sábado, 4 de junho de 2016

estudo de teologia nº 53

      Estudo Fundamentos da Fé Cristã Nº 53
      Manual de Teologia ao alcance de todos.
      Autor: James Montgomery Boice
      Postado por: Erleu Fernandes da Cruz.
      Tema: FALANDO COM DEUS.
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      Por meio do estudo bíblico, Deus fala conosco, e, por meio da oração, falamos com Ele. Ambos os atos são necessários para desenvolvermos um relacionamento pessoal que seja genuíno como uma conversa entre duas pessoas.
      Entretanto, a oração é ainda mais do que um breve-papo. É um privilégio. Ao colocarmos no centro da vontade do Senhor da melhor maneira que sabemos, aproximamo-nos dele como crianças se aproximam de seus pais, e pedimos o que precisamos, sabendo que seremos atendidos. Assim, a oração é uma resposta à promessa de Cristo. “E tudo quanto pedirdes eu meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho” (João 14:13-14).
      Rubem A. Torrey, em um de seus livros, fez uma lista de 11 razões pelas quais a oração é importante:
     1º - Porque o diabo existe, a oração é o meio indicado por Deus para resistir a ele.
     2º - Porque a oração é a maneira pela qual obtemos do Senhor o que precisamos dele.
     3º - Porque os apóstolos, que devemos ter como modelo, consideravam a oração como a coisa mais importante.
     4º - Porque a oração ocupava um lugar proeminente e tinha um papel crucial na vida terrena de nosso Senhor.
     5º - Porque a oração é o elemento mais importante do ministério atual de Jesus, já que Ele agora intercede por nós (Hb 7:25).
     6º - Porque a oração é o meio pelo qual o Senhor nos concede Sua misericórdia e graça, a fim de ajudar-nos na hora de necessidade.
     7º - Porque a oração é o meio de obter a plenitude da alegria divina.
     8º - Porque a oração, com ações de graça, é o meio de obter livramento da ansiedade e, no lugar dela, ter acesso à paz que excede todo o entendimento.
     9º - Porque a oração é o método indicado para obter a plenitude do Espírito Santo.
     10º - Porque a oração é o meio pelo qual nos mantemos vigilantes e atentos à volta de Cristo.
     11º - Porque a oração é usada por Deus para promover nosso crescimento espiritual, dar poder as nossas obras, levar aos outros a fé em Cristo e trazer outras bênçãos para a igreja.
      O PROBLEMA DA ORAÇÃO
      Apesar da importância devida da oração, a maioria das pessoas não a entende com muita clareza. O problema pode ser originado no fato de que poucos cristãos conhecem bem a Deus, visto que, se nenhum de nós o conhece plenamente, a oração é, pelo menos em parte, confusa.
      Será ela responsável por mudar as coisas ou as pessoas? Deus muda de ideia por causa de uma oração de fé? Ao orarmos, fazemos com que o Senhor aja ou Ele age em nós para que oremos? O que significa orar sem cessar? Quem pode orar? Como se deve fazê-lo? Em qualquer seguimento do povo de Deus, muitas dessas questões recebem respostas diferentes e, às vezes, até mesmo contraditórias.
      Não são apenas as pessoas comuns que tem dificuldade com a oração. Isso também acontece com os teólogos.
      Certa vez, no decorrer de seus longos e influentes ministérios, George Whitefield, o calvinista, e John Wesley, o evangelista arminiano, pregaram juntos. Após dirigirem vários cultos durante o dia, retornavam, toda noite, exaustos ao quarto onde dividiam em uma pensão.
      Uma noite, depois de um dia particularmente extenuante, os dois chegaram e prepararam-se para dormir. Quando se aprontaram, cada um ajoelhou ao lado se sua cama para orar. Whitefield orava assim: “Senhor, agradecemos a Ti por todos aqueles com os quais falamos neste dia e regozijamo-nos porque a vida e o destino deles estão inteiramente em Tuas mãos. Honra nossos esforços de acordo com a Tua perfeita vontade. Amem”. Dito isso, deitou-se na cama.
      Wesley, que mal tinha começado a invocar a Deus em suas orações nesse curto espaço de tempo, levantou os olhos e perguntou-lhe: “Sr. Whitefield, é até aí que seu calvinismo o leva”? Em seguida, abaixou a cabeça outra vez e continuou a orar.
      Witefield ficou na cama e dormiu. Cerca de Duas horas depois, e acordou e lá esta Wesley, ainda de joelhos ao lado da cama. Ele levantou, foi até onde Wesley estava ajoelhado e tocou-o, constatando que o mesmo estava dormindo. Witefield, então, questionou-o: “Sr. Wesley. É até aí que seu arminismo o leva”?
      Essa história não serve para dizer que calvinistas ou arminianos inevitavelmente falham ao orar apenas em decorrência de alguma fraqueza. Contudo, entendemos que mesmo o cristão mais zeloso tem dificuldades.
      Calvino cria na providência divina, mas, o seu capítulo sobre a oração, que precede o que aborda a questão da eleição, ele refutou o que diziam que Deus se incomoda com nossas orações “supérfluas” (CALVINO, 1960, p. 851).
      Fomos ensinados a reconhecer, pela fé, que tudo quanto nos é necessário e nos falta está em Deus e em nosso Senhor Jesus Cristo, de quem, de fato, o Pai quis que habitasse toda plenitude de Sua liberdade [João 1:16 e Col 1:19], a fim de que dele, como de uma fonte inesgotável, todos bebamos, buscando, em súplicas, tudo que aprendemos nele residir.
      De outra sorte, embora conheçamos  a Deus como Senhor e Administrador de todas as coisas boas, não devemos pedir-lhe nada para proveito exclusivamente pessoal, como no caso das pessoas que enterram e escondem debaixo da terra o tesouro que lhe foi revelado com o propósito de edificar a muitos (CALVINO, 1960, p. 850).
       Contudo, embora orar seja o mesmo que desenterrar os tesouros de Deus, esse não é um modo básico de receber coisas dele, pois o tesouro mencionado por Calvino inclui as riquezas da graça e da glória que estão em Cristo Jesus.
      A ORAÇÃO É A DEUS.
      Muitas de nossas dificuldades referentes à oração podem ser removidas ao esclarecermos a quem estamos orando e o que foi feito para tornar na oração possível. Esse foi o ponto de partida do ensino de nosso Senhor sobre o tema em questão.
      No Sermão do Monte, Ele ressaltou que a única oração válida é aquela dirigida consciente e explicitamente  a Deus Pai:
     “E, quando orares, não sejam como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas ou nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará” (Mateus 6:5-6).
      Jesus não estava pregando contra o valor e a prática de orar em público, pois Ele mesmo orava assim (Jo 11: 41-42). Na verdade, Ele se preocupava com a nossa tendência de orar não para Deus, mas para nós mesmos, ou para os outros. A oração deve ser feita com a consciência de que o Senhor está sempre pronto a responder-nos do que nós orarmos a Ele.
      Muitos pensam que todas as orações são oferecidas a Deus, mas não é assim. Talvez fosse possível até argumentar que, entre mil orações, nenhuma é realmente direcionada ao Senhor.
      No mundo, de modo geral, milhões de orações são oferecidas a ídolos e deuses falsos.  No catolicismo, muitas são oferecidas aos santos. No protestantismo, há pessoas que se preocupam tanto com a eloqüência de suas orações que se esquecem de que o objetivo delas é aproximarmos de Deus, e não impressionar a congregação (igreja).
      Será que minhas orações me levam à presença de Deus? Quando oro, estou na verdade, importando-me muito mais com meus amigos, minha vida atarefada e meus interesses pessoais do que, com a necessidade de aproximar-me do Senhor? Sobre esse dilema Torrey afirmou:
     “Nós nunca devemos proferir uma sílaba, seja em público ou em particular, até que sejamos definitivamente conscientes de que entramos na presença de Deus e estamos orando a Ele” (TORREY, 1955, p. 76).
      A oração está relacionada com o crescimento espiritual de cada pessoa. A medida que a alma amadurece, a vida de oração se aprofunda, e vice-versa. Quando as crianças começam a orar, por exemplo, freqüentemente só fazem petições: “Papai do céu, abençoa o papai e a mamãe e ajuda-me a ser uma boa menina. Amem”
      Um pouco depois, quando crescem, elas são ensinadas a gradecer o Pai pelas coisas: “Papai do céu, obrigada pela comida, pelas minhas brincadeiras e por todas as coisas boas...” Ao longo dos anos, a criança é levada a considerar  as necessidades dos outros, pensando e louvando ao Senhor.
      O mesmo deve acontecer na vida de cada filho de Deus: devemos sair do estágio no qual nossas orações se centralizam apenas em nós mesmos, para passar a pensar nos outros e, depois, no Senhor, crescendo e amadurecendo na fé.
      Existe um hino de Frederick W. Faber que assemelhando-se a uma grande oração, menciona a plena capacidade espiritual que só será viável no céu.
      Meu Deus, como é maravilhoso, / Tua Majestade como refulge! / Quão belo o Teu trono de misericórdia / No profundo da luz abrasadora!
      Ó, como temo, ao Senhor Deus vivo, / com sentimentos mais profundos e ternos / E louvo-te com trêmula esperança, / E lágrimas de penitência.
      Contudo, posso amar-te, ó Senhor / Poderoso como és, / Pois descestes para pedir / O amor de meu pobre coração.
      Pai de Jesus recompensa do amor! / Que êxtase será / Prostrar-me diante de Teu trono para ali ficar, / E pôs-me a olhar e a fitar a Ti.
      Nessas palavras finais, Faber ter-se-ia apaixonado por Deus, visto que quer apenas fitar os olhos nele.
      Essa dinâmica de oração – de nós mesmos para os outros e, depois, para o próprio Deus – não para ele, mas inevitavelmente, volta do Pai para as nossas necessidades e dos outros. Ela é gerada por um renovado reconhecimento de nossas transgressões e de nossa fraqueza, que sempre vivenciamos quando olhamos para o santo e onipotente Senhor, o qual nos leva à confissão do pecado. Nossa preocupação com os outros é nutrida pela descoberta de que, em Sua graça, Deus se importa com eles da mesma forma que se importa conosco, e isso nos leva a intercessão.
      Essa ideia é sugerida nas palavras do Pai-Nosso. A oração começa como deve ser, com Deus e com seus interesses. Somos ensinados a orar da seguinte forma: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6:9-10).
      Essa é uma oração para a honra de Deus. Mas, pouco depois de os pedidos serem esboçados, a oração continua: “O Pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa as nossas dívidas (pecados), assim como nós perdoamos  aos nossos devedores. E não nos induza (nos deixe cair) à tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6:11-13).
      Em contraste com a primeira parte da oração, essas são as preocupações humanas ou mundanas. Além disso, os pronomes não estão no singular (eu, mim, meu), mas no plural (nosso, nos, nossas, nós). Ao contemplar o Senhor em nossa adoração, vamos sem dúvida, voltar-nos para orar por nossos semelhantes
      Há um acrônomo para a oração que  muitos tem achado útil: ACTS, a letra A significa Adoramos; C quer dizer Confessamos; T te agradecemos e S suplicamos. Conhecer a Deus verdadeiramente implica que teremos de confessar nossos pecados, agradecer a Ele por Seu perdão e por todas as outras bênçãos e interceder uns pelos outros.
      POR INTERMÉDIO DE JESUS CRISTO
      Eu oro, mas como isso é possível? Uma vez que Deus é santo, com eu, um ser humano pecaminoso, posso aproximar-me dele? A resposta é que a verdadeira oração é oferecida ao Pai com base na morte de Jesus Cristo.
      O autor do Livro dos Hebreus colocou a questão da seguinte forma: “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hebreus 10:19,22a).
       Jesus ensinou a mesma coisas  quando disse: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14:6). Se tivéssemos de aproximar-nos de Deus pelos nossos méritos, Ele nos rejeitaria. Se não fosse por Jesus (segunda Pessoa de Deus), o Senhor nunca ouviria oração de ser humano nenhum. Entretanto, podemos ser purificados a Seus olhos por meio da fé em Seu Filho, cujo sacrifício (na cruz) tornou possível  nossa aproximação dele.
      Isso significa, é claro, que a oração é só para os que crêem em Jesus, não servindo para os pagãos (não batizados) e nem para os ateus (os que não crêem em Deus). Também não é privilégio de pessoas idôneas que consideram Cristo apenas um modelo de homem comum (CALVINO, 1960, p. 876).
      Embora Deus normalmente não atenda à oração dos que não crêem em Seu Filho como Salvador, também é verdade que Ele não escuta aquelas oferecidas por muitos cristãos quando se apegam a algum pecado. Por isso Davi disse: Se eu atender (der crédito) à incredulidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá” (Salmo 66:18).
      E Isaias escreveu:
     “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar, nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Isaias 50:1-2).
      Esses versículos descrevem sua vida de oração? Então, você deve confessar seu pecado aberta e francamente, sabendo que “Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9).
      Se eu for desonesto com um amigo, é difícil falar sobre qualquer coisa com ele. Posso conseguir forçar a barra falando sobre o clima, meu trabalho, ou nossas famílias, mas não vou puxar assuntos pessoais. Apenas quando a “poeira assentar” depois que o perdão tiver sido pedido e concedido, poderei, outra vez, abrir-me com meu amigo.
      O mesmo acontece em nossos relacionamentos com Deus. Se o pecado me afasta do Senhor, então Ele é como um estranho e, embora eu creia em Jesus, minha oração flui de maneira lenta. Em vez disso, devo confessar meu pecado e aprender a passar tempo à sós com meu Pai celestial. Quando faço isso, minha oração torna-se tão íntima quanto as conversas que tenho, em comunhão, com meus amigos íntimos.
      NO ESPÍRITO SANTO
      A oração é o meio pelo qual desenvolvemos comunhão com Deus por intermédio do Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo. Em Efésios 2:28, é dito“Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito”.
      Assim. Orar é chegar ao Pai mediante a fé em Seu Filho e a intercessão do Espírito Santo. Isso significa que o agir do Espírito em nós leva à presença do Senhor, fazendo com que, por meio da oração, o contato com Ele se torna mais íntimo.
      Esse fato é sugerido pela palavra grega prosagõgê, que no versículo anterior, é traduzida como acesso, o que literalmente, significa apresentação. O Espírito Santo nos apresenta a Deus, tornando-o real para nós enquanto nos instrui sobre como devemos orar.
     “E da mesma maneira o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimível. E aquele que examina os corações sabe qual a intenção do Espírito; e ele que segundo Deus intercede pelos santos” (Romanos 8:26-27).
      Alguma vez, ao orar, você teve a sensação de que Deus estava longe? Se isso já lhe aconteceu, pode ser que seu pecado e desobediência estejam afetando sua comunhão com Ele. Contudo, essa interferência pode ocorrer apenas porque outras coisas têm ocupado a sua mente, ou preocupações tem obscurecido o entendimento que você deve ter da presença divina.
      O que você deve fazer nesse caso? Orar de novo em outro momento? Certamente, não, não é possível que esse seja o momento em que você mais precisa interceder. Pare um pouco e peça ao Pai que, por intermédio do Espírito Santo, Ele se torne real para você, levando-o à Sua presença.
      Muitos cristãos consideram que seus mais maravilhosos momentos de oração são aqueles  nos quais começam sem um senso claro da presença de Deus, mas chegam a ela mediante intercessão.
      SEJA FEITA A TUA VONTADE.
      Quando nos aproximamos de Deus como devemos, podemos ter ousadia na oração, como Wesley, Whitefield, Calvino, Torrey e outros grandes guerreiros da oração tiveram.
      Isso foi o que Deus nos ensinou a fazer no versículo citado no início do capítulo. “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei” (João 14:13).
      Não quer dizer que devemos pedir ao Senhor qualquer coisa tola ou pecaminosa e recebê-la. Pedir algo em nome de Jesus significa que nosso desejo deve estar de acordo com a vontade dele. Quando agimos dessa forma, podemos ficar confiantes de que seremos atendidos.
      Entretanto, para ser fiel a esse texto, é preciso dizer que há cristãos que atribuem um sentido  equivocado à noção da vontade de Deus, visto que usam para justificar seus próprios pecados. Outros oram com tão pouca confiança que Deus lhes responde que, em cada uma de suas petições, constantemente, dizem “se for da tua vontade”, como se soubessem, de antemão, que as coisas que eles estão pedindo não acontecerão. Grande parte dessas pessoas fica muito surpresa quando o Senhor, de fato, responde alguma das suas orações.
      Quando Herodes Antipas governava a Palestina, o apóstolo Pedro estava preso em Jerusalém. Os cristãos estavam preocupados. Pedro já havia sido preso antes e libertado, mas Herodes tinha acabado de matar Tiago, o irmão de João, sendo muito possível que decidisse executar Pedro também.
      Diante dessa situação, os cristãos começaram a orar. À medida que oravam em uma área de Jerusalém – na casa de Maria, mãe de João Marcos –, Deus operava em outra parte da cidade, libertando Pedro da prisão. Os portões foram abertos, e um anjo guiou o apóstolo até as ruas da cidade, enquanto moradores estavam dormindo.
      Não sabemos o que estava passando pela cabeça dos cristãos na casa de Maria. É possível que estivessem orando para que o Senhor confortasse o coração de Pedro, ou impedisse a decisão de Herodes, ou ainda, o que é mais provável, para que Deus livrasse o apóstolo da prisão. Contudo, tenho certeza de que eles diziam “se for da Tua vontade”, pois não estavam esperando uma resposta do alto.
      Enquanto intercediam, Pedro chegou à porta e bateu. Uma criada foi ver quem era e ficou tão perplexa que voltou para o grupo de oração sem deixar o apóstolo entrar. Eles, por sua vez, saíram-se pior que ela, pois quando souberam que era Pedro, disseram-lhe: “Estais fora de si” a história continuou:
     “Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É seu anjo. Mas Pedro perseverava em bater, e, quando abriram, viram-no e se espantaram. E, acenando-lhe com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão e disse: Anunciai isso a Tiago e aos irmãos. E saindo, partiu para outro lugar” (Atos 12:15-17).
      Muitas de nossas orações são com as desses cristãos. Em grande parte de nossas igrejas, a intercessão se tornou uma obrigação, e os filhos de Deus passaram a orar sem expectativa da resposta divina. Que pena que é assim!
      Em contraste, Jesus ensinou que podemos viver e orar de acordo com a vontade de Deus, sendo ousado ao ponto de dizer: “seja feita a Tua vontade”. Podemos pedir com confiança, sabendo que os desígnios do Senhor irão cumprir-se em nossa vida e nossa igreja.
      Foi a compreensão de estar no centro da vontade de Deus que deu a Lutero sua grande ousadia em oração. Em 1540, o grande amigo e assistente de Lutero, Frederick Micônio, ficou doente e tinha a expectativa de morrer em pouco tempo. Em seu leito de morte, ele fez um esforço para escrever um bilhete de despedida para Lutero. Este recebeu o bilhete e, no mesmo instante, enviou uma resposta:
     “Eu ordeno em nome de Deus, porque eu ainda preciso de você na Reforma da Igreja [...]. O Senhor não me permitirá ouvir que você está morto, mas lhe permitirá sobreviver. Por isso, eu oro, essa é a minha vontade e, que minha vontade seja feita, porque busco glorificar o nome de Deus” (HALLERBY, 1960, p. 131-132).
      Essas palavras pode parecer-nos prepotentes, visto em que vivemos numa época de mais cautela, mas, sem dúvida, elas vieram de Deus. Isso porque, embora Micônio já tivesse perdido a habilidade de falar quando a carta de Lutero Chegou, em cujo espaço de tempo, ele reviveu, recuperando-se completamente e vivendo mais seis anos.
      Nós nunca somos tão ousados em oração como quando olhamos na face de Deus e dizemos: “Pai, não oro por mim sobre isso e não quero que seja feita a minha vontade. Quero que o Teu nome seja glorificado. Glorifica-o nessa situação, na minha vida, e faze-o de tal forma que todos saberão que veio de Ti”. Amem?
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      Amados amigos, nós não temos um Deus como um Pai explosivo, rancoroso e cheio de ira. Mas, temos um Deus cheio de bondade e de amor por cada um de nós, independente da idoneidade moral e do caráter que carregamos nos nossos dia a dia. Confiemos, pois, e nunca tenhamos dúvidas quando a Ele orarmos, suplicando por algo que entendemos que pode ser da vontade dele.
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      Nosso próximo estudo, de nº 54, terá como tema: DEUS FALANDO CONOSCO.

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