sábado, 15 de agosto de 2015

ESTUDO DE TEOLOGIA - PUBLICAÇÃO Nº 10

Estudo Do Livro Fundamentos da Fé Cristã  Nº 10
     Um manual de Teologia ao alcance de todos.
          James Montgomery Boice – Cap. 05
      OS DEZ MANDAMENTOS E O AMOR A DEUS.
                            1ª Parte
É enganoso, e até errado, considerar os Dez Mandamentos como totalidade, ou mesmo como a parte mais importante, da Lei. A Lei é uma unidade, e nada, seja no Antigo ou no Novo Testamento, justifica esse isolamento do Decálogo, que ocorreu em alguns dos escritos da Igreja. Os Dez Mandamentos assumiram essa importância toda por causa do seu valor no doutrinamento bíblico. Ainda assim, deveriam ser estudados com cuidado por diversas razões.
Em primeiro lugar, essa discussão ajuda a transportar a Lei de uma posição abstrata que ele muitas vezes parece ter para assuntos específicos. Para a Lei preencher sua função primária de convencer-nos do pecado, ela deve convencer-nos de pecados particulares, dos quais somos todos culpados. Reconhecer “eu sou um pecador” pode significar pouco mais do que “eu não sou perfeito”. Todavia, é uma coisa bem diferente admitir “eu sou um idólatra, um assassino, um adúltero, um ladrão”, e por aí afora. É nesse sentido que a Lei deve ser aplicada.
Em segundo lugar, os Dez Mandamentos tem um valor especial porque são abrangentes. Na maioria das listas protestantes, as primeiras quatro áreas de alcance do Cristo são cobertas por Seu primeiro e grande mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento”. (Mt 22:37). Os seis mandamentos restantes tratam da segunda área de responsabilidade: “Amará o teu próximo como a ti mesmo” (V.39).
Vale notar que no catolicismo medieval a lista foi organizada colocando três mandamentos na primeira categoria e sete na segunda.
Quando nos voltamos para os mandamentos específicos no Decálogo, não podemos esquecer seu conceito mais amplo.  Devemos ter cuidado para interpretar cada mandamento à luz da revelação bíblica completa. É necessário aplicar a seguinte diretriz:
1º. Os mandamentos não estão restritos às ações externas, mas também se aplicam às  inclinações da mente e do coração. A lei humana está relacionada apenas com as ações externas, porque seres humanos não podem enxergar o coração dos outros. Todavia, Deus, que pode enxergar o interior, e também das motivações.
No Sermão do Monte, Jesus ensinou que o sexto mandamento proíbe a raiva e o ódio da mesma forma que proíbe o ato de matar (Mt 5:21,22), e que o sétimo mandamento proíbe o desejo lascivo da mesma forma que proíbe o adultério (Mt 5:27-30). O apóstolo João corroborou essa visão em sua primeira epístola, afirmando que qualquer que aborrecer a seu irmão é homicida (1Jo 3:15).
2º. Os mandamentos sempre contém interpretações amplificadas. O mandamento para honrar pai e mãe poderia ser interpretado como apenas expressar respeito e não falar mal deles. Mas isso é muito pouco, uma vez que Jesus ensinou que o mandamento inclui a nossa obrigação de alimentá-los financeiramente na sua velhice (Mt 15:3-6). Em outras palavras, o mandamento se refere a tudo que puder ser feito em favor de nossos pais sob a luz do segundo maior mandamento.
3º. Um mandamento expresso em linguagem positiva também envolve a negativa, e um mandamento negativo também envolve o positivo. Assim, como somos ensinados a não usar o nome do Senhor em vão, devemos entender que a obrigação também funciona em direção contrária, ou seja, a Palavra nos manda reverenciar o Seu nome (Dt 28:58; Sl 3; Mt 6:9). O mandamento que proíbe matar não significa apenas que não devo matar ou odiar o meu próximo, mas também que devo fazer tudo o que eu puder para o bem dele (Lv 18:19).
4º. A Lei é um todo em que cada mandamento está relacionado com os outros. Não podemos cumprir algumas da obrigações listadas, pensando que com isso estamos isentos de cumprir as demais. “Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um ponto tornou-se culpado de todos” (Tg 2:10; compare com Dt 27:25).
PRIMEIRO MANDAMENTO NÃO ADORAR NENHUM OUTRO DEUS SENÃO O SENHOR.
O primeiro mandamento começa por onde realmente deveria, ou seja, nosso relacionamento. Ele é um convite a adoração exclusiva e piedosa. “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa de escravidão. Não terás outros deuses Dante de mim”. (Ex 20:2,3).
Adorar qualquer coisa além do Senhor da Bíblia é desobedecer a esse mandamento. Como devemos cumprir esse mandamento? John Stott escreveu:
“ Cumprir o primeiro mandamento seria para nós, como disse Jesus, amar o Senhor nosso Deus com todo o coração, com toda a nossa alma e com toda a nossa mente (Mt 23:37); seria enxergarmos todas as coisas a partir desse ponto de vista, e não fazermos nada sem ligação com Ele; fazendo da vontade de Deus o nosso guia e da Sua glória a nossa meta; colocá-lo em primeiro lugar nos pensamentos, palavras e obras, nos negócios e no lazer, nas amizades e no locai de trabalho, no uso de nosso dinheiro, nosso tempo e nossos talentos, na rua ou em casa [...] porém, nenhuma pessoas além de Jesus de Nazaré conseguiu cumprir esse mandamento”. (John Stott).
Quem é o verdadeiro Deus está expresso nas palavras: “Eu sou o Senhor, teu Deus”. Em hebraico, as palavras são Yaweh Eloheka. Deus não tem começo nem fim: “Eu sou o que sou (Ex 3:14). Ninguém o criou. Ele não deve satisfação a ninguém e não depende de ninguém para nada.
Não há ninguém que não  seja abençoado por Deus, com livramento em alguma área, ainda que permaneça sem consciência disso ou que não reconheça Deus como a fonte. O chamado de Deus a Abraão para que deixasse a terra de Ur foi um chamado para servir o Senhor, em vez de continuar servindo a deuses sem nenhum valor da Mesopotâmia (Js 24:2,3).
Contudo, será que nos adoramos a Deus com intensidade por causa disso? Logo, o primeiro mandamento nos joga na cara o quanto somos ingratos, desobedientes, rebeldes e governados pelo pecado.
SEGUNDOP MANDAMENTO: NÃO CRIAR IMAGENS DE ESCULTURAS PARA ADORAÇÃO.
O primeiro mandamento lida com o objeto único de nossa adoração a qualquer falso deus. O segundo mandamento lida com a maneira como adoramos, proibindo-nos de adorar até o verdadeiro Deus de forma indigna. É o clamor pela adoração espiritual.
“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra. Não se encurvará a elas nem as servirás, porque eu, op Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos”. (Exodo 20:4-6).
Se esse mandamento for olhado à parte do primeiro mandamento, ele parece apenas uma proibição à adoração a ídolos. Nós traçamos essa progressão: primeiro Deus proíbe a adoração a outros deuses; depois, Ele proíbe a adoração si mesmo por meio de imagens.
O que há de errado em usar imagens na adoração se eles forem úteis. Algumas pessoas defendem que as imagens ajudam a focalizar sua intenção na adoração. Contudo, ainda que elas estejam enganadas, que prejuízo isso pode causar?
Há duas respostas para essa pergunta. A primeira é simplesmente que “imagens desonram a Deus” (Packer). A imagens desonram a Deus porque elas turvam a Sua glória. É claro que um adorador de imagem não pensa assim – ele acredita que a imagem representa um aspecto valioso da glória de Deus. Entretanto, nada material pode representar apropriadamente as virtudes do Senhor. Quando Arão criou um ídolo, um bezerro de ouro, e identificou o ídolo como o Deus que tirou o povo do Egito (Ex 32:5). Com isso eles estavam rebaixando seu Deus, grande e verdadeiro, a categoria de deuses impotentes do Egito. Quando Deus transformou as águas do Nilo em sangue, Deus mostrou o seu poder sobre os deuses Dio Nilo – Osiris, Hapimon e Tauret. Ao produzir uma abundância de rãs. Deus mostrou o seu poder sobre a deusa Hekt que sempre era representada com a cabeça e o corpo de uma rã. O juízo sobre a terra mostrou a supremacia de Deus sobre Geb, o deus da terra.
A segunda razão por que estamos proibindo de adorar o Deus verdadeiro por meio de imagens é que “imagens enganam o adorador”, como Packer também comentou. Logo o exemplo do bezerro de Arão, o resultado da festa esteve longe da santidade que Deus transmitia a Moisés no alto do Monte Sinai naquela hora. Nós, devemos adorar a Deus, desejando-o e esforçando para conhecê-lo e adorá-lo, não nos desviando dele fazendo deuses (estátuas) de nossa própria invenção. O apóstolo Paulo falou sobre isso, em Romanos 1:21-23: “Portanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças: antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória de Deus incorruptível e semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”.

TERCEIRO MANDAMENTO: SANTIFICAR O SANTO NOME DO SENHOR.
“Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que é tomar o seu nome e vão”. (Exodo 20:7).
Este Terceiro Mandamento é para ser considerado com a seguinte frase do Pai-Nosso, oração usada por Jesus como modelo para ensinar os discípulos a orarem: santificado seja o teu nome (Mt 6:9). O nome do Senhor representa a Sua natureza. Logo, desonrar esse nome é  desonrar o Senhor, e santificar esse nome significa honrar o Senhor. Uma vez que os vários nomes de Deus representam Seus muitos atributos de valor e dignidade, nós santificamos Seu nome quando honramos algum aspecto de seu caráter. Calvino declarou:
“Em minha opinião devemos observar com diligência três pontos seguintes: primeiro, o conceito que temos de Deus. O que a nossa boca pronuncia dever ter o perfume de Sua excelência, estar a altura de Seu santo nome, e servir para glorificar a Sua grandeza.                  Segundo, não devemos difamar, de forma imprudente ou perversa, adulterar Sua santa Palavra e os mistérios de adoração, seja para satisfazer nossas ambições, cobiças ou distrações; contudo a dignidade de Seu nome deve sempre ser honrada entre nós.                  Por fim, não devemos difamar ou caluniar suas obras, como os homens miseráveis que se acostumaram a vociferar contra elas; ao contrário, sempre que reconhecermos sendo feitas por Ele, devemos falar delas com louvor, exaltando a sua sabedoria, retidão e bondade. Isso é o que significa santificar o nome de Deus”. (Calvino).
Os vários nomes de Deus tem significado específicos. Elohim é o seu nome bíblico mais comum. Elohim é o Deus criador de tudo o que há.                                    Elohim criou o sol, a lua e os planetas. Ele criou a terra, cobrindo-a com vegetação e povoando-a com peixes e animais. Ele fez o homem e a mulher. Ele fez você. Contudo, você o honra como seu Criador? Senão, você também desonra o Seu nome e desobedece o Seu ao terceiro mandamento.
Outro nome de Deus e El Elion que significa Deus altíssimo. Ele aparece pela primeira vez no relato do encontro de Abraão com Melquisedeque, depois de sua batalha contra os reis e do resgate de Ló. Melquisedeque era sacerdote do Deus altíssimo. (Gn 14:18).
Já o termo Yahweh é traduzido por EU SOU O QUE SOU, Aponta para a auto-existências, ou auto-suficiência e a eternidade de Deus. Esse nome de Deus foi usado na revelação de Deus por si mesmo como Redentor, por exemplo, a Moisés diante da libertação do povo de Israel do Egito.
No entanto, Deus é também conhecido como: Yhaveh Jiré, o Deus provedor; é o Yhaveh Tsebaoh, o Senhor dos exércitos; Ele é o Pai, o Filho e  o Espírito Santo; é o Alfa e o Ômega; é o Anciãos de Dias sentado em Seu trono no céu; é o nosso Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz.
O Senhor é a nossa rocha e castelo forte onde refugiamos e estamos seguros; ele é o Caminho, a Verdade e a Vida; é a luz do mundo; é o pão da vida; é a ressurreição e vida; o bom, o grande e o sumo pastor; Ele é o Deus de Abraão, de Isque e de Jacó, de José, Moisés e Davi, assim como o Deus de Débora, Ana, Ester. Ele é o Deus dos escritores do Antigo e do Novo Testamento, dos profetas e de todos os apóstolos; é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis.


NB: O QUARTO MANDAMENTO e os seguintes serão publicados seus conteúdos para o próximo sábado. Fiquem em paz e que Deus vos abençoe agora e sempre. Erleu Fernandes.

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