sábado, 23 de julho de 2016

TEOLOGIA Nº 61

Estudo dos Fundamentos da Fé Cristã Nº 60              
      Manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice.
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema Central: TEMPO E HISTÓRIA
      Capítulo  2 = A MARCHA DO TEMPO.
      Próximo tema: UMA VISÃO CRISTÃ DA HISTÓRIA
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      Essas frases da oração do Pai-Nosso mostram vários componentes de uma visão cristã da história: uma meta (o Reino de Deus); uma luta (o reconhecimento que esse Reino não vem naturalmente, nem a vontade do Senhor é cumprida naturalmente, sem opção); a responsabilidade humana (de orar e trabalhar para o estabelecimento desse Reino).
      No entanto, uma melhor maneira de traçar uma visão cristã da história está nas exclusivas doutrinas bíblica que a sustentam: criação, providência, revelação, redenção e julgamento. Quando aplicada à história, tais doutrinas ensinam que há uma história da espécie  humana abrangente e universal; Deus controla a história, e, por causa disso, ela tem um padrão ou uma meta; Deus age de modo redentor na história, e homens e mulheres não são responsáveis pelo que fazem ou deixam de fazer no curso dela.
      1º - O primeiro ensinamento é a doutrina bíblica da criação: o mundo não é eterno, mas veio a existir da vontade de Deus e por meio de seus atos explícitos. O mundo natural é enxergado como pano de fundo do mundo dos homens e mulheres (Gn 1). Isto é, a espécie humana não é uma parte menor ou ocidental de ordem eterna das coisas, mas, em vez disso é uma porção valiosa e específica da criação, para a qual outras partes vieram à existência.
      A humanidade veio de um casal original, Adão e Eva, e é, portanto, uma só, a despeito de divisões subseqüentes em grupos étnicos e nacionais. O propósito da história deve envolver todos esses grupos, e não simplesmente os ocidentais ou outros “povos favorecidos”.
      O mundo antigo não teve uma filosofia como essa em lugar nenhum, nem existe algo semelhante hoje,  a não ser pelos conceitos derivados do cristianismo. Os gregos não tiveram uma visão universal na qual todos os seres humanos de todas as raças fizessem parte de um grande quadro.
      A necessidade de um espaço universal para a história tem sido enfatizada apenas recentemente pelos historiadores seculares. Vamos lembrar as histórias de Oswald Spengler e Arnold Toynbee.
      O que é novo nesses autores é o desejo deles explícito de escrever uma história universal da espécie humana. Nesse ponto, Spengler, em sua obra de dois volumes The Decline of the West (O Declínio do Ocidente), ér um crítico de seis predecessores. Eles os acusa de terem sito provincianos ao pensarem que a Europa é o centro mais importante da história simplesmente porque vieram de lá.
      Os historiadores criticados por Spengler ignoram outros povos e outras regiões. Mais sério do que esse provincianismo, entretanto, é o erro de interpretação para o qual isso conduz. Ao restringirem à preocupações à Europa, pode ser possível divisar o tipo de visão progressiva da história que os historiadores dos séculos passados produziram.
      Mas, quando se olha se olha para além da Europa e da Ásia, e de outras regiões esquecidas do mundo, pode-se enxergar de imediato que a história não é um processo linear ascendente, mas, em vez disso, um fenômeno no qual as culturas nascem, crescem com vigor, deterioram e morrem.
      Como base nessa analogia, Spengler previu o declínio do Ocidente (por sinal, o título de seu livro). Essa predição rendeu a ele grande conhecimento. Toynbee é mais otimista que Spengle, além de menos ambicioso. Sua obra, originalmente de 12 volumes, e chamada “Um Estudo da História”, que ele definiu como uma mera interpretação entre muitas, e não como a interpretação da história de todos os tempos.
      Embora diferente da abordagem, o objeto de estudo é o mesmo de Spengler – abraçar toda a história dentro de uma moldura ampla. Ao fazer isso, Toynbee compartimentou 34 civilizações, incluído 13 independentes, 15 satélites e 6 subdesenvolvida. Cada uma caracterizada  por uma ideia predominante.
      Aqui se encontra um dado interessante. Embora tanto Spengle como Toynbee parecem alertar para o fato de que espécie humana seja uma e que a história da espécie deveria, portanto, ser uma história universal, suas histórias são bastante diferentes. Chegam a impressionar como são poucas as sobreposições entre elas. O que está errado? Isso significa que o desejo por uma história universal está no lugar errado ou que, nenhuma das histórias existem realmente? Não necessariamente.
      A divergência entre dois historiadores importantes como Spengle e Toynbee significa, na verdade, que é muito difícil para uma mente humana dar contra de uma matéria de tamanha proporções. Isso pode ser colocado de maneira mais contundente.
      Na medida em que a escrita da história envolve uma seleção e interpretação de fatos, a seleção é sempre feita, pelo menos em parte, com base na experiência subjetiva e no julgamento do intérprete, é impossível escrever uma história puramente objetiva. As interpretações históricas dessa abrangência, ou mesmo de uma abrangência mais limitada, sempre vão diferir entre si.
      A única maneira de solucionar esse problema é recebermos uma interpretação vinda diretamente da história anterior à nós – de um Ser que entende da história com perfeição, mas está cima e além dela, e não é, portanto, afetado pelas distorções  e pelos prejulgamentos a que estão sujeitos os que vivem e trabalham na história. A única maneira de ter uma visão objetiva e universal dela é ela ser providenciada por Deus, o Deus da história.
      O cristianismo sustenta que Deus realizou isso. Quando falamos de uma doutrina da criação e suas implicações para a visão universal da história, nós o fazemos apenas porque Deus nos revelou essas coisas por meio das Escrituras Sagradas.
      2º - Tal raciocínio conduz naturalmente à doutria cristã da revelação, mas, antes de considerarmos esse ponto, é necessário da uma olhada na doutrina da providência, que segue a criação. A Bíblia revela que, tendo criado o mundo. Deus não o abandonou como se fosse um grande relógio que Ele houvesse construído e tivesse de funcionar sozinho. Ao contrário, Deus dirige o desenrolar da história mediante Seus decretos eternos, e, às vezes, intervém sobrenaturalmente tanto na natureza como na história para adequá-la.
      A doutrina na providência divina coloca a visão da história em patamares completamente diferentes do naturalismo. O naturalista acredita que existem certas leis inalteráveis para a história, pelas quais é possível prever o que virá.
      Spengler é um exemplo dessa visão, pois utilizou leis de nascimento, crescimento, declínio e morte para prognosticar a queda da civilização ocidental. Um exemplo ainda melhor, é Karl Marx (1818-1883), o qual reduziu as leis da história a fatores materialistas e econômicos.    
      Mas dói influenciado pela dialética de Hegel, mas garantiu que tinha a concepção dialética em sua mente. O que ele quis dizer foi que Hegel fez do espírito da racionalidade o fator determinante no eterno fluxo da tese para a antítese e, daí, para a síntese, enquanto ele, ao contrário, fundamentou na natureza até mesmo aquelas forças racionais.
      A visão de Marx foi inspirada por outro pensador alemão, Ludwig Feuerbach (1804-1872), que afirmou pelo uso de um trocadilho que der Mensh ist was er ist (o homem é pelo que ele come). De acordo com essa visão filosófica, os fatores materialistas e econômicos são tudo, o que resulta no fato de que a luta de classes, a ação revolucionária e, por fim, a sociedade sem classes são produtos inevitáveis.
      Os cristãos não estão presos a esse determinismo. De acordo com a Bíblia, Deus tem um plano na história, e ela está seguindo esse propósito. No entanto, isso não significa que a operação desse plano é mecânica. Nesse ponto, é claro, penetramos em um dos grandes mistérios da fé cristã: o relacionamento entre os decretos eternos, ou vontade de Deus, e as vontades humanas, que lhes são contrárias.
      Não podemos afirmar sempre com precisão de que forma esse relacionamento funciona, MS podemos declarar que cada uma das partes é real, e o fluxo da história está, portanto, condicionado, pelo menos parcialmente,  à obediência ou a rebelião contra Deus.
      A conseqüência mais importante desse fator humano, no que se diz respeito ao plano de Deus na história, é que esse plano não se encaixa no que consideramos uma realidade matemática. Há período de acontecimentos espirituais muito rápidos e existem aqueles em que a promessa do Senhor parecem estar atrasadas. A libertação de Israel, em contrastes com os 400 anos anteriores de cativeiro, é um exemplo. Como indivíduos, Deus parece, às vezes, estar agindo com muita velocidade em nossa vida. Em outros momentos, sentimos um avanço muito lento.
      Por causa da nossa atração por agendas apertadas e ritmos acelerado neste século, esse tipo de ambiquidade, geralmente, deixa-nos frustrados. Entretanto, para fazer sentido quando percebemos que o propósito divino na história não é construir prédios (nem mesmo igrejas) com mais rapidez que todo mundo, ou fazer os trens e aviões cumprirem seus horários, mas, sim, aprimorar o caráter e o comportamento do Seu povo.
      Isso deve ter acontecido com Abraão durante os 25 anos que ele esperou pelo nascimento de Isaque, o filho da promessa. Abraão tinha 75 anos quando Deus apareceu a ele pela primeira vez e transmitiu-lhe a promessa, mas tinha 100 anos quando viu seu filho nascer.
      Da mesma forma, José viveu muitos anos na escravidão e, mais tarde, na prisão, antes de ser exaltado à posição de segundo no governo do Egito.
      Moisés tinha 40 anos quando escolheu identificar-se com o destino de seu povo, em vez de permanecer com a realeza do Egito. Contudo, ele teve que fugir do Egito, e só 40 anos depois, finalmente, foi chamado por Deus para retornar com a ordem divina à faraó: “Deixe o meu povo ir”.
      Em cada um desses casos, o Senhor usou os anos difíceis para moldar o tipo de caráter que Ele precisava ver em Seus servos, para que fossem chamados à grande responsabilidade.
      Além do mais, uma vez que tal comportamento e caráter só podem advir da comunhão profunda com Ele, Deus deu a solução para que fôssemos  inevitavelmente levados a Ele por meio da oração e de outras formas de comunhão. Assim, oramos pela vinda de Seu Reino e clamamos pela manifestação de Sua vontade em todas as áreas de nossa vida.
      3º- Outro ensinamento que tem grande proeminência em uma visão cristã da história é a doutrina da revelação, a qual está relacionada às duas primeira. Sabemos, somente pela revelação dada a nós, que este mundo foi criado por Deus e é dirigido por Ele de acordo com o Seu plano perfeito.
      A revelação tem tanto um aspecto geral e objetivo como um subjetivo. Isto é, há uma revelação do plano total de Deus nas Escrituras, começando com a criação da espécie humana, prosseguindo com a queda, o chamado de um povo especial por intermédio do qual o Redentor viria, a aparição e a obra de Jesus, o estabelecimento da Igreja e promessa do retorno final de Cristo.
      Tudo isso é um quadro objetivo para uma visão cristã da história. Contudo, a revelação possui um caráter subjetivo. Quando lemos a Bíblia, o Senhor nos fala com o objetivo de chamar cada um para participar desse quadro mediante a fé em Jesus e obediência a Ele.
      Jesus é o ponto culminante da história. Nós nos tornamos uma parte da obra de Deus nessa história e servimos ao projeto divino para a história apenas quando entramos em um relacionamento com Aquele que está no comando das operações.
      A ideia bíblica mais importante nesse ponto é o Reino de Deus, discutido intensamente no livro dois desta obra.
      O Reino de Deus tem três dimensões, com cada uma produzindo uma visão cristã do que está acontecendo na história. Uma delas é a que poderíamos chamar de domínio geral ou soberano de Deus.
      “Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre os reinos dos homens e a quem quer constitui sobre eles” (Daniel 5:21).
      “E louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar as suas mãos e lhe diga: que fazer”? (Daniel 4:34b, 35).
      “O Senhor desfaz o conselho das nações; quebranta os intentos dos povos. O conselho do Senhor permanece para sempre, os intentos de seu coração, de geração em geração”. (Salmo 33:10,11).
      “Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas as coisas”. (Isaías 45,7).
      “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto”. (Romanos 8:28).
      O governo de Deus na história é verdadeiro, quer os homens e as mulheres reconheçam isso, quer não. Eles não podem quebrar o domínio de Deus. Com sua rebeldia, podem apenas quebrar a si mesmos como um ferro indefeso diante de uma bigorna.
      A dimensão pessoal do Reino é vista na obra de Deus para tirar uma pessoa do estado de rebelião e oposição ao Seu governo e colocá-la no estado de alegre participação nele. O Senhor faz isso pelo novo nascimento. O Reino é enxergado, então, a ação de Deus no interior do indivíduo para moldá-lo cada vez mais nos padrões do Seu Reino e usar o testemunho de cada cristão para levar esse Reino a outras pessoas.
      Quando oramos: “Venha o teu reino”, estamos clamando pelo governo de Deus nas vidas das pessoas hoje (e não meramente por uma futura vinda de Cristo). Finalmente, haverá, sim, uma manifestação futura desse Reino, quando Jesus voltar para julgar os vivos e os mortos.
      A Bíblia é uma revelação: (1) do governo e da direção geral de Deus na história; (2) de uma realidade presente na qual o Espírito Santo tem conduzido muitos indivíduos para, voluntariamente, moldarem-se às metas do Reino de Deus; (3) da promessa de que o Reino será, um dia, consumado no julgamento de pecadores e no eterno e glorioso reinado de Cristo. Dentro dessa moldura, aqueles que crêem em Jesus têm uma responsabilidade dupla: viver para Ele e ser Suas testemunhas por todo o mundo.
      4º - A doutrina da redenção introduz dois conceitos que já haviam sido mencionados, mas não suficientemente discutidos: o pecado e a atuação exclusiva de Deus em Cristo para salvar o pecador.
      O primeiro tema (pecado) explica nenhuma concepção naturalista ou não ética da história pode ser adequada. Aqueles que aceitam as pressões para se conformar com o entendimento moderno e progressista da história são mais vulneráveis nesse ponto, uma vez que o progresso que eles previram não é puro progresso, e, em certos casos, é questionável o que eles apóiam e consideram como progresso.
      O problema não é que os assim chamados elementos progressistas não estejam presentes. Eles estão. No entanto, uma trágica falha humana – que a teologia humana chama de pecado original – desfigura esses elementos de progresso, direcionando-o muitas vezes para fins destrutivos ao invés de construtivos.
      Na sociedade hipócrita de hoje, credita-se que esse elemento destrutivo está no âmago das instituições e, por isso, pode ser eliminado pela revolução ou pelas reformas sociais. Contudo, o problema é muito mais profundo que isso: ele está na natureza dos homens e das mulheres e, logo, somente pode ser tratado por Deus, para quem todas as coisas – mesmo uma reconstrução da natureza humana – são possíveis.
      Nos dias de hoje, alguns pensadores seculares já se inclinam para reconhecer o que a revista Time chamou certa vez de “um lado escuro” na natureza humana. Em seu ensaio sobre o mal: o fato inevitável, escrito logo após o massacre e My Lai, em um dos episódios mais sangrentos do Vietnan, a Time desejou ir além do aspecto mediano da tragédia ao tentar explicar o mal da natureza humana. O articulista escreveu:
      “Os jovens radicais de hoje [final da década 1960] são dolorosamente sensíveis a estes e outros erros de sua sociedade, e os denunciam com violência. Mas, ao mesmo tempo, eles se comportam como os americanos comuns em sua incapacidade em colocar o mal em sua perspectiva histórica. Para esses jovens o mal não é um componente irredutível do homem, um fato inevitável da vida, mas é alguma coisa cometida pelas gerações mais velhas, atribuído a uma classe social particular ou ao “sistema”, e erradicável por meio do amor e da revolução [...]. My Mai é um símbolo da violência que treme sob a superfície da vida americana; onde mais e de que maneira explodirá? Quanta injustiça e corrupção distorcem a realidade da democracia que os Estados Unidos oferecem ao mundo” (TIME, 5/12/1969.p. 27).
      Alguns anos depois, a revista de uma universidade americana fez a mesma observação em relação a um livro do teólogo Harvey Cox, da Universidade de Harvard, no qual ele convidava aos leitores a terem uma fé otimista no “mundo interior” da imaginação humana. A revista objetou:
      “Três gerações de escritores americanos testificaram a crueldade, o vício e, sem dúvida, a sanidade excessiva de nossa sociedade são coisas , mas que procedem exatamente do nosso “interior”; que nossas instituições não foram geradas na lua, mas são projeções, de fato, das estruturas encontradas nos poços profundos de nossa imaginação”. (LUCID, 1974, p. 7).
      Os cristãos corroboram essa análise. Esse é um problema da história, na queda original do Éden até os tempos modernos. Mas qual é a solução? Se Deus não agisse na história, não haveria solução, existiria apenas uma luta contínua contra o mal, em que o pessimismo ou o escapismo teria prevalecido.
      Contudo, Deus age. Ele atua decisivamente, não somente para dirigir a história ou prover um sistema no qual os piores pecados seja inevitavelmente julgados, mas para redimir aqueles que são responsáveis pelo mal. Ele o faz pela obra de Jesus Cristo.
      A Bíblia declara que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2 Co 5:19). Na medida em que Cristo governa sobre a história, não pode haver pessimismo para a pessoa que crê nele e no valor de Seu sacrifício.
     5º - Porém, nem todos serão redimidos. Essa é uma afirmação dura, mas está em conformidade com os ensinamentos da Palavra de Deus. Portanto, para tomar uma visão da história completa,  deve ser acrescentada às doutrinas já examinadas – criação, providência, revelação e redenção – a do juízo final de Deus. Os cristãos expressam sua crença nessa doutrina do Credo apostólico: De onde [isto é do céu] Ele [Cristo] virá para julgar  os vivos e os mortos”.
      Ao afirmar que Cristo irá julgar os mortos e também os vivos, esse credo está dizendo, em ultima análise,  que o mundo da história não é encontrado apenas no fim dele – como se todas as coisas tivessem sido construídas para um momento final de consumação, no qual alguns serão julgados capazes ou incapazes para a glória. O sentido da história, em vez disso, por mais banal que seja, onde houver escolhas a serem feitas por qualquer indivíduo, seja ele quem for, não importando de onde venha ou o quão importante parece ser.
      Retornando, então, à ideia levantada no final do capítulo anterior – o momento mais importante da história é sempre o agora. Citarei Butterfield de novo, o qual aborda esse ponto com uma analogia interessante:
      “A história não é como um trem, cujo único propósito é chegar ao seu destino, nem como a concepção que meu filho caçula tem dela quando ele conta os 365 dias anteriores ao seu próximo aniversário e avalia-os como um período sem graça e monótono, apenas para ser sofrido em prol daquilo que vai conduzir [o próximo aniversário]. Se quisermos uma analogia com a história, devemos pensar em alguma coisa como uma sinfonia de Beethoven – o clímax dela não e guardado para o fim, a plenitude da sinfonia não é uma mera preparação para uma beleza que só será atingida no último compasso. Embora, em certo sentido, o final possa estar constituído da arquitetura do todo, em outro, cada momento da sinfonia tem sua própria justificativa, cada nota está em seu contexto particular – tão valiosa como qualquer outra nota –, cada estágio do seu desenvolvimento tem seu significante imediato, independente de qualquer desenvolvimento que aconteça [...]. Logo, estaremos contemplando a nossa história sob a luz apropriada se dissermos que cada geração – na verdade, cada indivíduo – existe  para a glória de Deus” (BATTERFIELD, 1950, P, 67).
      A GLÓRIA DE DEUS.
      Não há exemplo melhor para nós do que o exemplo de nosso Senhor. Cristo veio à terra não para fazer a própria vontade, mas a do Pai, que o enviou (João 6:38).
      “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a glória que me deste a fazer” (João 17:4). De que forma a obra de Cristo traz glória para Deus? Revelando claramente o próprio Deus. Glorificar o Senhor significa confirmar as qualidades dele e torná-las conhecidas. As qualidades de Deus são vistas em sua plenitude na cruz de Cristo. Lá, mais do que em qualquer em outro lugar, a soberania, , a justiça, a retidão, a sabedoria e o amor de Deus são revelados abundante e irrefutavelmente.
      Vemos a soberania do Altíssimo na maneira como a morte de Jesus foi planejada, prometida, e, por fim, aconteceu, sem o mínimo desvio das profecias do Antigo Testamento nem ajustes para se adaptar a quaisquer circunstâncias imprevistas.
      Constatamos a justiça de Deus no pecado sendo verdadeiramente punido. Sem a cruz, o Senhor poderia ter perdoado nossos pecados gratuitamente (para falar segundo a uma perspectiva humana), mas não teria sido justo. Somente na morte de Cristo a justiça foi cumprida.
      Observamos a retidão de Deus no reconhecimento do fato de que apenas Jesus, o reto perfeito, poderia pagar a pena do pecado humano.
      Vemos a sabedoria divina no planejamento e ordenamento de tão grande salvação. E, por fim, contemplamos o Seu amor. Apenas na cruz tomamos conhecimento de que, sem dúvida alguma, Deus nos ama da mesma forma como ama Jesus. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
       Em Sua morte Jesus revelou amplamente essas qualidades divinas. Por conseguinte, Sua obediência à vontade do Pai ao morrer naquela cruz glorificou o Pai por completo. Não podemos glorificar o Senhor, como Jesus fez – perfeitamente ou por expiação substitutiva –, mas podemos honrá-lo, esforçando-nos para realizar Seus propósitos para nós mediante a obediência.
      ...
      Amigos e companheiros, seguidores deste nosso blog. Tentem imaginar o meu contentamento em estar concluindo esta 60ª publicação, Creiam, não tem outra explicação, senão, sendo a mão de Deus me conduzindo para tão longo trabalho.
      ...
      Nossa próxima publicação (Nº 61) terá o seguinte tema:
      CRISTO, O CENTRO DA HISTÓRIA.
                 


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