sábado, 14 de maio de 2016

ESTUDO TEOLÓGICO 50

Estudo Fundamentos da Fé Cristã Nº 50
      Manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema: ABRACE A CRUZ.

      Se os executivos da Avenida Madison, em Manhattan, Nova Yorque, estados Unidos, estivessem interessados em atrair pessoas para a vida cristã, enfatizariam seus aspectos positivos e gratificantes. Falaria do cristianismo como uma forma de plenitude da vida e felicidade.
     Isso porque nós, que vivemos no Ocidente. Infelizmente somos tão condicionados a esse tipo de pensamento (mais especificamente a esse modelo de evangelismo cristão marketing cristão) que nos chocamos quando aprendemos que o maior princípio do cristianismo é negativo. Não é o tipo: “Venha a Cristo, e todos os seus problemas desaparecerão”, mas, como o próprio Senhor declarou:
     “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sobre  si a sua cruz e siga-me; porque aquele que quiser salvar a sua alma perdê-la-á, e quem perder a sua alma por amor de mim achá-la-á. Pois que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? O que dará o homem em recompensa da sua alma”? (Mateus 16:24-26).
     Se estivéssemos escrevendo acerca do cristianismo da maneira que a nossa cultura o vê, comporia um poema exatamente com este, encontrado na parede de uma sala de espera no campus de uma universidade cristã:
     “Que os anos de sua vida sejam agradáveis / Que teus sonhos se realizem / E que, em tudo o que planejas e praticas / Bênçãos venham para ti. /Que tua vida tenha muito sucesso / E que traga muitas surpresas positivas! / Que a memória de  dias alegres / Apenas prove que mais dias virão. (Autor desconhecido).
     Contudo, se formos honestos com a Palavra de Deus, falaremos com Jesus:
     “Se alguém vier a mim e não aborrecer a seu pai, e sua mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo. Assim, pois, qualquer de vós que não renunciar a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo”.  (Lucas 14:26, 27, 33).
     “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem, neste mundo aborrece a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna”. (João 12:24-25).
     “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra; bem-aventurados os que sofrem perseguições por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, disserem todo o mal contra vós, por minha causa”. (Mateus 5:3-5, 10,11).
     Não há como negar a presença de hipérbole [exagero] semítica nas passagens bíblicas anteriores. Aquele que nos mandou amar uns aos outros não está defendendo o cultivo de animosidade [inimizade] literal para com os membros da nossa própria família apenas.
     “Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos (propriedades), por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casa, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos com perseguições, e, no século futuro, a vida eterna”. (Marcos 10:29,30).
      Finalmente algo positivo sobre o evangelho! No entanto, repare o final do último versículo, que fala das recompensas, mas com perseguições!
      A questão não é lutar até a morte ou renunciar a tudo. A contrário, morrer e renunciar a todas as coisas é o princípio da vida com Deus!
      Em Romanos 12:1, Paulo aludiu a essa verdade ao apresentar o autossacrifício como o princípio da vida cristã em seu tratamento mais formal:
     “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.
     Sobre esse assunto, Calvino – em seu comentário sobre Romanos 12:1 -- fez um dos apelos mais forte em As institutas:
     “Portanto, se não somos de nós mesmos (1 Co 6:19, mas do Senhor, fica claro qual erro devemos evitar e para onde devemos direcionar todos os erros de nossa vida. Não somos de nós mesmos. Que nem nossa razão nem nossa vontade interfiram em nossos planos ou nossas ações. Não somos de nós mesmos. Que não busquemos o que não convém a nossa carne! Não somos de nós mesmos. Na medida do possível não nos esqueçamos de nós mesmos e de tudo que for nosso! Somos de Deus. Por conseguinte, vivamos e morramos por Ele. Somos de Deus. Que Sua sabedoria e vontades governem as nossas ações! Somos de Deus. Que todas as áreas de nossa vida se empenham e buscá-lo (RM 14:8). Como é feliz a pessoa que, ao saber que não pertence a si mesma, submete-se à vontade de Deus! O fim de quem busca seus próprios interesses é a destruição, já o de quem busca a Deus, a Salvação! (Calvino, 1960, p. 690).
     A ideia da morte de Jesus é repetida em outras passagens nos evangelhos. Logo, vale considerar suas [três etapas da nossa mortificação]: (1) – Devemos negar a nós mesmos; (2) – Precisamos levar a cruz de Cristo; (3) – Temos de seguir Jesus.
      NEGANDO A NÓS MESMOS.
      A abnegação – ou renúncia – do próprio ego não pode ser considerada algo difícil para o cristão entender, pois isso é o que significa ser cristão. Ser de Cristo significa agradar a Deus, não mediante os nossos próprios méritos ou esforços, mas aceitando pela fé, o que o Altíssimo fez por intermédio de Jesus para nos salvar
      Ninguém pode salvar a si mesmo. Por isso, devemos rejeitar nossos próprios esforços e receber a salvação divina gratuitamente.
      A vida cristã é, portanto, somente uma questão de confiar no Caminho que já havíamos iniciado. Porém, isso não é fácil. Esse princípio é tão desfavorável que o cristão sempre tende a viver por seus próprios padrões humanos, tendo em vista nossa natureza e a cultura em que estamos inseridos.
     “Sempre formos cercados por pessoas que não dizem não a coisa alguma, vivemos num mundo onde tudo é julgado pelo tamanho, pela grandeza ou pelo sucesso. Agora, de repente, aprendemos que, que na vida cristã, deve existir o não às coisas e o não a si mesmo? Complicado! Se isso não tivesse soando difícil, é capaz de você não estar entendendo a questão”. (Schaeffer, 1971, p. 19).
      Experimentar a morte e a renúncia implica estarmos dispostos a dizer não a qualquer coisa que for contrária a vontade divina para nós. Ou seja, a tudo que for contrário à Bíblia.
      Jesus nos libertou da condenação na Lei de Deus. Agora, não é mais um conjunto de regras que pode justificar-nos. Contudo, devemos, ainda assim, obedecer as Escritura, pois elas revelam a natureza do Altíssimo e mostra-nos coisas  em nossas vidas às quais, por meio do poder divino em nós, devemos dizer não para continuarmos em Cristo.
     O primeiro dos Dez Mandamentos é um exemplo do que é dizer não a tudo aquilo que possa tirar Deus de Seu devido lugar em nosso viver. “Não terás outros deuses diante de mim”. (Dt 5:7)
     E esses outros deuses podem ser tanto um ídolo como o dinheiro. Recursos financeiros, pessoas ou coisas, nada pode tomar o lugar de Deus em nossa vida.
      De fato, é possível ser rico e seguir Jesus. O problema é quando o dinheiro se torna um deus. Então, temos de dizer não ao amor a ele. Na realidade, devemos renunciar a tudo que estiver entre Cristo e nós, seja alguma outra pessoa (cônjuge, ou filhos), um negócio, uma ambição, a fama, o poder.
      Caso você queira conferir se há algo tomando o lugar que deveria (ou deve) ser o lugar de Deus em seu coração, observe os demais mandamentos a seguir.
      Em Deuteronômio 5:17 lemos: “Não matarás”. Devemos dizer não a qualquer desejo de matar ou de acabar com a reputação (caráter) de alguém.
      Em Deuteronômio 5:18, está escrito: “Não adulterarás”. Devemos dizer não a todo desejo de possuir o cônjuge alheiro.
      Em Deuteronômio 5:19, é dito: “Não furtarás”. É preciso que digamos não a qualquer anseio de possuis (tomar posse por roubo) de um bem de alguém.
      Se não dissermos não a essas vontades pecaminosas, não podemos afirmar que estamos vivendo a novidade de vida em Cristo.
     “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na Sua morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim, andemos nós também em novidade de vida”.  (Romanos 6:4).
      Para experimentarmos a mortificação e a renúncia, devemos também dizer não a tudo que não for da vontade de Deus para nós. Isso vai além do que falamos quando tratamos da Lei.  Nem tudo permitido na Palavra do Senhor é da Sua vontade para o nosso viver.
      Por exemplo, não há coisa alguma errada com o casamento. Na verdade, o casamento foi algo estabelecido por Deus e tem a Sua bênção. Contudo, pode não ser a vontade divina para você casar com determinada pessoa em particular. Nesse cão, é preciso dizer não a isso consciente e deliberadamente. O mesmo se dá quanto a uma profissão à nossa ideia acerca de nós mesmos, etc. É difícil? Sim, até mesmo para a pessoa mais santa.
      Atente para a luta pela qual passou Agostinho:
      “A nova vontade que havia brotado em mim e me feito desejar a liberdade para adorar e regozijar-me em Ti, Senhor, a única alegria verdadeira, ainda não era forte o bastante para tomar o lugar da antiga vontade que se enraizara com o tempo. Logo, houve em mim um conflito de vontades – uma carnal e outra espiritual – que partiu meu coração em pedaços.
      Por experiência própria, sei exatamente o que Paulo, como a carne cobiça com o espírito e o espírito contra a carne (Gl 5:17). Felizmente, eu estava mais no espírito que na carne. Quando fazia coisas que eu sabia serem erradas, eu não agia segundo a minha vontade. Assim por vezes, eu me encontrava em um lugar onde não gostaria de estar. Mas eu costumava desculpar-me dizendo que não sabia, ao certo, o que era a verdade e o que não era. Então, continuava seguindo os caminhos do mundo, em vez de servir-te.
      Agora, entretanto, eu estava certo quanto à verdade, mas, apesar disso, recusava-me a servir-te. Eu tinha medo de livrar-me das minhas frustrações do que de frustrar-me! Por conseguinte, apesar de ser pressionado pelas opressões do mundo, eu não me preocupava.
      Quando pensava em Ti, procurava não ver o quão real Tu és. Eu ficava sem ação quando Tu me dizias: “Desperta, ó tu que dormes e levanta-te dentre os mostos, e Cristo te esclarecerá” (Ef 5:14). Tu usavas todos os meios para me transmitir a verdade em Tuas palavras! Às vezes, eu me sentia tão culpado que não podia responder outra coisa, senão: “Sim senhor, já vou! Não precisas insistir”! Todavia, esse já não era bem um já, mas um quando der.
      Em meu interior, eu tinha prazer em Tua Lei, mas percebia que havia em mim outra lei, que lutava contra aquela que eu aprovava e que fazia de mim um prisioneiro. Essa era a lei do pecado, manifestada na força do hábito, pela qual a mente é levada e feita cativa de tudo longe de nossa vontade própria – merecidamente -- é claro, caí no hábito por conta própria. Como eu poderia libertar-me dessa condição? Só Tu, meu Deus, por meio de Jesus Cristo, o meu Senhor, poderia ter me libertado (VIRT, 1941, p.108 e 109).
       Essas palavras de Agostinho revelam o conflito de desejos que há no interior do cristão, bem como as dificuldades que é render-se à vontade divina. Por outro lado, nelas há uma declaração da bênção de negar-se a si mesmo em nome de Cristo.
      Como compôs Thomas Kempis, em Imitation of Christ [Imitando Cristo], devemos orar:
     “O Senhor conhece o melhor. Portanto, faze como quiseres. Dá-me o que quiseres. Age de maneira que Teu nome seja honrado. Põe-me onde quiseres e lida comigo da maneira que bem entenderes. [...] O que poderás ser ruim para mim, se Tu tiveres presente? É melhor ser pobre e ter a Ti que ser rico sem ter a Ti. É melhor ser um peregrino contigo que possuir o céu sem Ti. Onde estiveres, ali estará o céu. Onde não estiveres, ali estarão a morte, e o inferno”
      Como, saber, se estamos dizendo não a tudo o que não for da vontade de Deus para nós?  Quando não estivermos mais reclamando. Se agirmos como os israelitas, que murmurava no deserto, não estaremos devidamente dando as costas ao Egito. Estamos prontos [para fazer a vontade de Deus] quando pararmos de fazer queixas.
      LEVANDO A CRUZ DE CRISTO.
      A segunda expressão do princípio de mortificação e da renúncia é a própria morte em si; aquela a que Jesus se referia ao dizer que devemos tomar nossa cruz para servi-lo. Para entendermos isso, precisamos, primeiro, observar o sentido desse: “tomar a nossa cruz” (Mt 10:38).
      Hoje, quando as pessoas falam de levar ou suportar sua cruz, o que têm em mente é algum tipo de problema, como, por exemplo, certa doença, algum vício do cônjuge, um local de trabalho não muito agradável etc. No entanto, isso não é o que Cristo quer dizer-nos com tomarmos nossa cruz.
      Na época de Jesus, a cruz simbolizada a morte porque era um tipo de execução. Logo, o que Ele estava dizendo é que devemos morrer para nós mesmos. Trata-se de algo mais forte que uma simples renúncia. Ele falou que devemos renunciar ao nosso eu voluntária e continuamente.
      Tomarmos a nossa cruz seria algo mais forte do que uma simples renúncia, haja vista que é possível negarmos a nós mesmos diversas vontades, sem, contudo, renunciarmos ao nosso eu.
      É possível estar entre a indecisão de Agostinho e a entrega total de Kempis. Com freqüência fazemos como Jacó (Gn 32). Ele regressou à Terra Prometida após 20 anos trabalhando para seu tio Labão. Jacó havia enganado a seu irmão Esaú. Assim teve que fugir para a casa de seu tio, situada no outro lado do deserto, porque Esaú havia jurado matá-lo, Por isso, grande era o temor de Jacó. No entanto, depois de duas décadas, este esqueceu de tal ameaça feita por seu irmão. Cada passo que dava na direção deste tornava-se mais e mais árduo.
      Ao chegar ao vau do Jaboque, Jacó olhou para o lugar onde sabia que Esaú vivia. Creio que, naquele instante, se Jacó pudesse ir embora, ele o faria. Contudo, a situação estava tão difícil com Labão, que naquela altura, recusar era algo fora de cogitação. Agora, Jacó só podia seguir adiante. Sendo assim, disse a seus servos que fossem bem à frente dele, a fim de descobrirem que reação Esaú poderia esboçar.
      Logo aqueles mensageiros com Esaú seguido de 400 homens. Então voltaram dizendo a Jacó: “Fomos a teu irmão Esaú; e também ele vem encontrar-se e 400 varões com ele”. (Gn 32:6).
      Se Jacó já tinha motivo para temer, agora, então, com essa notícia, sua situação piorava  ainda mais. O que deveria fazer? Jacó olhou à sua volta e, engenhosamente, decidiu presentear ao irmão com seus bem.
      Acreditando que de alguma forma poderia quebrantar o coração de Esaú, Jacó enviou ao irmão um rebanho de 200 cabras, 20 bodes, 200 ovelhas, 20 carneiros, 30 camelas, 40 vacas, 10 novilhos, 20 jumentas e 10 jumentinhos, (Gn 32:14-15) pela mão de três servos, recomendado-lhes: “Quando Esaú vir vocês e perguntar: De quem vocês são servos? Aonde estão indo? Quem é o dono desses animais?”, digam: Pertencem a teu servo Jacó, São um presente para ti, senhor Esaú. Jacó vem logo atrás de nós”.
      [Ao repartir o rebanho em três grupos e enviá-lo pela mão de três servos] É possível que Jacó tenha pensado: “Se Esaú não ficar satisfeito com o primeiro presente, é melhor que eu lhe dê também outros animais!” Assim, todos os bens de Jacó foram oferecidos ao seu irmão na forma de uma extensa passeata.
      Ao encontrarem Esaú, os servos de Jacó deviam dizer: “Isto é um presente do teu servo Jacó pata ti, senhor Esaú”.
      Em certo momento, Jacó se viu sem bem algum. Ao perceber que lhe restavam, ainda, suas esposas, seus filhos, deve ter pensado: “Também terei de dá-los a Esaú?”. [Temendo perder toda a família, Jacó] enviou na frente Léia, a esposa por quem tinha menor apreço, e os filhos que teve com ela. Já Raquel, aquela a quem mais amava, foi enviada depois com os filhos do casal. Por último, atrás de todos eles, iria Jacó.
      Isso remete ao que fazemos quando o Altíssimo se aproxima de nós, e nós o tememos. Então pensamos: “Para acalmá-lo, darei a Ele meu dinheiro”! Porém, embora porque não entendamos o por quê disso, Deus parece não se satisfazer apenas com nossos recursos financeiros. Propomos: “Darei a Ele o meu tempo! Vou servi-lo na Igreja! Lecionarei na escola bíblica dominical”.  Além disso, entregamos a Ele a nossa família, mas não o nosso próprio ser. Então, quando nos encontramos nus perante os seus olhos, o Senhor envia o Seu anjo, a fim de que “lute” conosco e, com isso, aprendamos a submeter-nos a Ele.
      O único problema dessa ilustração é que, nesse caso, morrer para si mesmo e levar a cruz parece um simples ato de rendição, quando, na verdade, trata-se de todo um processo de obediência e disciplina diária, durante o qual pode haver momentos de crise e de decisões importantes. Entretanto, a batalha não é ganha nesse ponto, uma vez que nossas escolhas devem ser seguidas de decisões diárias pelo não à nossa própria vontade e sim á de Deus.
      Isso é indicado pelo texto original grego em Mateus 16:24, que faz uso do verbo no tempo presente. Uma melhor tradução bíblica seria “[sempre] tome sobre si a sua cruz e siga-me”.
      DISCIPULADO DIÁRIO.
      Esse assunto leva-nos ao próximo ponto: o discipulado. Quando Jesus falou que deveríamos renunciar a nós mesmos e tomar a nossa própria cruz, Ele, obviamente, não afirmou que deveríamos ser crucificado no sentido literal. O que está em jogo nessas duas ordenanças [tomar a cruz e segui-lo] são os princípios norteadores do discipulado da vida cristã, que precisam ser adotados durante todo o nosso viver.
      Mas, em termos práticos, como renunciar a nossos planos e interesses? Há somente uma forma de isso acontecer: seguindo Cristo, fixando nosso olhar nele, que é o maior exemplo de renúncia. O Mestre disse não inclusive à Sua glória celestial para se tornar um homem de carne e osso e morrer para nos salvar. (Fp 2:5-11).
      O autor de Hebreus, logo após redigir aquele maravilhoso texto sobre os heróis da fé, escreveu:
     “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e pecados que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”. (Hebreus 12:1-2).
      Jesus também nos transmitiu esse ensinamento. Nota-se isso quando estudamos minuciosamente as passagens acerca da morte e renúncia que Ele tratava de si mesmo, de Seu sofrimento e de Sua morte na cruz. Marcos 10 é um exemplo mais claro disso. Nele, Jesus ensina sobre oi discipulado, indicando que seus discípulos deviam: (1) – apegar-se à revelação das Escrituras (v 1-12); (2) – aproximar-se de Deus com fé simples de uma criança (v 13-16); e (3) – saber que bens freqüentemente formam uma barreira para o discipulado (v 17-31). Nesta última passagem, Ele introduz a questão da perda da família e de bens, que pode ocorrer quando seguimos Jesus e Seu evangelho. Eis a passagem subseqüente:
     “E, iam no caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles. E eles maravilhavam-se e seguiam-no atemorizados. E, tornando a tomar consigo os doze, começou a dizer-lhes as coisas que deviam sobrevir, dizendo: Eis que nós subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas, e o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios, e o escarnecerão, e açoitarão, e cuspindo nele, e o matarão, mas, ao terceiro dia, ressuscitará”. (Marcos 10:23-34).
      Com essa instrução, Jesus pediu a devoção completa de Seus seguidores. Seus seguidores devem renunciar a tudo pela causa do evangelho. Porém, Cristo pediu algo que Ele mesmo não faria, mas Ele próprio deu o exemplo do que deveria ser feito com a vida.
      O Mestre também falou acerca de Sua ressurreição e assinalou que o caminho para a morte e a renúncia, apesar de doloroso, leva a uma vida abundante. Sobre essa questão Paulo escreveu:
     “Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança de sua morte, também o seremos na da sua ressurreição”. (Romanos 6:5).
     “Já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo que vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”. (Gálatas 2:20).
      Na ordem bíblica, a morte é sempre seguida de vida, e é para conquistar essa vida que devemos estar dispostos a morrer [para nós mesmos e nossas vontades]. É quando deixamos de viver para nós mesmos e abrimos mão daquilo que achamos precioso e indispensável a nós, que encontramos a verdadeira felicidade: a de adotar a vida cristã, livre de qualquer obsessão que outrora costumava a aprisionar-nos de alguma forma.
       Essa é a maior diferença entre uma vida cristã feliz e vitoriosa e uma infeliz e fracassada: a morte e a ressurreição. Cristãos infelizes podem ter morrido e renascido em Cristo, tornando-se, assim, novas criaturas em Jesus. No entanto, certamente nunca experimentaram a vida abundante que Ele nos disponibiliza. Cristãos felizes são os que encontraram satisfação em tudo o que Deus lhes dá e que disseram não ao que pudesse afastá-los de uma nova vida abençoada na presença de Deus. Amem.
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      Amigos e seguidores de nossos blogs, são muitas, as vezes que a gente pode dizer que está realizado em Cristo Jesus. Isso, nada mais é do que os frutos que a Palavra de Deus realiza em cada um de nós. Confesso, que partilhando com vocês esse estudo de âmbito teológico tenhamos aprendido muito a caminhar na fé, neste caminho rumo a eternidade. Não desistam, não enfraqueçam, pois muitos assuntos importantes estão para vir.
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      Nosso próximo assunto será:
      LIBERDADE, LIBERDADE!

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