sábado, 30 de julho de 2016

ESTUDO DA FÉ CRISTÃ. 61

      Estudo da Fé Cristã Nº 61              
      Manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice.
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema Central: TEMPO E HISTÓRIA
      Capítulo  3 = 
      CRISTO, O CENTRO DA HISTÓRIA.

      No início de seu importante livro, “Crist and Time” [Cristo e o Tempo], Oscar Cullmann, professor de Novo Testamento e cristianismo primitivo na Universidade da Basileia (Suiça), chama a atenção para o fato de que, no mundo ocidental, não calculamos o tempo levando em consideração uma série de movimentos contínuos –, mas, sim, iniciando em algum ponto fixo – centro de onde o tempo é calculado tanto para frente como para trás.
      O calendário judaico começa de onde ele entende ser a data da criação do mundo e move-se sempre para a frente a partir desse ponto. Nós, ao contrário, começamos com o nascimento de Jesus de Nazaré e, então, numeramos as datas em duas direções: para a frente, em uma ascendente sucessão de anos, a qual identificamos com a.D. (anno Domini, no ano do (nosso) Senhor, para marcar o tempo depois de Cristo, ou d.C.), e para trás, em uma regressão aos anos, identificadas como a.C. (antes de Cristo).
      Esse sistema não passou a existir todo de uma vez. O costume de datar para frente, a partir do nascimento de Cristo, foi introduzido no ano 525 (a.D.) por um abade romano chamado de Dionysius Exiguus e teve seu uso difundido durante a Idade Média. O costume de datar para antes do nascimento de Cristo surgiu apenas no século 18. O ponto instigante não é tanto a época em que esses costumes se originaram, mas o testemunho que eles deram no coração os cristãos de que Jesus é o centro da história.
      Um historiador secular para poder avaliar que a vinda de Cristo foi um acontecimento fundamental por causa de sua influência evidente na história. Porém, a convicção cristã, simbolizada pela divisão do tempo no Ocidente, vai além desse conhecimento pragmático. Como afirma Cullmann:
      “O historiador moderno pode muito bem encontrar confirmações, provadas historicamente, de que o aparecimento de Jesus de Nazaré é um momento decisivo na história. Mas a afirmação teológica que está na base da cronologia cristã vai muito além da grande influência do cristianismo nas mudanças históricas. Ela declara expressamente que, a partir desse ponto intermediário, toda a história é para ser entendida e julgada”. (CULLMANN, 1950, p. 19).
      O cristianismo afirma que fora de Cristo não há como determinar do que se trata a história como um todo, nem é possível avaliar com legitimidade os acontecimentos históricos, de modo que um possa ser considerado melhor o mais significativo do que outro. Com Cristo, entretanto, tudo que é essencial para um exame histórico e verdadeiro é providenciado. Afirmamos isso pela nossa divisão do tempo em duas grandes metades histórica.
     A PLENITUDE DOS TEMPOS.
      Tal divisão de tempo não é declarada explicitamente na Bíblia, mas é assinalada com o fato de as Escrituras estarem agrupadas em dois Testamentos: o Antigo e o Novo, onde é contada a vida de Cristo e os eventos relacionados a ela.
      A carta de Paulo aos gálatas ressalta o tempo específico em que Cristo veio e participou de um modo efetivo da história humana. O apóstolo usou e expressão “plenitude dos tempos” para aludir a esse momento:
      “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”. (Gálatas 4:4,5).
      Essa expressão se refere primordialmente aos eventos históricos, logo o seu significado no que diz respeito a Cristo deve, em primeiro lugar, ser examinado historicamente. O que fez a época em que Jesus veio em carne, o primeiro século da era, ser tão significativo? Muitas respostas costumam ser dadas para isso.
      Primeira: seria impossível imaginar a rápida expansão do cristianismo no mundo, caso Jesus tivesse nascido antes do período de Alexandre, o Grande, e do Império Romano. Antes do nascimento de Cristo, o mundo estava dividido em nações e religiões hostis uma às outras – barreiras insuperáveis para a obra missionária.
      Entretanto, com a aproximação da época de Cristo, essas barreiras foram sendo quebradas, de modo que, quando Jesus surgiu, havia uma unificação global significativa. O mundo se tornou efetivamente um só, e os missionários do Evangelho encontraram as portas das nações abertas quando viajaram por toda a terra para proclamar a mensagem de Cristo.
      Segunda resposta, também importante: a herança das civilizações Greco-romanas. Os gregos haviam deixado sua língua como língua geral de negócio do mundo [assim como o inglês é hoje]. O grego era falado em todos os lugares e foi, portanto, o idioma em que a fé cristã foi comunicada. O Novo Testamento está escrito em grego, e não em hebraico, aramaico ou latim.
      Roma trouxe paz ao mundo (a pax romana) e interconectou o mundo construindo um magnífico complexo de estradas, algumas ainda existentes na Itália, França, suíça, Inglaterra e em outros países. Por estas estradas (e pelos mares), sob a proteção de legiões romanas, o apóstolo e seus companheiros de viagem levaram as boas-novas do evangelho à Ásia menor, à Grécia e a Roma.
      Terceira resposta: a expansão do evangelho foi preparada pela dimensão (diáspora) dos judeus por todo o Império. Pelo fato de terem ajudado o imperador Júlio César durante um momento delicado pelo qual esse passou na campanha do Egito, os judeus tenham privilégios especiais para praticarem sua religião e estavam presentes em toda parte com suas sinagogas, lendo as escrituras e expressando a consciência de Deus. A Igreja primitiva floresceu sob as asas do judaísmo, e foi no interior das sinagogas que surgiram os primeiros convertidos ao cristianismo.
      Quarta: a preparação histórica para a vinda de Cristo, o fracasso da filosofia em fornecer respostas verdadeiras às grande questões da vida, bem como o aviltamento por que passarem os vários sistemas religiosos da época. Era um tempo de tanta decadência moral e depravação que até mesmo os pagãos se indignavam com o que viam.
      Isso significa que o tempo de Jesus foi o ponto central da história. Os séculos primitivos da espécie humana foram uma preparação para esse tempo. Podem ter sido significativos em outros aspectos também – e, sem dúvida, foram –, mas a perspectiva bíblica é que tudo isso estava conduzindo a Cristo. Emil Brunner assim se referiu a tal preparação:
      “Platão e Alexandre Magno, Cícero e Júlio César serviram a Deus ao abrirem caminho para Cristo. É significativo que o Evangelho de Lucas comece com o episódio do censo realizado por decreto do Imperador Augusto, e que o Evangelho de Mateus comece com a história dos magos do Oriente, que deixaram suas terras  para seguir a estrela a qual os levava à Palestina e à corte de Herodes [...]. Há muito tempo, no começo dos começos, Deus havia preparado aquele que Ele enviaria para a salvação do mundo, na plenitude dos tempos, como alguém que, de acordo com Sua natureza humana, britasse da história e encarnasse na história como algo que não se explicasse por si mesmo”. (BRUNNER, 1952, p. 237,238).
      Da mesma maneira, a história bíblica, agora, desabrocha de Cristo mediante o desdobramento de Sua obra e do derramamento de Seu Espírito, como mostra o Novo Testamento.
      O TEMPO COMO PLENITUDE
      Falar da plenitude dos tempos como preparação na história para a vinda de Jesus é apenas uma parte do significado dessa expressão, porém o acontecimento não é necessariamente a parte mais importante.
      É verdade que os eventos da história sob a direção e soberania de Deus foram preparados para Cristo, e, nesse sentido, o tempo de Sua vinda foi o mais propício. Contudo, o tempo foi também pleno, porque o Altíssimo o tornou completo por meio daquilo que Ele fez em Cristo. O tempo de Cristo traz à luz um relacionamento como a história como em nenhuma outra ocasião antes ou depois.
      Devemos focar três momentos principais da vinda de Jesus: o inaugural, a encarnação; o ventral, a crucificação; e o culminante, a ressurreição. Cada um deles é uma parte incomparável com a vida de Cristo, por meio da qual a história deve ser compreendida e julgada.
      A essência da encarnação é que, Por ela, Jesus conquistou a salvação e estabeleceu Seu governo na história e para além dela. O meio pelo qual isso foi obtido foi o nascimento virginal. A concepção de Jesus sem a fecundação de um pai humano sempre confundiu a mente incrédula não somente fora da Igreja, mas também dentro dela, e tem sido negada na tentativa de reduzir Jesus a nível de um mero homem com algumas sensibilidades espirituais não muito bem definidas.
      A encarnação, porém, é mais do que isso. Ela é a “invasão” de Deus na história por intermédio daquele que é, ao mesmo tempo, completamente Deus e completamente homem. Trata-se de um fato sobrenatural e miraculoso, o qual a doutrina do nascimento virginal de Jesus explica e preserva.
      O nascimento virginal é uma questão brilhantemente trabalhada por J. Greshan Machen em “The Virgin Birth of Chist” [O nascimento de Cristo], um livro que ninguém até hoje refutou ou tentou responder. Machen defende o nascimento virginal pelo estudo consciente dos documentos originais (os quais ele demonstra a sua credibilidade) e por uma crítica ousada de todas as teorias contrárias a essa doutrina.
      A pessoa que deseja investigar esse lado do tema deve começar a ler imediatamente a obra de Machen. O que o amor não discute, mas que é de grande significado para a visão cristã da história, é a importância da doutrina do nascimento virginal para a própria história, porém as narrativas bíblicas fazem isso por si mesmas.
      Vejam o hino de Maria após a nunciação do nascimento de Cristo e sua visita subseqüente a Isabel que estava grávida de João Batista (Lc 1:46-55). Ele é conhecido como “Magnificat” palavra de abertura do hino em latim.
      “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque atentou na humildade de Sua serva; pois eis que, desde agora, todas as gerações me chamarão de bem-aventurada. Porque me fez grande coisas o Poderoso; e Santo é o Seu nome. E Sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem. Com o Seu braço, agiu valorosamente, dissipou os soberbos no pensamento de seu coração, depôs do tronos os poderosos e elevou os humildes; encheu de bens os famintos, despediu vazios os ricos, e auxiliou a Israel, seu servo, recordando-se da Sua misericórdia (como falou a nossos pais) para com Abraão e sua posteridade, para sempre”.
      O poder desse hino prove daquele conceito sobre a “invasão” de Deus na história humana, ao qual me referi. Maria estava descrevendo nada menos que a total subversão da condição da história como nós a conhecemos, na qual o poderoso, geralmente, triunfa, e o pobre passa fome.
      Os poderosos, agora, seriam derrubados, e os pobres exaltados. Os ricos seriam despedidos de mãos vazias, e os famintos, alimentados.  Isso é, seria feito de acordo com as promessas de Deus a Abraão e a outros patriarcas da nação judaica. [A encarnação] foi um evento decisivo na história.
      Podemos observar o mesmo no cântico “Benedictos” do sacerdote Zacarias (Lucas 1:68-80).
      “Bendito o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e remiu o Seu povo. E nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo, como falou pela boca de seus santos profetas, desde o princípio do mundo, para nos livrar de nossos inimigos e das mãos de todos os que nos aborrecem e para manifestar misericórdia a nossos pais, e para lembrar de seu santo concerto e do juramento que jurou a Abraão, nosso pai, de conceder-nos que, libertados  das mãos de nossos inimigos, o servíssemos sem temor, em  santidade e justiça, perante ele, todos os dias da nossa vida. E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque hás de vir perante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados, pela entranhas da misericórdia do nosso Deus, com que o oriente do alto nos visitou, para alumiar os que estão assentados em trevas e sombra da morte, a fim de dirigir os nossos pés pelos caminhos da paz. E o mesmo crescia, e se robustecia em espírito e esteve nos desertos até o dia em que teve de mostrar-se a Israel”.    
      Como primeira ilustração esse hino se refere ao nascimento de João Batista, o profeta do altíssimo, que deveria ir ante a face do Senhor. No entanto, ele vai além da obra do anunciador de boas-novas para Israel com a vinda de Cristo. Nesse hino, assim como no Magnificat, o foco está na intervenção do Senhor na história com conseqüências históricas inevitáveis.
      Rousas J. Rushdoony, que abordou os aspectos históricos da encarnação em um ensaio intitulado “O nascimento virginal e a história”, escreveu:
      ”Antes de Jesus Cristo, o mover da história estava confuso e em trevas. Os peregrinos da história tinham medo de movimentar-se, eles não podiam mexer-se porque não encontravam direção no escuro [...]. Agora, com a plenitude da revelação, o povo de Deus caminha com Ele na luz de Cristo. De acordo com o “Benedictus” o grande movimento do homem para frente na história começou em Cristo e com Cristo. [...]. Cada aspecto da narrativa do nascimento não é somente histórico, mas também direcionado para a plenitude do processo histórico”. (RUSHDOONY, 1969, p. 110).
      O segundo momento importante na vida de Jesus é a crucificação, que, como uma parte desse foco da história, detém a centralidade máxima. Ela é o motivo de ter acontecido a encarnação, e é o acontecimento sobre o qual a ressurreição se apóia.
      A cruz é o ponto culminante do Novo Testamento. Cada um dos Evangelhos dedica uma parte consideravelmente extensa de sua narrativa aos eventos da semana final de Jesus em Jerusalém, culminando com Sua crucificação e ressurreição – e não é exagero afirmar que a cruz tem grande relevância na vida e no ministério de Jesus.
      Até o nome Jesus, dado por José ao Filho de Deus, seguindo a orientação do anjo, aponta para a morte de Cristo no Calvário. O anjo explicou a escolha do nome dizendo: “E ela dará a luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1:21).
      Jesus também falou do sofrimento que estava por vir:
      “E começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do Homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos, e pelos príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que, depois de três dias, ressuscitaria” (Marcos 8:31).
      “O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens e matá-lo-ão; e, morto ele ressuscitará ao terceiro dia”. (Marcos 9:31).
      O Filho de Deus vinculou o êxito de Sua crucificação; “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (Jo 12:32). Ele falou da crucificação como a hora decisiva para que Ele veio (Jo 2:4; 12:23-27; 17:1; comparar com 7:30; 8:20; 13:1). Ao relatar esses acontecimentos, Mateus dedica 2/5 de seu Evangelho à semana final em Jerusalém; Marcos, 3/5; Lucas, 1/3; e João, quase a metade.
      Da mesma forma, a crucificação é um tema do Antigo Testamento: os sacrifícios dados a Israel por Deus com propósitos pedagógicos prefiguram o sacrifício de Cristo. Os profetas o anunciaram com extrema clareza. Jesus, provavelmente, referiu-se a essas duas linhas de testemunho quando pregou para os abatidos discípulos a caminho de Emaús o que o Antigo Testamento previu sobre a Sua morte.
      “E ele lhes disse: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em toda as Escrituras”. (Lucas 24: 25-27).
      Em vista dessa ênfase bíblica, não é surpreendente que a centralidade da cruz de Cristo tenha sido reconhecida pelos cristãos de todas as épocas, mesmo antes, do imperador Constantino ter feito da cruz o emblema universal da cristandade. “A cruz é vista como o foco da fé cristã. Sem a cruz, a Bíblia não teria sentido, e o Evangelho seria um esperança vazia” (BOICE, 1971, p. 144).
      Mesmo quem conhece pouco da Bíblia deve saber que a crucificação de Cristo é o elemento central dela. A Escritura Sagrada conta a história da queda do homem deixando-lhe a esperança de um Redentor. O remédio perfeito de Deus para esse mal é Cristo. A cruz é a solução de Deus para o problema do pecado.
      Contudo, há ainda mais aspectos sobre a centralidade da cruz. Se ela é solução para o pecado – e a única – então ela confronta cada indivíduo com uma crise para a qual ele deve dar uma resposta, e, de acordo com sua decisão, ele viverá ou morrerá. O povo no tempo do Antigo Testamento ou aguardava o Messias como o Salvador prometido por Deus, ou não. Da mesma forma, ou enxergava na cruz que o Altíssimo fez para que alcançássemos a salvação, ou ignoramos tal fato. Nosso futuro depende da nossa escolha.
      O terceiro momento decisivo na vida de Cristo é a ressurreição. Ela é importante em dois sentidos. Primeiro, ela é fundamental historicamente, pois, por causa dela, a Igreja de Cristo veio a existir (e, com ela o cristianismo). Sem uma ressurreição verdadeira na história, os primeiros discípulos teriam dispersado, com sonhos frustrados. Eles teriam dito como os discípulos no caminho de Emaús:
      “E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas, agora, com tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram”. (Lucas 24:21).
      Pelo fato de Jesus ter aparecido de novo para os discípulos depois da ressurreição, eles se reagruparam como uma comunidade, convencidos da mensagem que deveriam anunciar e ungidos com Seu testemunho, mesmo diante da perseguição e da morte. Nessa guinada histórica a ressurreição foi o ponto culminante e decisivo.
      Segundo, a ressurreição é imprescindível para cada indivíduo, uma vez que é parte da solução de Deus para o problema humano. E, qual é o nosso problema? O pecado, o qual se expressa em três vertentes principais? 1) Leva a pessoa a ser ignorante em relação ao Altíssimo; 2) Aliena-se a Deus; e 3) Enfraquece-a para que não consiga viver para o Senhor, mesmo que ela já o conheça e seja reconciliada com ele.
      A encarnação de Jesus é a resposta de Deus para a primeira vertente do pecado. Embora Ele tenha se revelado também nas Escrituras, é acima de tudo em Jesus Cristo que vemos o Senhor e o conhecemos.
      A solução de Deus para o segundo aspecto é a crucificação. Nela, Ele providenciou uma expiação para o pecado, pelo qual toda culpa é removida, e nós, que estávamos separados do Senhor, somos levados de volta à comunhão com Ele pelo sangue de Jesus (Efésios 2:13).
      A resposta de Deus para o terceiro aspecto do problema é a ressurreição. Ela não é apenas prova da divindade de Jesus e o valor de Sua morte para os pecadores, mas também a promessa e o penhor de uma nva vida, cheia de poder, para todos os que crêem em Jesus. Pode ser dito da ressurreição, assim como da encarnação, que uma nova virtude veio ao mundo, e este nunca será o mesmo por causa dela.
      A importância da ressurreição foi detalhada no Livro II, deste estudo, no qual foi dito que ela comprova que:
      1)- Existe um Deus, e Ele, o Deus da Bíblia, é o verdadeiro Deus;
      2)- Jesus de Nazaré é o Filho unigênito de Deus;
      3)- Todos aqueles que crêem em Jesus são justificados de todo pecado;
      4)- Os cristãos podem desfrutar de uma vida agradável a Deus;
      5)-  A morte não é fim desse vida;
      6)- Haverá um juízo Final sobre todos os que rejeitam o evangelho.
      Então, no meio da história, simbolizada pela divisão a.C. e a.D. (Ou d.C.), situa-se o acontecimento principal: vida e obra de Cristo. A história preparou campo para isso, foi mudada por isso e passou a ser compreendida (e julgada) a partir desse evento. A maior de todas as decisões humanas passou a ser a maneira como cada um de nós responde ao chamado de Jesus.
      SENHOR DA HISTÓRIA
      Algo mais deve ser dito antes de deixarmos esse tema. Embora falemos de Cristo como o foco da história, tal afirmação não é para ser entendida como que se estivéssemos declarando que Ele apenas  apareceu nela e que fora daquele breve intervalo de tempo ele e a história estão separados.
       Pelo contrário, dizemos que Aquele que surgiu na história é também o Senhor dela. Ele pode ser visto desde os primórdios, está atualmente dirigindo a história para executar Seus sábios objetivos, e voltará no fim da história  como seu Juiz. Em outras palavras, Ele é aquele pelo qual o Pai desenvolve Seu relacionamento com a história (como vimos no capítulo anterior).
      Cullmann resume essa evidência bíblica da seguinte forma:
      “Mesmo o tempo anterior. À criação é enxergado inteiramente a partir de Cristo. É o tempo no qual, o no conselho de Deus, Cristo já está preordenado como Mediador dantes da fundação do mundo (Jo 17:24; 1Pe 1:20). Ele é, então, o Mediador da própria Criação (Jo 1:1; Hb 1:2  e, especialmente, v. 10ss; 1Co 8:6; Cl 1:16 [...]. A eleição do povo de Israel acontece com referência a Cristo e atinge seu ponto máximo na obra da encarnação [...].
      O papel de Cristo como Mediador prossegue em Sua Igreja que, sem dúvida, constitui Seu corpo terreno. Por essa mediação, Cristo exerce senhorio conferido a Ele por Deus sobre o céu e a terra, embora, no momento, ser invisível e possa ser visto somente pela fé (Mt 28:18; Fp 2:9ss). Desse modo, Cristo é o mediador que promoverá a conclusão do plano de redenção. Essa é a razão de Sua volta à terra – nova criação no final da história, relacionada no complexo  plano da redenção, está vinculada àquela redenção dos homens, cujo Mediador é Jesus Cristo.
      Com base em Sua obra, o poder de ressurreição do Espírito Santo transformará todas as coisas, inclusive no corpo mortal. Além disso, virão à existência de um novo céu e uma nova terra, onde o pecado e a morte não mais existirão. Somente então, o papel de Cristo como Mediador estará concluído. “Quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, também o Filho do Homem se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15:28). Apenas nesse ponto, a linha da história que começou com a criação alcançará seu final”. (CULLMANN, s.d. p. 108,109).
      Embora Cristo seja o foco da história, ele está acima e, ao mesmo tempo, no controle dela. Assim sendo, Ele é a própria história e o sentido dela. Portanto, devemos fazer parte conscientemente dessa história por meio da fé em Jesus.
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      Caros amigos e irmãos, a cada publicação vamos sendo esclarecidos sobre o final dos tempos; da vinda do Senhor Jesus, para julgar os vivos e os mortos. Deparamos então, com a expressão de que haverá um novo céu e uma nova terra. Observemos de que este estudo nos informa de como será o futuro, não dos nossos corpos, mas de nossas almas.
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      Mais uma vez vos declaro, estamos quase no final de todas as publicações. Faltam, creio eu, pouco mais de uma dezena. Não deixem de acompanhar e façam com que seus contatos acompanhem, também. Deus vos abençoe e vos guarde e vos dê saúde, vitórias e paz. Erleu Fernandes.
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      Na publicação de nº 62 teremos conhecimentos de mais um tema que se intitula: A IGREJA DE CRISTO.
         


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