sábado, 8 de agosto de 2015

ESTUDO DO LIVRO DE TEOLOGIA - Nº 9

    Estudo Do Livro Fundamentos da Fé Cristã  Nº 09
     Um manual de Teologia ao alcance de todos.
          James Montgomery Boice – Cap. 04
            O PROPÓSITO DA LEI DE DEUS

Uma coisa é afirmar uma doutrina, outra coisa é estar convencido dela e mudar a vida por causa dela. Isso é verdadeiro em qualquer ensino bíblico, porém mais verdadeiro ainda em relação à doutrina da Queda e do pecado humano. Esse são ensinamentos difíceis de digerir e que não aceitamos de imediato. Por isso, Deus parece estender-se bastante para nos convencer deles.
O principal meio escolhido por Deus para revelar o pecado e o pecador é a Sua Lei, registrada nas Escrituras, e a revelação é o propósito primário da Lei. Uma visão comum da Lei é que o seu propósito é ensinar-nos como sermos bons. Todavia, essa não é a ênfase da Bíblia.
A verdade que a Lei instrui aos ímpios para que se abstenham de praticar o mal, e ela ensina também aos cristãos a expressão da vontade e do caráter de Deus, para que possam formar-se na vida cristã. Contudo, o objetivo principal da Lei é convencer-nos de que somos pecadores e precisamos de um Salvador. E de conduzir-nos à Ele.
Alguém já disse que somos pecadores aos olhos de Deus de três maneiras. Somos pecadores de por nascimento, herdamos o pecado e a culpa de Adão; por escolha, repetindo por vontade própria os pecados de nossos antepassados; e por veredicto divino. É pela Lei que o decreto é transmitido à nós. A Lei é o padrão de Deus diante do qual nos sentimos todos pequenos e, ou somos condenados por ela, ou somos dirigidos para o Salvador.
DEFININDO A LEI.
O que é a Lei de Deus? Essa não é uma pergunta fácil de responder, como podemos supor de início. O conceito da Lei é complexo e difícil de absolver. Temos uma dimensão do problema até mesmo nos dicionários. Por exemplo, o abrangente dicionário em Inglês de Oxford lista 23 definições da palavra lei.  O mais limitado Dicionário Webster, por sua vez, lista 9 significados, mais um extenso parágrafo de sinônimos.
São a perspectiva bíblica, está escrito no Webster: A lei  judaica ou mosaica contida no Hexateuco, o Pentateuco mais Josué, em Ezequiel 40 – 48, e, na terminologia cristã, o Antigo Testamento”.
O significado bíblico é o que nos interessa neste estudo, entretanto mesmo assim o tema não é simples. Há variações tanto na utilização do Antigo Testamento como nas aplicações com distinções diferentes no Novo Testamento. No Antigo Testamento a utilização mais simples para a palavra lei é para o livro da Lei, identificado como o livro do Deuteronômio, e, na forma mais específica, como decálogo ou Dez mandamentos, que são o cerne da Lei judaica.
Essa Lei foi escrita em tábuas depois que o povo atravessou o rio Jordão no início de suas conquistas (Dt 27:2,3), as quais eram mantidas na arca da aliança, no interior do tabernáculo. Mais tarde, a Lei passou a abranger os cinco primeiros livros do Antigo Testamento, o Pentateuco, também chamado de Torá. Isso teria peso de lei nos livros históricos para os quais a lei primitiva projetou-se. (1Cr 16:40; 22:12).
Logo o conceito se expandiu bastante. A frase a lei e os profetas, que aparece com freqüência no Novo Testamento, porém que estava em uso antes daquele tempo, sugere que a Lei é a totalidade do Antigo Testamento com exceção dos livros proféticos. No caso dos Salmos, a palavra parece ir além, até mesmo para estipular a revelação divina em geral (Sl 1:2; 19:7-9; 94:12).
Nas referências exclusivas do Novo Testamento, e especial nos escritos de Paulo, aqueles quatro significados [de lei] do Antigo Testamento, são, ao mesmo tempo, alargados e estreitados. Assim, por um lado, a lei pode referi-se meramente a um inciso único da Lei, como Romanos 7:3 – mas, morto o marido, [ela a mulher] livre está da Lei.
Por outro lado, pode referir-se a um conceito da lei tão amplo que até os gentios podem balizar-se por ele. De maneira que, quando os gentios que não tem lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmo são lei (Rm 2:14).
Nos escritos polêmicos de Paulo, lei pode até mesmo se referir aos estatutos da Lei pelos quais ninguém pode ser justificado para salvação (Gl 2:15,16; 3:2,5).
No entanto, o que representa a variedade de definições no uso que a Bíblia faz da palavra da lei? Se as várias definições fossem contraditórias, isso poderia mostrar que a Bíblia não fornece uma definição universal aceita do que a lei é. Contudo não há contradição.
Em outras palavras, a definição importante é que a Lei é uma expressão do caráter de Deus, e é, portanto, uma unidade, como Ele próprio é uma unidade, apesar de várias expressões particulares dela.
RESTRINGINDO O MAL
Porque foi dada a Lei escrita? Já sugerimos duas respostas para essa pergunta: para nos convencer do pecado e para nos apontar o Senhor Jesus Cristo como Salvador. Podemos argumentar que a Lei foi dada a Israel não para todas as nações. Isso seria um erro por dois motivos. Primeiro: - passaria por cima do fato que nem todo os Israel eram salvos; a salvação sempre alcançou os remanescentes, em vez do povo como um todo. Todavia, salvos ou não, eles estavam debaixo do que era para eles pelo menos uma lei civil, que proibia certas coisas e afixava certas penalidades.
Segundo: - Isso ignoraria a similaridade entre a Lei de Israel e as melhores leis das antigas nações gentias. Essa similaridade demonstra que, embora a Lei do Antigo Testamento a mais pura expressão do caráter santo de Deus, ainda assim o caráter de Deus também foi manifesto na consciência moral geral, ainda que de forma enfraquecida.
A conclusão é que há algum valor na Lei para os não cristãos, independente da operação do Espírito Santo, pela qual todos são levados ao arrependimento do pecado e a fé em Cristo.
Como declarou Calvino sobre isso:
Uma função da lei é [...] pelo medo da punição, intimidar certos homens que não se importam com o que é justo e certo, a não ser que sejam compelidos (intimidados) pelas ameaças da lei, acrescentando que essa justiça forçada e restritiva é necessária para a comunidade dos homens, para que se garanta aquela tranqüilidade que o Senhor providenciou quando se preocupou para que as coisas não fossem tão confusas e tumultuadas” (Calvino).
Já Paulo, parece está falando dessa função da Lei ao escrever a Timóteo:
“Sabendo isso: que a Lei não é feita para os justos, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e religiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina”. (1Tm 1:9,10).
A lei é boa porque é uma expressão do caráter de Deus. Todavia, essa não é a base para o relacionamento entre Ele e o ser humano. Trata-se de uma coisa interina. Assim como houve um tempo em que a Lei escrita não tinha sido manifesta, talvez haja um tempo em que não haja mais necessidade dela.
REVELANDO O MAL.
Uma segunda função da Lei é revelar o pecado e o pecador como tal. Vejamos o que Paulo escreveu: “Mas eu não conheci pecado senão pela lei: porque eu não conhecia a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás”. Rm 7:7).
Também nos fala Paulo: “A fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno”. (Rm 7:13).
Breves resumos da Lei ocorrem em toda a Bíblia. Uma pessoa perguntou a Jesus qual era o maior entre todos os mandamentos da Lei. Jesus respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento (Mt 22:37) numa referência a Dt 6:5). Ele então acrescentou: E o segundo é semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mt 22:39, numa referência a Lv 19:18)”.
Contudo, a dura realidade é que não amamos a Deus de todo o nosso coração, nossa alma e nosso pensamento, que não amamos o nosso próximo como amamos a nós mesmos.
Metade do Decálogo trata de nossa relação com Deus, assim como Jesus resume o primeiro mandamento. Essa meta nos mostra que devemos adorar somente a Ele e não devemos ter ídolos, antes, devemos respeitar o Seu santo nome e guardar o sábado (domingo, depois da ressurreição de Cristo).
A segunda metade do Decálogo fala do relacionamento que devemos ter com os outros, como sintetiza o segundo mandamento apontado por Jesus. Ela nos fala para honrar nossos pais, não matar, não adulterar, não roubar, não mentir, e não cobiçar qualquer coisa que seja de outras pessoas. Pena, que não é assim que nos comportamos. Portanto a Lei expõe os nossos pecados e deixa-nos despidos diante de Deus.
A função da Lei de expor o pecado foi demonstrada no decorrer da história na época em que a Lei foi dada. Alguns, podem até objetar nesse ponto, que a expectativa de Deus para que vivamos em seus padrões de retidão é injusta. Em vez disso, mais do que a ‘regra de ouro’: “portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fezei-lho também vós” (Mt 7:12). Não disse Jesus: Porque esta é a Lei e os profetas?
Contudo, observemos bem, à parte dessa consideração, respondendo que, em certo sentido, não importa porque padrões nós seremos julgados, uma vez que estamos condenados também pela ‘regra de ouro’, porque não fazemos aos outros tudo o que gostaríamos que fosse feito a nós. E, o que colocar nos padrões mais baixos? O que afirmar dos padrões complacente do “eu não faço mal a ninguém”? Porque não tratar as pessoas com delicadeza? Não fazemos isso? Por acaso, sempre tratamos as pessoas com a mesma medida de delicadeza que aplicaríamos se estivéssemos interessados em alguma coisa da parte dela? Todos nós sabemos que não agimos dessa forma, pelo menos não o tempo todo.
Ainda sobre a Lei Calvino ressaltou: “A Lei é, de fato, um espelho, no qual nós contemplamos nossa fraqueza e a iniqüidade que emerge dele, e por fim a maldição que procede de ambas – assim como um espelho nos mostra as manchas em nosso rosto”. (Calvino).
O Apóstolo Paulo declarou: “Ora, nós sabemos que tudo o que a Lei diz aos que estão debaixo da Lei o diz, para que toda boca esteja fechada a tudo e todo mundo  seja condenável diante de Deus. Por isso, nenhuma carne será justificada diante dEle pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”. (Rm 3:19,20).
            O EVANGELHO DA LEI. (Ultima parte)
Embora a função principal de Lei seja expor o pecado, ela não foi dada para que Deus se deliciasse quando suas criaturas rebeldes se visse como pecadoras e fosses rejeitadas  por Ele, Deus “não esfrega as suas mãos” e declara: “Bem, pelo menos eles sabem o quanto são pecadores”.
Não! Mesmo assim com a revelação do pecado, um propósito mais simples da Lei fica evidente que, tendo descoberto o seu pecado, as pessoas possam voltar-se para Cristo para serem limpas. O espelho foi providenciado, de forma que, ao verem a sujeira de seu rosto, as pessoas passarão do espelho para a água e o sabão, com as quais  a sujeira pode ser limpa.
A lei, nesse sentido, inclui não as proibições diante das quais somos condenados, mas também as promessas de uma perfeita salvação.
Quando o Senhor escolheu Moisés como ensinador da Lei, Ele também escolheu Arão para ser o sumo sacerdote. É como Deus, no momento que se revelou no Decálogo, prosseguisse afirmando calmamente: “Não farás [...], porém eu sei que vocês farão e aqui está o caminho para sair desse enrascada”.
Todos os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam numa ou noutra direção para a vinda do Senhor Jesus Cristo. Todavia, o significado do sacrifício de Cristo ficou claro nas instruções para os dois sacrifícios a serem feitos em Israel no Dia da  Expiação.
No primeiro, um bode era levado a Arão ou ao sacerdote que o sucedeu. O sacerdote colocava suas mãos na cabeça do animal identificando ele próprio e o povo que ele representava com o bode. Ele confessava os pecados do povo em oração, como que transferindo de forma simbólica os pecados para o animal. Então o bode era levado para campo aberto para ser morto.
A Bíblia descreve assim aquela cerimônia: “Assim, o bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária, e o homem enviará o bode ao deserto”. (Lv 16:22).
O sacrifício aponta para Jesus, que, como o bode, padeceu fora da porta para nos lavar das nossas iniqüidades. (Hb 13:12).
O segundo sacrifício era feito no átrio do templo, de onde o sangue era levado para o Santo dos Santos para ser aspergido sobre a arca da aliança. O lugar onde o sangue devia ser colocado era simbólico (como, aliás, todo o ritual); era chamado de propiciatório. Estando na cobertura da arca, o propiciatório ficava entre as tábuas da pedra da Lei de Moisés (no interior da arca) e no espaço entre as asas estendidas dos querubins sobre a arca (simbolizando o lugar da morada de Deus).
No entanto, o sacrifício é realizado; o sumo sacerdote entra no Santo dos Santos e deposita o sangue da vítima inocente sobre o propiciatório (que simboliza o sangue de Cristo), que fica entre Deus (com Sua santidade) e nós (com nossos pecados). Houve a substituição. Um inocente morreu no lugar dos que deveriam ser mortos, e a prova disso é o sangue ali aspergido. A ira é desviada. Agora Deus contempla os pecados com graça.
Contudo, seja qual fosse o nível de entendimento, daquele tempo, o propósito da lei era claro: revelar o pecado e apontar para a vinda do Senhor Jesus Cristo, como Salvador.
Antes de Deus nos dar as boas novas do evangelho, Ele nos instruiu com a Lei. No entanto, quando fez isso, Ele mostrou que a Lei contém em si mesma o evangelho – e que nos conduz a Ele.
E assim encerramos o Capítulo quatro. Deixo com cada um dos amigos e irmãos a bênção de Deus Pai do Céu. Que o Senhor vos abençoe e vos guarde. Que Ele volte para cada um a Sua face e vos dê a Sua paz. Que vos abençoe o Pai, o Filho e o Espírito Santos. Amem?
.........................................................

Próximo assunto para o próximo sábado é:


OS DEZ MANDAMENTOS E O AMOR A DEUS
......................................................

Fiquem em paz. E que Deus vos abençoe.

À vocês, papais, assim como eu, tenham um 

feliz DIA DOS PAIS.

0 comentários:

Postar um comentário