sábado, 2 de julho de 2016

PUBLICAÇÃO DE TEOLOGIA Nº 57

Estudo dos Fundamentos da Fé Cristã Nº 57              
      Manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice.
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema: O PODER PROTETOR DE DEUS

      “Há dois pontos em religião em que o ensino da Bíblia é muito claro e distinto. Um deles é o perigo amedrontador dos ímpios; o outro é a perfeita segurança dos justos. Um é a felicidade daqueles que são convertidos; o outro é a penúria daqueles que não se converteram. Um é a bênção de estar a caminho do céu; o outro, a tristeza de ir para o inferno” (RILE, 1977, p. 476).
      Essas palavras do bispo Ryle, da Inglaterra, introduzem o assunto da perseverança de Deus em relação aos Seus santos e une este capítulo ao ultimo. A doutrina da perseverança significa que o Pai, que começou um bom trabalho ao eleger e depois chamar um indivíduo à salvação, de acordo com o Seu bom propósito até que a pessoa eleita e chamada seja levada para o lar celestial e desfrute das bênçãos que estão preparadas para ela.
      A perseverança é o quinto ponto defendido pelo calvinismo; está ligada a outros pontos e extrai sua força deles.
      Esses pontos são, às vezes, expressos pela sigla DEPGP, embora as palavras sugeridas por essas letras não sejam necessariamente a melhor expressão das doutrinas.
      D representa depravação total, a doutrina que os não regenerados jamais poderão fazer alguma coisa para satisfazer os padrões da justiça de Deus.
      E representa a eleição, a doutrina analisada do capítulo anterior. Significa começa por Deus e nos escolhendo, e não o contrário.
      P representa propiciação, a doutrina que a morte de Cristo foi uma propiciação pelos pecados específicos de Seu povo, resultando em que este se torna verdadeiramente salvo. Não foi pura e simplesmente uma propiciação geral que torna a salvação possível, mas que, na verdade, não salva ninguém.
      G representa a graça irresistível, a doutrina a que nos referimos no capítulo anterior como chamada de efetivo.
      P representa a perseverança dos santos. Esta perseverança [em seguir ao Senhor] é o que [junto aos elementos anteriores], assegura que nenhum dos que foram chamados por Deus e redimidos pelo senhor Jesus Cristo irão perder-se. Uma vez que Deus está no inicio e no meio de Seu plano de salvação, Ele também está no fim.
      Essas doutrinas não foram inventadas por Calvino nem são características apenas de seu pensamento durante o período da Reforma. Elas são verdades bíblicas ensinadas por Jesus e confirmadas por Paulo, Pedro e todos os outros escritores do Antigo e do Novo Testamento.
      Agostinho as defendia contra as negações de Pelágio. Lutero cria nelas. Zuinglio também. Eles acreditavam na mesma coisa que Calvino, a qual, mis tarde, ele sistematizou em sua obra “As Institutas”.
      Os puritanos eram calvinistas; foi por intermédio deles e de seus ensinamentos que ambas, a Inglaterra e a Escócia, experimentaram os maiores e mais difundidos avivamentos nacionais que o mundo jamais viu posteriormente.
      Segundo essa linha, temos os herdeiros de John Kinox: Thomas Carrwright, Richard Sibbes, Matthew Henry, John Owen, entre outros. Nos Estados Unidos outros foram influenciados por homens como Jonathan Edward, Cotton Mather e, mis tarde e, mais tarde, George Whitefield.
      Em épocas mais recentes, o movimento missionário moderno recebeu, praticamente, toda a sua orientação e todo o seu ímpeto daqueles dentro da tradição calvinista. A lista inclui Willian Carey, John Hyland, Henry Martyn, Robert Monfat, David Livingstone, Jon G, Paton, John R. Mott, entre outros. Para todos esses, as doutrinas da graça não eram apêndice do pensamento cristão, mas, na verdade, ideias centrais, ardorosas e formadoras de seus esforços proclamadores e missionários.
      O QUE NÃO É PERSEVERANÇA
      Antes de ensinarmos o ensino bíblico relativo à perseverança, consideraremos o que essa doutrina não é. Primeiro, a perseverança não significa que os cristãos estão livres de perigos espirituais só porque são cristãos. Pelo contrário, o risco que correm é ainda maior, pois o mundo e o diabo serão seus opositores ativos.
      Observe a oração de Cristo para os seus discípulos antes da crucificação:
      “E eu já não estou no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Dei-lhes a tua Palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tire do mundo, mas que os livrem do mal” (João 17:11,14,15).
      Essas palavras tem um tom de tristeza no contexto do evangelho de João, pois o maligno estava, naquele momento, entrando em Judas, e o “mundo” ia condenar Cristo à morte antes que amanhecesse. Esse era o ambiente fatal onde os discípulos seriam deixados. Abandonados a própria sorte, eles pereceriam. Mas Cristo orou por eles. Embora o perigo fosse grande, eles foram guardados pelo poder de Deus.
      Segundo, a perseverança não significa que os cristãos estão livres de cair em pecado só porque são cristãos. Poderíamos raciocinar assim com base  na oração de Cristo em João 17, mas não seria errado, pois aqueles por quem Ele ora certamente pecam, embora não pequenos de modo a afastar-se do Mestre para sempre.
      O Senhor disse a Pedro, por exemplo, que ele pecaria a ponto de negá-lo, e que o faria três vezes seguidas: “Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para sir andar (por à prova) como trigo” (Jo 13:38). Porém, Cristo acrescentou: “Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22:31,32).
      Nesse incidente, Jesus previu a negação de Pedro, mas antes anteviu sua recuperação. Ele assegurou Pedro acerca de sua intercessão para que a fé de seu discípulo não fracassasse.
      Noé ficou bêbado. Abraão mentiu duas vezes sobre sua esposa, Sara, dizendo que ela era a sua irmã, pondo, assim, em risco, a honra dela para salvar a própria pele. Ló escolheu Sodoma. Jacó enganou seu irmão Saul, e enganou seu pai Isaque. Davi saiu em adultério com Bete-Seba e, depois tentou encobrir isso, fazendo com que Urias fosse morto.
      No Getsêmani, os discípulos abandonaram Jesus para se proteger (do frio da noite). Paulo e Barnabé brigaram por causa de João Marcos e tiveram de separar-se. Paulo insistiu em voltar para Jerusalém com a oferta dos gentios, mesmo quando o próprio Senhor apareceu a ele e o proibiu de fazê-lo.
      Todos eles pecaram. Na verdade, não há uma única história em toda a Bíblia, de alguém que foi um verdadeiro filho de Deus que se tenha perdido. Muitos foram dominados pelo pecado, mas nenhum pereceu.
      Terceiro, a perseverança não significa que aqueles que meramente professam Cristo, sem ter nascido de novo, estejam seguros. Advertências específicas são dadas àqueles que ouvem o Evangelho e parecem ter fé em Cristo, mas que não são verdadeiramente salvos. Por exemplo, Jesus disse: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos” (Jo 8:31).
      Isso parece mostrar que a perseverança por parte dos cristãos é a prova cabal de que ele é ou não nascido de novo. Nosso Senhor disse: “aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 10:22). Pedro escreveu: “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição” (2 Pe 1:10. É possível estar bem próximo de coisas cristãs e, mesmo assim, não ser de fato regenerado.
      AQUELE QUA GUARDA ISRAEL
      A perseverança na graça, na verdade, significa, como Thomas Watson apontou:
      “A herança celestial está guardada para os santos, e eles estão guardados para a herança [...]. Embora os santos possam chegar àquele momento em que nada tem a não ser um pouco de fé, não ficam sem fé. Embora a graça tenha sido puxada lá de baixo, ela não está seca; embora a graça possa estar abatida, não está eliminada; embora as virgens prudentes tenham descansado, suas lâmpadas não foi totalmente apagadas” WATSON, 1970, p. 379,380).
      A perseverança significa que, uma vez que alguém entra na família de Deus, estará sempre nessa família.
     A Bíblia cuidará para que aqueles que foram justificados não se percam. Davi escreveu no Salmo 138:8:
      “O Senhor aperfeiçoará o que me concerne; a Tua benignidade, ó Senhor é para sempre, não desampares as obras de tuas mãos”.
      O autor de Hebreus (10:14) declarou: “Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados”.
      Paulo escreveu:
      “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; abatidos, mas não destruídos; sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus, nos ressuscitará” (2 Corintios  4:8,9,14).
      A perseverança pode ser observada pelas imagens que a Bíblia aplica aos cristãos: “arvores cujas folhas não caem” (Sl 1:3); cedros do Líbano que florescem a cada ano como sequoias na Califórnia (Sl 92:12); uma casa construída sobre a rocha (Mt 7:24); o monte Sião que não pode ser movido (Sl 125:1).
      O Antigo Testamento fala especificamente do poder de Deus para guardar-nos. No Salmo 121:3-8, o Senhor é comparado a uma sentinela divina, cuja preocupação  é zelar sobre Seu povo durante sua vida terrena. Somados, o verbo guardar e o substrato guarda são usados seis vezes nesse contexto.
      “Não deixará vacilar o seu pé; aquele que te guarda não tosquenejará (coxilar). Eis que não toquenejará e nem dormirá o guarda de Israel. O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. O sol não te molestará de dia, nem a lua de noite. O Senhor te guardará de todo mal; ele guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre”.
      Outra passagem importante é Ezequiel 34:11-16. Deus falara contra aqueles que haviam sido maus pastores em Israel que, como Ele diz, não haviam feito seu trabalho. Eles deviam ter zelado pelas ovelhas, mas abandonaram-nas. Agora disse Deus, farei o que aqueles líderes não fizeram.
      “Porque assim diz o Senhor Jeová: Eis que eu, eu mesmo, procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio de suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas dispersas; e as farei voltar de todos os lugares em que andam espalhadas no dia de nuvens e de escuridão. E as tirarei dos povos, e as farei vir de diversos países, e as trarei à sua terra, e as apascentarei, nos montes de Israel, junto às correntes e em todas as habitações da terra. Em bons pastos as apascentarei, e nos altos montes de Israel será a sua malhada; ali, se deitarão numa boa malhada e pastarão em pastos gordos nos montes de Israel. Eu apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei repousar, diz o Senhor Jeová. A perdida buscarei, e a desgarrada tornarei a trazer, e a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com juízo”.
      Em Isaías 27:2,3, Deus é comparado ao vigia de uma vinha:
      “Naquele dia, haverá uma vinha de vinho tinto; cante-lhe. Eu, o Senhor, a guardo e, a cada momento, a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia a guardarei”.
      Jesus se aproveitou dessa imagem em Seu ensino. Ele comparou Seu Pai e a Si mesmo, pastor e senhor de terras, para encorajar Seus discípulos. O perigo era muito grande exterior e interiormente. Os discípulos possuíam uma velha natureza, que, com certeza, iria arrastá-los para o pecado várias vezes. Porém, Cristo proclamou que havia Um que era maior até mesmo do o perigo, e que iria preservá-los assim como havia preservado é guardado Israel.
      QUATRO TEXTOS-CHAVE PARA A SEGURANÇA DO CRISTÃO.
      No Novo Testamento, há quatro grandes textos que, mais do que qualquer outros, ensinam sobre a segurança do cristão. Dois foram preferidos por Jesus. Dois partiram de Paulo.
      O primeiro de João 37-40:
      “Tudo o que o Pai me dá vira à mim; e o que vem a mim de maneira alguma o lançarei fora. Porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu não se perca, mas que eu o ressuscite no último Dia. Portanto a vontade de quem me enviou é esta; Que todo aquele que vê o Filho e crê nele tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último Dia”.
      Tendo declarado que todos os que foram dados a Ele pelo Pai irão, de fato, até Ele; o Senhor continuou a ressaltar que guardará aqueles que efetivamente fizerem isso. Em grego essa frase contém uma negativa dupla que poderia ser traduzida assim: “E o que vem eu nunca, nunca lançarei fora”.
      Se a passagem parasse nesse ponto, seria possível argumentar que a negativa dupla refere-se ao fato de Cristo receber aquele que vai a Ele inicialmente – o qual Ele nunca, rejeitará –, porém essa pessoa pode, não obstante, decidir abandonar Cristo por sua própria iniciativa.
     Como Jesus declarou deixou claro nos versos seguintes, todos os que foram dados a Ele pelo Pai e que, portanto, vão a Ele e são recebidos por Ele serão ressuscitados no último dia. Jesus não perderá nada daquilo que Deus lhe deu.
      O segundo texto sobre perseverança é João 10:2730, que segue a mesma estrutura dos versículos de João 6. Mas, nesse caso, o Senhor está respondendo a um pedido de Seus ouvintes para falar de modo mais claro.
      É óbvio que a dificuldade não estava no que Jesus falava, e, sim, no entendimento daquelas pessoas. Entretanto, Ele respondeu: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará de minhas mãos” (V. 27,28). Eis a eleição, o chamado efetivo e a perseverança.
      Alguém poderá dizer: “Eu sei que ninguém jamais, nos arrebatará das mãos de Cristo, mas supunha que escolhemos desviar-nos por nossa própria conta”. Jesus disse: “Eles nunca perecerão”. “Nunca”?, poderíamos perguntar-lhe. “Nunca”, Cristo responderia. “Eles jamais perecerão, e ninguém os arrebatará de minhas mãos”.
      Em alguns momentos, pensei que o que Jesus fez ao proferir essas palavras fosse semelhante ao que um carpinteiro freqüentemente faz. Às vezes, em carpintaria bruta, o carpinteiro empurra um prego longo por lâminas mais fina até que a ponta fique para fora do lado de trás. Depois, com um golpe de martelo, ele empurra a ponta do prego lateralmente, incrustando-o na madeira. Isso é chamado de fazer rebite. Essa atitude torna o encaixe um pouco mais justo porque o prego não consegue sair da posição.
      Eis o que Jesus fez nestes versículos. Ele estava tão interessado em fazer com que a doutrina se fixasse na mente dos discípulos que empurrou não somente um prego, mas dois, e fez o rebite em ambos.
      Primeiro, Cristo ensinou que aqueles que são dele receberam a vida eterna. “Dou-lhes a vida eterna”. Esse é o “prego”. Só isso se fixa a verdade, pois a vida eterna é o que nunca se pode perder. Se ela pudesse ser perdida após alguns anos ou mesmo após muitos anos, não seria eterna. Entretanto, Jesus sabia que nunca poderia minimizá-la. Por isso, Ele disse: “E nunca hão de perecer”. Esse é o “rebite” pelo qual a doutrina da perseverança se fixa.
      Um prego, embora bastante apertado, nem sempre faz uma boa junção. Assim, Jesus prosseguiu, empurrando um segundo prego para fazer o rebite com ele também. Seu segundo prego: “Ninguém as arrebatará de minhas mãos”. O rebite. “Meu Pai que mas deu, é maior que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu” Pai. (V. 29).
      Podemos imaginar-nos semelhantes a uma moeda presa em Seus dedos. Essa é uma posição segura para qualquer objeto, mas, especialmente, para nós, considerando as mãos que nos seguram. Porém Jesus acrescentou que a mão de Deus está sobre as dele. Estamos seguros por duas mãos, ou seja, duplamente seguros. Se nos sentirmos inseguros, poderemos lembrar que, mesmo quando somos segurados dessa forma, o Pai e o Filho ainda terão duas mãos para nos defender.
      O terceiro texto importante sobre perseverança foi escrito por Paulo. Trata-se de Romanos 8:33-39. É uma continuação dos versículos estudados no capítulo anterior e parte da mesma seqüência dos atos de Deus para a salvação que eles introduzem;
      “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará: Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas essas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo, que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem outra criatura poderá nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”
      Paulo listou três causas possíveis de separação do amor de Deus nesses versos, mas, depois, ele se pôs de lado.
      Primeiro o pecado (v. 33,34). Os cristãos sabem que, embora sejam justificados por Deus, ainda são pecadores e erram diariamente por meios de pensamentos, palavras e atos. “E daí”?, perguntou Paulo. “Cristo morreu pelo pecado. Portando, aos olhos de Deus, o pecado se foi para sempre”. E supondo que alguém nos acuse? “Deus é o juiz”, Paulo respondeu. Os cristãos já foram absolvidos diante do júri da Suprema Corte, e ninguém está autorizado a reabrir esse caso.
      Segundo, nos versos 35 q 37, Paulo falou de sofrimento externo (tribulação, fome, nudez, perigo) e interno (a angústia da alma conhecida por aqueles que enfrentam perseguição por causa de seu testemunho).
      Esse padecimento é real. Ele deve ser separado, como Paulo indicou em sua citação do Salmo 44:22 em Romanos 8:36. Mas o sofrimento não triunfará. Ele não nos pode separar do amor de Deus.
      A terceira causa potencial da separação do amor de Deus é a existência de poderes sobrenaturais (v. 38,39), mas Paulo disse que nem esses triunfarão. Paulo conhecia a extensão da maldade espirituais neste mundo, e ele mesmo havia lutado contra isso.
      O apóstolo escreveu em Efésios 6:12:
      “Porque não temos que lutar contra a carne e sangue, mas, sim, contra os príncipes das trevas desse século, contra as hostes espirituais da maldade, em lugares celestiais”.
      Porém, por mais assustadoras que tais forças possam parecer, elas não podem triunfar sobre nós, porque Jesus foi vitorioso sobre elas.
      Aos colossenses, Paulo escreveu: “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si [Cristo] mesmo” (Co 2:15).
      O texto final é Filipenses 1:6; “Tendo por certo isto mesmo: que aqueles que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo”.
      Isso é uma afirmação condensada de um princípio declarado, de modo mais extenso, em outros lugares. Deus termina o que Ele começa. Contudo, também sugere outro pensamento. Literalmente, o grego diz que Deus irá continuar aperfeiçoando o Seu trabalho até o dia de Cristo. Dito de forma mais direta, Ele fará isso quer queiramos, quer não.
      O versículo fala de uma boa obra que Deus completará. Que boa obra é essa? Ela não está bem explicitada em Filipenses 1:6, mas em Romanos 8:29: “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conforme a imagem de seu filho”.
      Isso é algo que vai acontecer no céu? Não. O plano de Deus é que vivamos isso hoje. Em Filipenses 1:6 está escrito que o Pai não desistirá de Seus esforços para tornar-nos semelhantes a Cristo, mesmo em caso de não querermos que ele o faça. Cristo é o Santo de Deus; assim, esse plano envolve nosso crescimento em santidade.
      Sabemos que pecamos como cristãos. O que acontece quando pecamos? O eterno nos ignora? Poderíamos desejar que Ele o fizesse porque nós, às vezes, ainda que por um momento, gostamos do pecado. Porém, não o permite que continuemos em nosso caminho erroneamente. Ele nos disciplina quanto a isso.
      O Senhor nos persuade e, às vezes, até permite que sejamos infelizes para que possamos sair do caminho de destruição e voltar para estrada que Ele mapeou para nós. Deus até pode permitir que um cristão passe por muitos percalços, se isso for necessário pra tirá-lo do pecado de conduzi-lo de volta à comunhão.
      Por isso, a doutrina da perseverança não é o ensinamento perigoso que alguns imaginam. “A perseverança pode ser verdadeira”, diz alguém, “mas, com certeza, ensiná-la é perigoso.
      Se as pessoas crerem que nada poderá arrebatá-las da mão de Deus, com certeza irão sentir-se a vontade para pecar. Essa doutrina nos encoraja a viver de qualquer jeito”.
      O conhecimento da grandeza do amor divino que persevera por nós, na verdade, tende a manter-nos fiéis. Conhecer tal amor e desejar, acima de qualquer outra coisa, não fazer nada contra a Ele.
      Além disso, o conhecimento da perseverança divina ensina-nos também a perseverar. Nosso trabalho e freqüentemente desestimulante. Em geral, vemos pouco resultado. Mas nos manteremos nele porque o Pai no-lo deu, e precisamos ser como ele, cumprindo fielmente essa responsabilidade.
      Por vezes, achamos desanimador o ato de evangelizar. As pessoas não querem o evangelho. Elas odeiam o Deus que o deu. Ainda assim, insistiremos nisso, sabendo que o mesmo Deus que é capaz de guardar-nos é capaz de também salvar outros deste mundo.
      Nossa família é uma área de responsabilidade especial. Muitas vezes, ficamos deprimidos quando um filho, uma filha, um irmão, uma irmã, ou o nosso cônjuge não trilham nos caminhos de Deus. Em dada ocasião, a situação parece perdida. Mas o Senhor não permite que fiquemos desesperançados. Ele não desistirá e nem renunciará. Deus é o nosso guarda fiel. Com Ele todas as coisas (permitidas por Ele) são possíveis.
      Vivemos em uma época que é tão fraca proclamar a doutrina de Cristo que mesmo muitos cristãos não conseguem ver por que tais verdades devem ser pregadas, ou como eles podem ser usadas pelo Senhor para salvar os pecadores. Isso sempre foi assim.
      O Eterno usou a doutrina da perseverança para salvar Charles Spurgeon, um dos maiores pregadores que já existiram. Quando ele tinha apenas 15 anos, observou como amigos seus que tinham começado bem a vida destruíram-se ao cair em vícios terríveis.
      Spurgeon tinha medo que ele mesmo pudesse sucumbir. “Quaisquer boas resoluções que eu possa tomar”, ele pensou: “a probabilidade é que não servirão para nada quando a tentação me atacar. Serei como aqueles de quem se diz: ‘Eles veem o anzol de Satanás e, mesmo assim, não conseguem deixar dar uma mordidinha na isca’. Eu me desgraçarei e me perderei”.
      Isso foi quando ele ouviu que Cristo guardaria a queda de Seus santos. Esse fato teve um encanto particular para ele, que se viu dizendo: “Eu voltarei para Jesus e receberei dele um novo coração e um espírito reto. Assim, ficarei seguro contra aqueles tentações que os outros caíram. Serei preservado por ele”. Foi essa verdade, somada a outras, que conduziu Spurgeon ao Salvador.
      O cristianismo não tem um fundamento vacilante. Não é uma mensagem de porcentagens ou possibilidades. É um evangelho certo. É o anúncio de nossa completa ruína do pecado, mas, também, do remédio perfeito de Deus em Cristo.
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      Que bom que a gente concluiu a publicação de Nº 57, nesta nossa caminhada de estudos teológicos.
      Entraremos, a partir do estudo Nº 58, com o último volume desde nosso maravilhoso Livro de Teologia, que será dividido em alguns capítulos. Não desanimem, mas, fiquem alertas, nestes assuntos tão profundos para nosso entendimento de cristãos.
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      Nosso tema Central deste último volume do livro é:
      TEMPO E HISTÓRIA – O título do 1º capítulo é:
      O QUE ESTÁ ERRADO COMIGO?

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