, ó SENHOR, tu és o nosso Pai; nós barro, e tu és o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos” (Isaias 64:8).
     Porém, em nenhuma dessas passagens um israelita chama a Deus de Pai. A maioria delas diz que Israel não veio para ter status de família.
     Jeremias afirmou:
     “Mas eu dizia: Como te porei entre os filhos e te darei uma terra desejável, a excelente herança dos exércitos das nações? E eu disse: Pai, me chamarás e de mim te não desviarás. Deveras, com a mulher se aparta aleivosamente do seu companheiro, assim aleivosamente te houvestes comigo, ó casa de Israel, diz o SENHOR”. (Jeremias  3:19-20).
     No tempo de Jesus, a distância entre as pessoas e o Altíssimo parecia ser grande. Os nomes de Deus eram constantemente citados em discursos públicos e orações, mas essa tendência foi completamente derrubada por Jesus, que sempre chamou a Deus de Pai, e esse fato deve ter impressionado de maneira extraordinária Seus discípulos.
     Os quatro Evangelhos relatam que Cristo chamou a Deus de Pai até mesmo em Suas orações.
     “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultastes essas coisas aos sábios e instruídos e as revelastes aos pequeninos”. (Mateus 11:25).
       “E indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o teu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. E, indo segunda vez, orou dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade”. (Mateus 26:39-42).
      “E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres”. (Marcos 14:36).
      “E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sorte”. (Lucas 23:34).
      “Tiraram pois, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido”.  (João 11:41).
      “Agora, a minha alma está perturbada; e o que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isso vim a esta hora”. (João 12:27).
      “Jesus falou essas coisas e, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti, e, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, como aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu,m em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me hás amado antes da criação do mundo. Pai justos, o mundo não te conhece; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim”. (João 17:1, 5, 11, 21, 24, 25).
     A única exceção tem um porquê: é o clamor da cruz. “Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes”? (Mt 27:46b) .
     Esta oração adveio dos lábios de Cristo no momento em que Ele foi feito pecado pela humanidade e em que o relacionamento que tinha com Seu Pai parece ter sido temporariamente quebrado. “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. (2 Coríntios 5:21).   
       Em todas as vezes, Jesus corajosamente assumiu com Deus um relacionamento que muitos achavam desrespeitoso ou blasfemo.
    Isso é muito importante para as nossas orações: Cristo era o Filho de Deus em um sentido único, assim como Deus era Seu Pai também em um sentido único. Ele orava a Deus como Seu Filho único. Agora revela, que todo aquele que nele crê tem essa mesma relação com o Senhor – todo aquele cujos pecados foram perdoados. Todo o que nele crê pode ir a Deus como Seu Filho.
     Além disso, quando chamou a Deus de Pai, Jesus usou a palavra aramaica “aba”. Isso foi tão impactante para Seus discípulos que eles fizeram menção do mesmo vocábulo, mesmo escrevendo em grego.
     Marcos o utilizou em seu relato da oração de Cristo no Getsêmani: “E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis: afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Mt 14:36).
     E Paulo empregou a mesma palavra nas passagens que referimos:
     “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos Aba, (Pai). (Romanos 8:15).
     “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai” (Gálatas 4:6).
     O que aba significa exatamente? Crisóstomo, Teodoro de Mopsuéstia e Teodoreto de Ciro, cristãos da igreja primitiva vindos de Antioquia (onde o aramaico era a primeira língua), testificam unicamente que aba era como uma criança chamava seu pai (Jeremias, 1964, p. 19).
     O Talmude é outra testemunha, pois afirma que em geral “aba e ima” (papai e mamãe respectivamente) eram as primeiras palavras aprendidas pelas crianças. Isso é o que “aba” quer  dizer: papai.
     No pensamento judaico, uma oração que chama Deus de Papai não somente seria imprópria, mas também o pior dos desrespeitos. Contudo, era como Jesus tratava Deus. Quando Cristo instruiu Seus discípulos a fazerem o mesmo, estavam propondo algo inédito.
     CONFIANÇA EM NOSSO PAI
     Isso nos dá certeza diante de Deus. Ao aproximarmo-nos do Altíssimo, sendo ensinados e levados a fazê-lo pelo Seu próprio Espírito, sabemos que estamos em um relacionamento seguro.
     Deus é nosso Pai? Em caso afirmativo, ele nos ajudará em nossa caminhada, mostrando-nos como andar espiritualmente e levantar-nos quando caímos.
      “Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para ele como mos que tiram o jugo de sobre suas queixadas; e lhes dei mantimento. Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria ó Israel? Como te faria com Admá? Por-te-ia como Zeboim? Está mudado em mim o meu coração, todos os meus pesares juntamente estão acesos”. (Oséias 11:3,4,8).
      Um Deus assim nos livra de cairmos e apresenta-nos “irrepreensível, com alegria, perante a sua glória” (Judas 1:24).
      Se Deus for nosso Pai, cuidará de nós e nos abençoará abundantemente, pois assim como a lei dos Estados Unidos da América diz que os pais devem cuidar de seus filhos, a Lei de Deus declara o mesmo.
      “Eu aqui estou pronto para, pela terceira vez, ir ter convosco e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas, sim, a vós; porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais, para os filhos”. (2 Coríntios 12:14).
      Isso é verdade tanto no plano material como no espiritual.
      Jesus disse:
     “Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo o que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto o vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais que o mantimento, e o corpo, mais que as vestimentas”? (Mateus 6:25).
   Deus, sendo nosso Pai, irá adiante de nós, apontando-nos o caminho para a vida.
      Paulo fez essa declaração ao afirmar: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Efésios 5:1).
      Deus, como nosso Pai, garante-nos que pertencemos a Ele eternamente e que, enquanto formos guiados, ensinados e instruídos para as tarefas da vida, nada interferirá em Seu propósito para nós em Cristo. Devemos, portanto, anelar para vê-lo e ser como Ele, pois o veremos como Ele é.
.......................................
      
      Enfim, chegamos ao final deste nº 48. Perdoe-me, Poe eu ter me estendido e não ter dividido este em duas publicações. Continuem conosco; em cada sábado postaremos uma publicação para estudo teológico.
      
      Nosso próximo tema será:
      
      O CAMINHO QUE LEVA PARA O ALTO.

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