Estudo do Livro Fundamentos
da Fé Cristã Nº 27
Um manual de Teologia ao alcance de todos.
Autor: James Montgomery Boice
Postado por: Erleu Fernandes da Cruz
CAPÍTULO 16 - Continuação
“A DOUTRINA FUNDAMENTAL DA RESSURREIÇÃO”.
......................
O SELO SOBRE A JUSTIFICAÇÃO.
A ressurreição de Jesus estabeleceu a
doutrina de que todos acreditam em Cristo são justificados de todo pecado.
Paulo ensinou a mesma coisa em Romanos:
“Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos, pecados foi entregue e ressuscitou
para a nossa justificação” (Rm 4:24b, 25). Em outras palavras, Jesus morreu por
causa das nossas transgressões e ressuscitou para que fôssemos justificados. A
ressurreição é a declaração de Deus de que Ele aceitou o sacrifício de Jesus
Cristo pelo humano.
Quando Jesus estava na terra, Ele declarou
que expiaria os nossos pecados: ”O Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20:28). No tempo
apropriado a hora de crucificação chegou e Jesus morreu. O sacrifício foi
oferecido, a expiação foi feita. Mas como os seres humanos saberiam se Deus
realmente havia aceitado a oferta de Cristo?
Suponhamos que o próprio Jesus tivesse
pecado, mesmo quando estivesse pendurado na cruz. Nesse caso o Cordeiro não
seria sem mancha ou mácula, e expiação não teria sido perfeita. Deus aceitaria
o sacrifício?
Durante três dias a pergunta permaneceu
sem resposta. Então, o momento da ressurreição chegou. A mão de Deus alcançou a
fria tumba da Judéia, e o corpo de Cristo foi vivificado. Ele ressuscitou. A
pedra foi retirada. Jesus foi (é) exaltado à direita do Pai. Por meio desses
atos, sabemos que Deus aceitou o sacrifício perfeito de Seu Filho pelo pecado.
“Quando Jesus morreu, Ele o fez como meu
representante, e eu morri com Ele; quando ascendeu aos céus Seu lugar à direita
do Pai na Glória, também o fez como meu representante, e eu ascendi com Ele,
estando, portanto, com Cristo sentado com Deus nos céus. Eu olho para a cruz a
cruz de Cristo eu sei que a expiação pelos meus pecados foi feita; vejo o
sepulcro aberto e o Senhor ressuscitado, e sei que o sacrifício dele foi
aceito. Já não existe nenhum pecado em mim, não importa quantos ou quão grandes
fossem as minhas transgressões”. (TORREY, 1954-1956. P. 107. 108).
O SELO SOBRE A SANTIFICAÇÃO
Os ensinos bíblicos afirmam que, de acordo
com os padrões de Deus, é impossível encontrar bondade no ser humano, e isso
pode ser aplicado corretamente tanto aos descrentes como aos cristãos. Entretanto,
também nos é dito que, por meio de Cristo, podemos viver uma vida agradável a
Deus. A ressurreição de Jesus corrobora isso.
Como base em nossos próprios padrões,
podemos considerar nossas ações como atos de bondade. Existem extraordinários
humanitários e filantropos entre os descrentes. Contudo, ninguém pode fazer o
bem quando medido pelo padrão de Deus, já que tudo o que fazemos é corrompido
pelo nosso toque pecaminoso. Não pode existir vitória humana sobre o pecado.
Porém, se Jesus está vivo, então podemos viver por meio dele, o que torna
possível, assim, a existência da santidade genuína.
“Isso acontece pela sobre excelente
grandeza do seu amor sobre nós, os que
cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo,
ressuscitando-o dos mortos” (Ef 1:19-20).
Paulo escreveu:
“De sorte que fomos sepultados com ele
pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória
do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Romanos 6:4).
Isso significa que todos os que crêem em
Deus estão ligados a Ele de tal forma, que se permitir, Cristo passará a viver
neles. Podemos ser fracos e absolutamente impotentes, incapazes de resistir às
tentações, mesmo que por um momento. Mas Ele é forte e pode ajudar-nos e
livrar-nos sempre que preciso. Assim não precisamos mais alcançar vitórias
apenas por meio de nossa própria força, visto que tudo depende do poder do
Senhor. É desse poder que precisamos.
Torrey contou uma história para ilustrar
esse ponto. Quatro homens foram escalar o lado mais difícil da montanha de
Matterhorn. Dois guias e dois turistas estavam amarrados juntos. Ao chegar a um
lugar particularmente difícil, o turista que estava em baixo escorregou e
tombou de lado.
O puxão repentino da corda carregou também
o guia que estava mais abaixo, bem como o outro turista, deixando, assim, os
três homens pendurados sobre o vertiginoso precipício. Entretanto, o guia que
estava na liderança, ao sentir o primeiro puxão da corda, cravou seu machado no
gelo, prendeu o pé e segurou-se fortemente. O primeiro turista recuperou,
então, o equilíbrio; logo depois, o outro guia recuperou, e, em seguida, o
outro turista também. Assim continuaram a subir em segurança.
O mesmo aconteceu conosco. Enquanto a
humanidade escalava os penhascos gelados da vida, o primeiro Adão perdeu o
equilíbrio e precipitou-se sobre o abismo, levando consigo uma pessoa após
outra, até que toda espécie humana ficou em perigo mortal. Mas, o último Adão,
Jesus, manteve-se firme. Ele se segurou fortemente. Desse modo, todos aqueles
que estão ligados a Cristo por meio de uma fé viva estão seguros, e podem
recuperar o equilíbrio.
O SELO SOBRE A VIDA ETERNA
Além de tudo que já foi dito, a
ressurreição de Jesus prova também que a morte não é o fim, visto que esta foi,
de fato, derrotada por todos aqueles que, pela fé, estão unidos no Senhor.
Quando estava aqui na terra, Cristo disse
aos seus seguidores: “E, se for eu vos preparar lugar, virei outra vez e vos
levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejam vós também” (Jo
14:3). Isso pressupões a ressurreição dos próprios discípulos.
Da mesma forma, o apóstolo Paulo escreveu:
“Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também os que em Jesus
dormem Deus os tornará a trazer com Ele” (1 Ts 4:14). Os que crêem em Cristo
estão unidos a Ele pela fé de tal maneira que, se Jesus ressuscitou dos mortos,
Seus seguidores deverão fazer o mesmo. Nós, que nos unimos ao Cordeiro na
morte, estaremos unidos a Ele também na ressurreição.
Nesse ponto, devemos destacar duas
verdades. A primeira é que, fora da ressurreição de Jesus Cristo, não há
certeza de vida após a morte. A segunda, por sua vez, é que, com base na
ressurreição dele, o cristão pode ver perfeita segurança de vida eterna com
Deus.
Os escritos filosóficos tem muitos
argumentos para a imortalidade, mas, na melhor das hipóteses, oferecem apenas
especulações sobre o tema. Um filósofo definiu a doutrina da imortalidade como
uma vela que brilha sem muito vigor no fim de um túnel escuro. Outro descreveu
como uma estrela tenuemente brilhante na mais escura das noites.
Essa é a [volúvel] esperança filosófica da
imortalidade que não transmite segurança. É uma possibilidade, mas não uma
certeza. A única evidência segura da nossa ressurreição é a ressurreição do
próprio Jesus, que disse: “Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós
me vereis; porque eu vivo, e vós me vereis” (Jo 14:19). É ela que faz toda a
diferença.
No ano de 1899, dois homens famosos
morreram nos Estados Unidos. Um foi um descrente que tinha feito carreira
menosprezando a Bíblia e argumentando contra as doutrinas cristãs. O outro era
um cristão.
O Coronel Robert G. Ingersoll, em cujo
nome foram realizadas, na universidade de Harvard, as famosas séries de palestras Ingersoll, sobre imortalidade, era
o descrente. Ele foi-se de repente, [morreu] sendo sua morte um choque absoluto
para a família.
O corpo do coronel foi mantido dentro de
sua casa durante vários dias porque a esposa dele não podia suportar a ideia de
separar-se do marido. O cadáver foi só removido quando começou a deteriorar-se,
prejudicando assim a saúde da família.
Em seguida os restos mortais foram
cremados, e a exibição do crematório foi tão triste que algumas cenas foram
captadas pelos jornais e apresentadas à nação. Ingersoll tinha usado o seu próprio
intelecto para negar a ressurreição, mas, quando a morte chegou, não havia
nenhuma esperança. Sua partida foi recebida pelos parentes e amigos como uma
tragédia sem compensação.
No mesmo ano, o famoso evangelista Devight
L. Moody se despediu da vida, mas sua morte foi triunfante tanto para ele como
para sua família. Moody estava definhando havia tempo, e a família em turnos.
Na manhã em que morreu, seus filhos que estavam de pé ao lado do leito, ouvi-o
exclamar: “A terra está afastando, o céu está se abrindo; Deus está chamando”.
No livro Fhilippians: Ane Expositional
Commentary [Filipenses: um comentário expositivo], encontamos mais detalhes
desse momento:
“Você está sonhando, pai” – disse o filho,
Moody respondeu: “Não, Will, não é um sonho. Estou dentro dos portões. Vejo as
faces das crianças. Por um momento parece que Moody estivesse se
restabelecendo, mas ele começou a escapulir. Ele disse: “Isso é morte? Não é
ruim; não existe vale. É uma felicidade. É glorioso”! A esta altura, sua filha
estava presente começou a orar pela recuperação do pai. Ao perceber, Moody
disse: “Não, não, Emma, não ore por isso. Deus está me chamando. Esse é o dia
da minha coroação, e tenho esperado ansiosamente por isso”. Logo depois, Moody
foi recebido no céu. No funeral. a família e os amigos se reuniram para um
culto jubiloso. Eles conversaram. Cantaram hinos. Ouviram a Palavra
proclamando: ”Onde está, ó morte o teu aguilhão? Onde esta, ó inferno, a tua
vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas,
graças a Deus, que nos dá vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios
15:55-57; Boice, 1971, p. 256 a 257).
A morte de Moody fez parte daquela
vitória.
Não quero sugerir que a morte de cada
cristão seja igualmente gloriosa. Nem todos sentem a força dessas doutrinas no
momento de voltarem para casa. Mas muitos sentem. A morte pode ser vitoriosa
para o cristão. Não há esperança à parte da ressurreição de nosso Senhor.
O SELO SOBRE O JULGAMENTO
Por fim, a ressurreição de Jesus Cristo
também é a garantia de um julgamento final sobre aqueles que rejeitaram o
evangelho. No areópago, Paulo proclamou que: “Deus estabeleceu um dia em que,
com justiça há de julgar o mundo por meio do varão que destinou; e disso deu
certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17:31).
Cristo, quando estava na terra, falou
sobre um julgamento final, alegando que Ele seria o Juiz. O fato de Deus tê-lo
ressuscitado dentre os mortos é a prova da veracidade de sua alegação. É uma
garantia de que o dia do julgamento está chegando.
Os seres humanos imaginam que a morte é o
fim de todas as coisas, principalmente quando esta atinge seus inimigos. Um
mosquito nos pica e ficamos irritados; nós o golpeamos e parabenizando-nos
porque vimos o fim daquele inseto. Uma raposa invade o galinheiro e nós
atiramos nela. Morto, o animal já não nos ameaça. Quando nosso inimigo morre,
nós o descartamos de nossa mente.
Assim foi com Jesus Cristo. Ele veio ao
mundo fazendo o bem, mas as pessoas se ofenderam tanto com a Sua santidade que
tentaram encontrar alguma coisa pela qual pudessem acusá-lo. Ele alegava ser o
Filho de Deus; então, acusaram-no de blasfêmia. Jesus falou dos pecados do povo
e afirmou que, haveria um dia em que Ele julgaria toda a humanidade, eles o
odiaram por causa disso.
Finalmente, Seus acusadores conseguiram
matá-lo. Podemos imaginar o júbilo em Jerusalém no dia da festa da
crucificação. Aqueles que tinham desprezado Jesus se parabenizavam por ter
acabado com Ele. Estavam seguros, pois nunca mais precisariam suportar Sua
arrogância novamente. Então, veio a ressurreição e, por meio desse ato, Deus
declarou que a morte nunca seria o fim de Cristo, porque Ele é a própria Vida.
O mal está no mundo, mas nada que se oponha a Deus triunfará no final. O pecado
foi punido na Cruz, mas Jesus triunfou sobre a morte na ressurreição. “Foi
necessário que Cristo padecesse, mas Ele se manifestou, para aniquilar o pecado
pelo sacrifício de si mesmo [...] vindo, depois disso, o juízo” (Hb 6:26-27).
.......................................
Que bom que terminamos numa só aula
expositiva a segunda parte do capítulo 16. Que Deus continue a tocar em seu
coração para que você não deixe de tomar conhecimento dos assuntos teológicos
que hão de vir, nos próximos sábados. Que Deus te abençoe e te guarde. Que Ele
volte para você a Sua face e lhe faça vencedor(ra) dos seus propósitos feitos
em Sua presença. Que Ele te cure desse mal que tanto te aflige em seu
organismo. Amém, amados? Próximo assunto no Capítulo 17 é:
VERIFICANDO A RESSURREIÇÃO
0 comentários:
Postar um comentário